Te Amarei Para Sempre (The Time Traveler´s Wife, 2009) de Robert Schwentke
O filme: você é capaz de reconhecer quando um amor é infinito? Henry DeTamble (Eric Bana) sim. A vida inteira ele conheceu Clare (Rachel McAdams). Da infância à fase adulta. Apaixonou-se desde o princípio. Mas não cresceu ao lado dele. De tempos em tempos apareceu e desapareceu de sua vida. Encontraram-se e reencontraram-se em todas as fases, em diferentes momentos. Idades diferentes, sentimentos iguais.
Como se explica todo esse embaraço? Simples e mágico: em decorrência de uma rara modificação genética, Henry é capaz de viajar no tempo. Parece até uma boa ideia, mas a questão é que suas viagens no tempo não são somente involuntárias, mas também inconstantes em tempo e espaço.
Porque assistir: adaptação de um do livro A Esposa do Viajante do Tempo de Audrey Niffenegger, o drama romântico que consegue envolver pela pura capacidade de emocionar verdadeiramente, com seu roteiro flutuante e não cronológico, mas bem amarrado por uma simples sensação: o amor.
Um grande acerto é de escolher atores em ascensão (Eric Bana e Rachel McAdams) e não estrelas como protagonistas. Ela (absurda de linda) tem algo mais que apenas um maravilhoso sorriso e um belo par de olhos. Seu encantamento é natural, macio. Simples e bonito de se sentir.
Sensível até a alma, reflete a construção dos sentimentos através de sentimentos latentes, expressos em cada olhar, gesto e respiração do casal de protagonistas. Mesmo sabendo da incapacidade de controle em relação às viagens no tempo de seu par, Clare atreve-se ao absurdo de amá-lo. Seja por um mês, uma semana, alguns dias ou mesmo apenas uma noite.
Melhores momentos: quando Bana se entregar aos anseios de seu personagem, sua sensibilidade deslancha, o resultado é uma explosão sentimental em cenas admiráveis. Suas conversas com Alba arrepiam até trincar, e seus (grandes) olhos hipnotizam de emoção. O elenco de apoio tem os competentes Ron Livingston (o amigo Gómez) e Stephen Tobolowsky (Dr. Kendrick).
Com efeitos especiais discretos, distribui um leque de emoções, não esbarrando apenas na improbabilidade emotiva e conjugal – que tem até seus momentos de sutilezas cômicas, como no casamento ou quando a noiva se revela a respeito de uma noite tórrida de amor – mas percorrendo também momentos familiares que desembocam em lágrimas certeiras.
A trilha segue mansa, acompanhando de forma tenra a sentimentalidade pulsante de sua história, assim como sua fotografia, limpa, clara e sentimental.
Pontos fracos: Eric Bana tem uma dificuldade inicial de encontrar o ponto de equilíbrio;
As idas e vindas no tempo podem atrapalhar a compreensão da história assim como um melhor aproveitamento do nível sentimental do romance.
Na prateleira da sua casa: o diretor Robert Schwentke assina o bom suspense Plano de Voo (2005); e o roteirista Bruce Joel Rubin e autor de Alucinações do Passado (1990) e venceu o Oscar de roteiro original por Ghost – Do Outro Lado da Vida (1990);
Um romance que aposta em tudo que parece estar num claro e medroso desuso no ser humano de hoje: aproveitar a vida, na forma como ela se oferece. È tão bonito que até brilha como novidade. Sorri como um tesouro reencontrado. Faz bem. Tenta ser apenas um sentido a ser sentido, a ser seguido.
E agora, assim como Henry (Bana), você é mesmo capaz de reconhecer quando um amor é infinito? Ao fim de Te Amarei Para Sempre acredite, você poderá responder e até mesmo reconhecer esse sentimento em si. Possivelmente com lágrimas nos olhos (de quem vive) e o coração batendo mais forte, destrambelhado nos sentimentos inexplicavelmente belos. E não é aí que reside à beleza das sensações?