Tom Cavalcante é um dos comediantes mais conhecidos do Brasil. Mas em Los Angeles ainda é mais um iniciante. Morador há um ano da cidade que abriga Hollywood, o cearense não mede esforços nem investimentos numa possível carreira internacional.
O brasileiro fez curso intensivo de inglês e workshops na New York Film Academy. Em paralelo escreveu um roteiro de uma comédia que envolve um romance entre um mafioso e a filha do chefe de polícia de Los Angeles. O próximo passo foi tirar a ideia do papel e contratar profissionais americanos (e alguns brasileiros), produzir e atuar na fita em tom de farsa cômica.
O Clube Cinema teve acesso com exclusividade ao média-metragem (de 31 minutos) – falado em inglês, intitulado “Pizza me, Mafia”, na qual assume o trabalho como um “piloto para um futuro longa-metragem nos EUA”. A trama é sobre uma família de mafiosos italianos, e um dos seus integrantes (Joe) se apaixona e quer pedir em casamento sua namorada (Mary), filha do chefe de polícia. No meio tempo Joe fica bêbado numa festa só com policiais, enquanto seu tio tenta fazer uma pizza e acaba inventando o kalzone.
Creditada a sua esposa também, a produção da comédia, saiu do próprio bolso de Tom Cavalcante, mas de valores não revelados. Com cenários e fotografia bem acertados, apresenta uma boa trilha sonora (de Lucas Lima), já a edição é um tanto televisiva e seu roteiro estanca no clichê.
No filme o comediante não perde a oportunidade de aparecer bastante, com direito a três papéis diferentes – a Mama; o ‘Poderoso Chefão’ Tom; e o protagonista, Joe. Mas após um começo promissor de Joe, sua atuação cai em mais do mesmo ao se transformar numa espécie de João Canabrava em inglês. É até engraçado acompanhar as suas pronúncias, mas não há novidade alguma e a trama aponta para um final previsível.
Dirigido por Gui Pereira, a fita já circula no mercado americano, mas restrito à agentes para avaliação, fato comum no meio hollywoodiano onde o ator se lança à disposição para algo do gênero de humor apresentado. E mesmo em se tratando de um filme sem mercado comercial, o brasileiro fez questão de lançá-lo com pompa, numa premiére com direito a tapete vermelho e exibição no cinema da Paramount, para 500 convidados.
Nos EUA, existe o forte mercado dos agentes, que geralmente contratam artistas promissores. Com Tom Cavalcante o caso foi o inverso e ele fechou com a mesma empresa que faz as relações públicas de Jim Carrey. Coincidentemente os comediantes se encontraram em outubro do ano passado, no lançamento do livro do americano, onde o brasileiro foi puro tiete, com direito até fotos. “O bate papo com Jim Carrey antes da foto posada foi bem divertido. Quando comediantes se encontram sempre rola uma cinergia” escreveu Tom Cavalcante em sua página pessoal do Facebook.
Mercadologicamente, Tom Cavalcante pode aproveitar o boom atual e investir numa comédia nacional, com seus números de bilheteria impressionantes, apesar da baixa qualidade das obras. Já nos EUA, se o comediante for depender do produto (multi-atuação e roteiro assinado) apresentado em “Pizza me, Mafia”, o caminho das oportunidades parece estar muito, muito distante.