1. Sing Street – Música e Sonho (Sing Street, 2016) de Jon Carney: Na Dublin (Irlanda) de 1985, Conor (Ferdia Walsh-Peelo) é um jovem obrigado a mudar para um colégio religioso, e passa a ter problemas com um valentão, e também com o padre coordenador, devido à sua disciplina rigorosa. Desiludido, Conor tem um sopro de esperança ao conhecer Raphina (Lucy Boynton), uma garota que está sempre à espera na porta da escola. Disposto a conquistá-la, ele diz que está montando uma banda de rock e a convida para estrelar um videoclipe. Com o convite aceito, agora ele precisa fazer com que a banda exista de verdade.
O diretor, roteirista e autor de muitas das canções da obra, tem o dom de assinar pequenas obras-primas do cinema, principalmente relacionado à música. Depois de Once (Apenas uma Vez, 2007) e Begin Again (Mesmo se Nada der Certo, 2013), chega esse belíssimo conto de como transgressão e rebeldia a favor da música, e consequentemente do amor. No clima dos hits, e a moda oitentista, nos deliciamos com sua nova história musical. Canções incríveis, clima cool, atuações leves em um resultado arrebatadoramente deliciante. Indicado ao Globo de Ouro de melhor filme (comédia ou musical).
2. Divinas (Divines, França/Quatar, 2016) de Houda Benyamina: Produção original da Netflix, o drama francês concorre ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro em 2017. Na obra, duas adolescentes que se tornam traficantes em um gueto francês. Dounia quer seguir os padrões do lugar onde mora e pretende se tornar uma traficante tão reconhecida e poderosa quanto Rebecca. Para isso, ela terá a ajuda de Maimouna, sua melhor amiga. A verdade é que Dounia não sabe onde está se metendo para tentar vencer na vida. Será que vale mesmo ir pelo caminho mais fácil? Entre as sequências de destaque, o confronto com a professora de boas maneiras & secretariado, o passeio lúdico em um carro com a melhor amiga, o passeio real com um conversível, a tensão sexual x o dinheiro, e o desespero do incêndio. Pesadíssimo, mas muito bom.
3. 13ª Emenda (13th, EUA, 2016) de Ava DuVernay: Documentário discute a décima terceira emenda à Constituição dos Estados Unidos – “Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado” – e seu terrível impacto na vida dos afro-americanos. Mostra a falência do sistema prisional americano ao fazer um paralelo entre a escravidão e as prisões em massas de negros. Produção original Netflix.
4. Descompensada (Trainwreck, EUA, 2015) de Judd Apatow: É o casamento perfeito. Um filme de Jud Apatow e a capacidade de Amy Schumer em fazer rir de sua vida. Hilário, desbocado, bonito e até romântico. Imperdível! 9/10 inspirado em algumas das experiências reais da protagonista, a comediante Amy Schumer, a trama, escrita por ela mesma, avança na história de uma mulher descompensada, que precisa colocar sua vida em ordem enquanto lida com o namorado, melhor amigo e os pais. Clique para ler a crítica completa.
5. Joe (Joe, EUA, 2013) de David Gordon Green: Joe Ransom (Nicolas Cage), um homem de meia idade que tenta esquecer seu passado. Um dia, conhece Gary (Tye Sheridan), um jovem de 15 anos que anda desesperadamente à procura de trabalho para sustentar a família. A partir desse momento, uma forte ligação afetiva nasce entre os dois, e Joe decide ser o protetor e mentor do jovem. Na linha tênue entre o lixo humano e os homens de bom coração, que trabalham duro no dia a dia, Joe quer apenas viver. Mas no microcosmo cercado de ódio, medo e ensopado de violência (física e mental), o clima de fim de linha aponta que o sentimento de tragédia é inevitável. Clique para ler a crítica completa.
