Recordista indicações ao Oscar, entre as nomeações de melhor atriz e atriz coadjuvante, Meryl Streep chegou a 20ª por sua atuação em Florence: Quem É Essa Mulher? (2016).
Vencedora de três estatuetas – melhor atriz por A Dama de Ferro (2011) e A Escolha de Sofia (1982), e coadjuvante por Kramer Vs. Kramer (1979) – Streep só perde em número de premiações para a eterna Katharine Hepburn, recordista com quatro estatuetas de melhor atriz por Manhã de Glória (1933), Adivinhe Quem Vem Para Jantar (1967), O Leão no Inverno (1968) e Num Lago Dourado (1981).
Agora o Clube Cinema passa a limpo todas suas indicações e vitórias, na lista abaixo:
Oscar 2017: concorre como melhor atriz Florence: Quem É Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins, 2016). Em ritmo de caricatura declarada, é uma comédia que diverte. Inofensiva, reconta a história da “pior cantora do mundo”. E em clima over, Meryl Streep ainda parece estar brincando de atuar. Suas fortíssimas concorrentes são as vencedoras do Globo de Ouro 2017, Isabelle Huppert (Elle) e Emma Stone (La La Land: Cantando Estações), respectivamente nas categorias drama e comédia ou musical, além de Natalie Portman (Jackie) e Ruth Negga (Loving: O Amor é Tudo).
Oscar 2015: indicada – atriz coadjuvante por Caminhos da Floresta (Into the Woods, 2014), um musical que adapta o espetáculo da Broadway de mesmo nome, que faz a junção de vários contos de fada em uma só história. A recepção foi morna, e sua nomeação no papel de Bruxa é mesmo pela matemática de força + presença em cena. Perdeu (merecidamente) para Patrícia Arquette em Boyhood: Da Infância à Juventude (2014). Outras nomeadas: Laura Dern (Livre) | Keira Knightley (O Jogo da Imitação) | Emma Stone (Birdman), todas com atuações superiores a de Streep.
Oscar 2014: indicada – melhor atriz por Álbum de Família (August: Osage County, 2013). Seu papel cheira a premiação – uma mãe de família que está morrendo de câncer, e exatamente por isso se entrega aos ‘prazeres’ das drogas que aliviam a sua dor. Perdeu fácil para Cate Blanchett, que levou sua segunda estatueta na pele da triste protagonista de Blue Jasmine (2013), assinado por Woody Allen. Poderia ter perdido também para o belo trabalho de renascimento espacial de Sandra Bullock em Gravidade (2013). As outras concorrentes foram as também melhores (naquele ano) Amy Adamas (Trapaça) e Judi Dench (Philomena).
Oscar 2012: venceu – melhor atriz por A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011). Para mim, uma atriz maior que o seu próprio filme. Apesar do contexto histórico ser forte e personagem retratada uma cinebiografada mais que importante politicamente, o drama não empolga. Como cinema é muito pouco, e Streep fica refém da caracterização (cabelos & maquiagem também venceu o Oscar), e um roteiro pobre.
Na minha opinião, não precisava ter ganho, e o prêmio poderia ter ido tanto para a ainda não vencedora do Oscar, Gleen Close – em papel masculinizado em Albert Nobbs (2011) – ou para a transformação de Rooney Mara como a hacker Lisbeth Salander no remake Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011). Completavam as concorrentes, Viola Davis (Histórias Cruzadas) e Michelle Williams (Sete Dias com Marilyn).
Oscar 2010: indicada – melhor atriz por Julie & Julia (2009). Uma deliciosa comédia dramática (e também romântica), sobre a relação gastronômica entre a Chef Julia Child (Streep maravilhosa) e a blogueira Julie (Amy Adams), iniciante na cozinha. E como é terrível ver que ela perdeu para Sandra Bullock, no péssimo Um Sonho Possível (2009). Outras concorrentes: Helen Mirren (A Última Estação) | Carey Mulligan (Educação) | Gabourey Sidibe (Preciosa).
Oscar 2009: indicada – melhor atriz por Dúvida (Doubt, 2008), em uma tremenda atuação como uma freira maligna, baseado na peça de mesmo nome. Kate Winslet tinha arrebentado muito, mais muito mais como a dona de casa desiludida com a felicidade em Foi Apenas um Sonho (2008), pela qual venceu o Globo de Ouro de melhor atriz (drama), mas sequer foi nomeada. Contudo, a Academia decidiu premiar naquele ano a mesma Kate Winslet por um papel menor, como uma analfabeta alemã no fraquinho O Leitor. Outras concorrentes: Melissa Leo (Rio Congelado) | Anne Hathaway (O Casamento de Rachel) | Angelina Jolie (A Troca).
