Mulher-Maravilha (Wonder Woman, 2017) de Patty Jenkins
Depois do do morno Homem de Aço (2013), do espetáculo vazio de Batman Vs. Superman e do infame Esquadrão Suicida, ambos de 2016, a DC finalmente acertou em um filme do seu ‘Universo Estendido’ de super-heróis. Não que isso seja uma grande façanha, porém, apesar de suas falhas, que são bem inferiores às suas qualidades, a coroa não podia estar em melhor mãos. Mulher-Maravilha (Wonder Woman, 2017) de Patty Jenkins, o primeiro filme protagonizado por uma heroína em mais de 10 anos, é uma maravilha.
Cumprindo muito bem o papel de filme de origem, vamos acompanhar a jornada de como a pequena Diana se tornou a Mulher-Maravilha. A partir de treinamentos incessantes na ilha de Themyscira, passando pela descoberta dos seus poderes, o desafio de uma missão no mundo dos homens, e a eclosão do heroísmo interior, Diana Prince (Gal Gadot) é talhada pelo amor que lhe move e assume a missão de proteger os fracos e oprimidos.
E o enredo funciona exatamente nesse sentido. Estamos na Primeira Guerra Mundial, e um espião americano, Steve Trevor (Chris Pine) cai em sua ilha após empreender fuga em um avião nazista. Trazendo com ele os alemães, que estão em sua caçada, o confronto com as amazonas ascende em Diana a vontade de lutar no front. Na companhia do militar americano, ele tentará impedir que uma bomba nazista acabe com as chances de paz.
Elenco
À frente do elenco, Gal Gadot (Velozes e Furiosos 4, 5 e 6) impressiona positivamente em presença de cena. Impossível não grudar os olhos nela quanto está dentro do quadro. Seu tempo de comédia (com Chris Pine) é bom, mas quando se trata de sentimentos mais pesados, nem tanto. Só seria melhor mesmo, se a sua parte dramática acompanhasse o vigor físico e seu carisma. O piloto espião é construído por Chris Pine (Star Trek) na medida certa, com espaço para o charme, o timming para comédia e a aventura. Ponto para o “casal” em cena.
No apoio (e que apoio), a lista é boa. Connie Nielsen (Gladiador, 2000) – a mamãe Maravilha – e Robin Wright (House of Cards), a tutora atlética de Diana, disputam para quem tem mais “poder” na ilha de Themyscira, Uma detém o poder político, e a Rainha, e a outra, a general do exército de Amazonas. Elena Anaya (A Pele que Habito, 2011) está assustadora, como a maléfica cientista Dr. Maru, enquanto seu comparsa nazista, Danny Huston (Grandes Olhos, 2014), desfila aquele velho sentimento vilanesco em cena. Para completar, David Thewlis (Teoria de Tudo, 2014), como um necessário Sr. Patrick.
Roteiro
A grande força de seu roteiro, é o de unir suas várias histórias (ou questões paralelas), de forma orgânica, sem solavancos ou alguma forçação de barra. Temos a abordagem de Diana como a sua inadequação social e de costumes no início dos anos 1900; o flerte natural entre a Princesa Amazona e o piloto espião; sem esquecer de sua missão, com foco em acabar com o general alemão Ludendorff (Danny Huston), e sua cientista Dr. Maru (Elena Anaya).
O que podemos listar sobre suas falhas, não ofusca o resultado final da adaptação da personagem das HQs. Em se tratando do métier de Zack Snyder – diretor e produtor de BVS, produtor de Esquadrão Suicida, e diretor e produtor de Homem de Aço (2013), além de ser o autor da história que deu base ao roteiro de Mulher-Maravilha, além de produzi-lo, e que assinara o vindouro Liga da Justiça – temos o tradicional exagero visual. Claro que temos um excesso de câmeras lentas, uso gigante de efeitos em parte das lutas, e um confronto final repetitivo para filmes de quadrinhos/heróis, são os mais representativos.
Acompanhado de uma trilha incessante na tela (cortesia de Rupert Gregson-Williams, que acerta no tom do tema principal), Há também bons momentos aos fãs, como uma sequência que homenageia o Superman de 1978, quando põe os óculos de Clark Kent, e salva a vida de seu par em um beco, e o uso do laço da verdade de forma exemplar.
E claro, o olhar feminino da diretora Patty Jenkins (Monster: Desejo Assassino, 2003), que incute sua obra como um misto de ação de sentimentos, que trata sua protagonista como ela merece: uma heroína forte, destemida e poderosa (e porquê não, empoderada!), mas que acredita no amor e quer livrar o mundo da guerra.
Resultado
E é isso mesmo, Mulher-Maravilha (2017), primeira filme solo que adapta a personagem das histórias em quadrinhos criada por William Moulton Marston, em 1941, é uma delícia. Engraçado, emocionante, e que grita em grandes sequências de ação. Precisa mais do que isso? Talvez uns 20 minutos a menos e ponto final. Agora, pode mandar mais Mulher Maravilha no cinema, por favor.