6. O Fim da Tournê (The End of The Tour, EUA, 2015) de James Ponsoldt: O jornalista David Lipsky (Jesse Eisenberg) acompanha o escritor David Foster Wallace (Jason Segel) em uma viagem de cinco dias, durante uma turnê para a promoção do livro “Infinite Jest”, em 1996. Ao longo do caminho, jornalista acaba se aproximando emocionalmente de entrevistado, mas também o ciúme e o clima de competição surgem em suas discussões sobre mulheres, depressão e os prós e contras da fama. O resultado floresce uma história de amizade e sentimentos, que transforma solidão em compreensão.
7. Rastro de Maldade (Bone Tomahawk, EUA/Reino Unido, 2015) de S. Craig Zahler: Durante quase todo seu tempo de projeção o longa de estreia de S. Craig Zahler parece seguir os passos dos faroestes clássicos, sem grandes surpresas exceto a própria aderência à velha premissa dos “cowboys vs. índios” – tão antiquada que já havia caído em desuso antes mesmo do declínio dos westerns. Isso é, até o terceiro ato, quando o filme segue um desvio radical para outro gênero relativamente esquecido – e bem mais brutal. É esquisito, mas (e talvez por isso) incrível. Clique para ler a crítica completa.
8. Requisitos para ser una Persona Normal (Idem, Espanha, 2015) de Leticia Dolera: Desempregada e sem rumo na vida, a excêntrica María oferece um acordo ao divertido Borja: ela o ajuda a perder peso se ele ajudá-la a se tornar alguém mais convencional. Cult bacaninha, tem canções envolventes, montagem estilosa (o uso da lista em tela diverte e funciona pró trama) e química entre a esquisita perdidinha (Leticia Dolera) e o gordinho gente boa (Manuel Burque).
9. The Beach Boys – Uma História de Sucesso (Love & Mercy, 2014) de Bill Pohlad: Filme dramático com lampejos musicais, The Beach Boys apresenta um retrato não-convencional de Brian Wilson, o inconstante cantor, compositor e líder da banda. Com pano de fundo temos suas músicas, que marcaram uma era, e ainda investiga de perto a viagem pessoal e a derradeira salvação do ícone, cujo sucesso teve um preço pessoal extraordinário.
10. O Lagosta (The Lobster, 2016) de Yorgos Lanthimos: Situado em um futuro próximo, as pessoas são proibidas de viverem sozinhas. Caso sejam ou se tornem solteiras, são encaminhadas a um hotel especial. Lá são autorizadas a permanecer por até 45 dias e, com a oportunidade de encontrar um novo parceiro para toda a vida entre os próprios hóspedes. Caso não consiga, é transformada em um animal que a própria pessoa escolhe e, a partir de então, vive solta na natureza. Bizarro e interessante, deu a Colin Farrell uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator (comédia ou musical).
11. 7 años (7 años, Espanha, 2016) de Roger Gual: Quatro amigos enfrentam um dilema: um deles será preso por todos, mas o sacrifício deles precisa valer a pena. E você, estaria preparado para dar a sua vida pelo outro ou escolher entre um outro amigo? Produção original Netflix.
12. Bem-Vindos ao Meu Mundo (Welcome to Me, 2014) de Shira Piven: Alice Klieg (Kristen Wiig) ganha uma fortuna na loteria. Ela imediatamente compra um horário em um canal de TV, vai para um cassino e cria um talk show, que tem como principal tema sua própria vida. Mas Alice não é uma pessoa muito fácil, ela tem transtornos de personalidade e desde que foi premiada parou de tomar medicamentos e ir à terapia. Junção interessante de drama, comédia e transtornos, é um ótimo filme para se descobrir. Enquanto Kristen Wiig merece aplausos, o elenco de apoio acompanha bem as situações estranhas da trama. Clique para ler a crítica completa.