Oscar 2007: indicada – melhor atriz por O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006), e pelo qual venceu o Globo de Ouro de melhor atriz (comédia ou musical). Sim, eu sei que bater Helen Mirren como a própria A Rainha (2006) era algo impensável. Seu papel era maleficamente saboroso, assim como sua atuação, mas o prêmio foi mesmo para a majestade. Outras concorrentes: Penélope Cruz (Volver) | Kate Winslet (Pecados Íntimos) | Judi Dench (Notas Sobre um Escândalo).
Oscar 2003: indicada – atriz coadjuvante por Adaptação (Adaptation, 2002), em um ano com concorrentes com uma grande variação artística. Grande vencedor da noite com seis Oscar (incluindo melhor filme), o musical Chicago (2002) carregava duas concorrentes ao prêmio, Queen Latifah e Catherine Zeta-Jones. A última venceu a estatueta, sem a aclamação da crítica, que estava entre Meryl Streep e Julianne Moore (As Horas). A lista fechava com Kathy Bates por As Confissões de Schimidt.
Oscar 2000: indicada – melhor atriz por Música do Coração (Music of the Heart, 1999), foi uma de suas indicações mais pelo peso de sua história e de seu nome, e menos pela atuação. Pelo menos três atuações foram superiores a sua, começando pela vencedora (e masculinizada) Hilary Swank em Meninos Não Choram (1999). As duas outras eram as extraordinárias Julianne Moore (Fim de Caso) e Annette Bening (Beleza Americana). Ainda na lista, a ótima Janet McTeer em Livre para Amar (1999).
Oscar 1999: indicada – melhor atriz Uma Amor Verdadeiro (One True Thing, 1998). Aqui a injustiça não foi nem com Streep, que está correta como uma mãe que descobre o câncer.
Uma das maiores bizarrices do Oscar foi premiar a bonequinha Gwyneth Paltrow por Shakespeare Apaixonado (1998), o grande vencedor daquele ano com sete estatuetas (melhor filme, atriz, atriz coadjuvante, roteiro original, direção de arte & cenários, trilha sonora-comédia e figurino), em detrimento de duas poderosas atuações: Cate Blanchett (Elizabeth) e a brasileira Fernanda Montenegro (Central do Brasil). A primeira havia vencido o Globo de Ouro de melhor atriz-drama, enquanto a segunda carregava o peso de ter vencido o Urso de Prata em Berlim de melhor atriz. Emily Watson completou a lista de nomeadas por Hilary & Jackie (1998).
Oscar 1996: indicada – melhor atriz por As Pontes de Madison (The Bridges of Madison County, 1995). Mais uma tocando atuação de Meryl Streep, como uma esposa de um fazendeiro que tem um caso extraconjugal com um fotógrafo da National Geographic (Clint Eastwood). Mas quem se deu melhor foi uma fabulosa Susan Saradon, em Os Últimos Passos de um Homem (1995). Também acredito que ainda não tinha como concorrer também com Elisabeth Shue (Despedida em Las Vegas) e a vencedora do Globo de Ouro-drama, Sharon Stone (Cassino). A quinta nomeada era Emma Thompson (Razão & Sensibilidade), filme que lhe deu o Oscar de roteiro adaptado.
Oscar 1991: indicada – melhor atriz por Lembranças de Hollywood (Postcards from the Edge, 1990), a biografia de Carrie Fisher. Aqui não tinha nem como vencer a incrível Kathy Bates, na pele de uma psicopata absoluta em Louca Obsessão (1990). Outras concorrentes: Julia Roberts (Uma Linda Mulher) | Anjelica Huston (Os Imorais) | Joanne Woodward (Cenas de uma Família).
Oscar 1989: indicada – melhor atriz por Um Grito no Escuro (Evil Angels, 1988), como uma mãe acusada de matar seu próprio bebê, baseado em uma história ocorrida na Austrália, ele venceu o prêmio de melhor atriz em Cannes. Em mais uma dura batalha pela estatueta, perdida para uma violentada Jodie Foster em Acusados (1988). Outras duas grandes performances perderam também, a vencedora do Globo de Ouro, Sigourney Weaver (Nas Montanhas dos Gorilas) e Glenn Close (Ligações Perigosas). Uma deliciosa Melanie Griffith, no igualmente divertido Uma Secretária de Futuro, pelo qual venceu o Globo de Ouro de melhor atriz comédia ou musical.