13. Especialista em Crise (Our Brand is Crisis, 2015) de David Gordon Green: Destilando humor negro, a comédia traz a dura e podre verdade por trás de uma campanha política. No caso, os bastidores de uma eleição presidencial na Bolívia, aos olhos de uma especialista americana. A estrategista política americana, Jane “Calamidade” (Sandra Bullock), não demora em assumir a dolorosa e cruel verdade para quem acompanha o jogo político. Contratada para fazer milagre na corrida presidencial onde o seu candidato, Castillo (Joaquim de Almeida), está em enorme desvantagem, Jane revê fantasmas do passado ao enfrentar seu maior rival, Pat Candy (Billy Bob Thornton), assessor que a derrotou em outras tantas oportunidades. Clique para ler a crítica completa.
14. Dope – Um Deslize Perigoso (Dope, 2015) de Rick Famuyiwa: Malcolm Adecombi (Shameik Moore) é um nerd que vive em um bairro violento em Los Angeles e se desdobra entre provas finais, admissões acadêmicas, audições de clássicos do hip-hop e ensaios de sua banda de rock. Certa noite comparece a uma festa e, após uma confusão, volta para casa com a mochila cheia de drogas, o que o leva a arriscar novas maneiras de se dar bem. Pequena pérola sobre um adolescente negro nerd e as suas dificuldades dentro da sociedade. Assinada por Pharrell Williams, a produção é dinâmica, tensa, engraçada e deliciosa.
Abro espaço para dois filmes não inéditos nos cinemas, mas que tiveram seu lançamento pela primeira vez em DVD do Brasil. Além de uma menção honrosa bem especial também.
15. Tucker: O Homem e seu Sonho (Tucker: The Man and His Dream, 1988) de Francis Ford Coppola: Até então inédito em DVD no Brasil, o drama biográfico teve seu pré lançamento compondo os itens do clube de assinatura da mistery box, Clube Box (em setembro). O drama acompanha a história real de Preston Tucker (Jeff Bridges), que criou o carro que levava seu nome. De aerodinâmica atraente, tinha design revolucionário para a época, além de seguro, rápido e econômico. Mas a história que parecia ser o sonho americano sofre uma reviravolta quando a empresa ameaça o monopólio já estabelecido pelas outras grandes indústrias do setor.
Projeto ambicioso e bem pessoal do diretor americano vencedor do Oscar por O Poderoso Chefão I e Parte II, Tucker foi produzido por George Lucas e traz no elenco Jeff Bridges, Joan Allen, Martin Landau, Christian Slater, Frederic Forrest, Mako e Elias Koteas. A obra ganhou um Globo de Ouro (Martin Landau, ator coadjuvante) e concorreu a três Oscar (Coadjuvante-Landau, Figurinos e Direção de Arte & Cenários).
16. O Corvo (The Crow, 1994) de Alex Proyas: Brandon Lee estrela seu último filme, baseado na série em quadrinhos de James O’Barr. Na trama, o músico Eric Draven e sua noiva são brutalmente assassinados no Halloween. Um ano depois, Eric volta do mundo dos mortos, se torna um anti-herói, e, guiado por um corvo parte em uma caçada de vingança.
A produção ficou marcada pela morte do seu astro (aos 28 anos), com filmagens interrompidas, e apenas após um acordo com a família Lee, concluída e lançada. Detalhe, a cena de sua morte está na edição final do DVD – até então inédito no Brasil – e é um lançamento exclusivo da Classicline aos assinantes do Clube Box (dezembro/janeiro).
Menção Honrosa: eu sei que não se trata de um filme, mas Strange Things (2016) tem de estar nesta lista! Série que bebe de inúmeras referências de obras dos anos 80 (Goonies, ET, O Enigma do Outro Mundo, e muitos outros), a primeira temporada de oito episódios voa rapidinho e apresenta a história de um garoto que desaparece misteriosamente. Enquanto a polícia, a família e os amigos procuram respostas, eles acabam mergulhando em um extraordinário mistério, envolvendo um experimento secreto do governo, forças sobrenaturais e uma garotinha muito, muito estranha. Que venha a segunda temporada, dessa produção original da Netflix, assinada por Duffner Brothers.