Oscar 1988: indicada – melhor atriz por Ironweed (1987), belíssimo drama dirigido por Hector Babenco sobre dois moradores de rua alcoólatras, distante de problemas do passado. Perdeu para Cher e seu mágico romance de sucesso, Feitiço da Lua (1987), e a concorrência ainda pesava também com as nomeadas Glenn Close (Atração Fatal) e Holly Hunter (Nos Bastidores da Notícia). Completava a lista, Sally Kirkland (Anna).
Oscar 1986: indicada – melhor atriz por Entre Dois Amores (Out of Africa, 1985), um romance que ganhou (quase) tudo naquele ano (melhor filme, diretor, roteiro adaptado, fotografia, trilha sonora, direção de arte & cenários e som), mas falhou em converter suas atuações em estatuetas. Melhor para a veteraníssima Geraldine Page, que levou o prêmio para casa com cara de conjunto da obra, por O Regresso para Bountiful. Outras nomeadas: Anne Bancroft (Agnes de Deus) | Whoopi Goldberg (A Cor Púrpura) | Jessica Lange (Um Sonho, Uma Lenda).
Oscar 1984: indicada – melhor atriz por Silkwood – O Retrato de uma Coragem (1983). Com uma atuação ainda mais poderosa que ano anterior, possivelmente não ganhou exatamente por conta do prêmio do ano anterior. A academia preferiu uma veterana (Shirley MacLaine) que protagonizou o vencedor de melhor filme (Laços de Ternura). Outras nomeadas: Debra Winger (Laços de Ternura) | Julie Walters (O Despertar de Rita) | Jane Alexander (Herança Nuclear).
Oscar 1983: venceu – melhor atriz por A Escolha de Sofia (Sophie’s Choice, 1982), na adaptação do livro homônimo. Foi um ano em que Meryl Streep esteve em todas as listas e ganhou quase todos os prêmios do ano. Mesmo assim a lista de concorrentes era impressionante, perceba: Julie Andrews (Victor ou Victoria) | Sissy Spacek (Desaparecido – Um Grande Mistério) | Jessica Lange (Frances) | Debra Winger (A Força do Destino).
Oscar 1982: indicada – melhor atriz por A Mulher do Tenente Francês (The French Lieutenant’s Woman, 1981), perdeu exatamente para a recordista, Katharine Hepburn (Num Lago Dourado, 1981), em sua última estatueta. Em um ano de grandes atuações, a lista de indicadas ainda trazia Diane Keaton (Reds), Susan Sarandon (Atlantic City) e Marsha Mason (O Doce Saber Sabor do Sorriso).
Oscar 1980: venceu – melhor atriz coadjuvante em Kramer vs. Kramer (Idem, 1979). O drama familiar sobre a separação, as dificuldades do pai, e a angústia vivida pela criança dividida foi o grande vencedor do ano, com cinco estatuetas (filme, diretor, ator-Dustin Hoffman, atriz coadjuvante-Meryl Streep, e roteiro adaptado), derrotando Apocalypse Now.
Questão que acontece ano após ano no Oscar, o papel de Streep poderia ser visto também como melhor atriz, conforme reconhecimento do BAFTA, por exemplo. Mas sua campanha apostou em uma vitória mais tranquila como coadjuvante, e deu certo. Outras indicadas: Jane Alexander (Kramer vs. Kramer) | Barbara Barrie (O Vencedor) | Candice Bergen (Encontros e Desencontros) | Mariel Hemingway (Manhattan).
Oscar 1979: indicada – atriz coadjuvante em O Franco Atirador (The Deer Hunter, 1978). Drama de guerra sobre um grupo de amigos que vai lutar no Vietnã. O filmaço venceu cinco Oscar, incluindo melhor filme e diretor, contudo, Meryl Streep (em sua primeira indicação) perdeu o prêmio para a veterana Maggie Smith (California Suite). Outras indicadas: Dyan Cannon (O Céu Pode Esperar) | Penelope Milford (Amargo Regresso) | Maureen Stapleton (Interiores).