“Pacarrete”, de Allan Deberton venceu sete categorias
A 26a edição do Prêmio Guarani do Cinema Brasileiro anunciou seus vencedores nas vinte e quatro categorias da premiação em live promovida pelo Papo de Cinema, no perfil do site no instagram (@papodecinema), na noite da última quarta-feira, 08 de dezembro. E o Filme do Ano foi Sertânia, de Geraldo Sarno. Indicado a um total de 13 categorias, foi premiado ainda como Melhor Direção, Som e Direção de Fotografia. Tanto Toninho Muricy, o técnico de som responsável, quanto Miguel Vassy, o diretor de fotografia do longa, estavam em suas segundas indicações na premiação, e obtiveram nesse ano suas primeiras vitórias. Já o mestre Geraldo Sarno, que não filmava um longa de ficção há mais de quatro décadas, teve aqui sua primeira indicação – e vitória.
O anúncio dos premiados foi feito pelo ator Christian Malheiros, vencedor do 25o Prêmio Guarani como Revelação Masculina por sua atuação em Sócrates (2019). Ao lado dele, como mestre de cerimônias, estava o editor-chefe do Papo de Cinema, o crítico de cinema Robledo Milani. Ao longo de mais de duas horas, o dois receberam convidados-surpresa, que apareceram para agradecer suas vitórias e comentar seus trabalhos que estavam sendo reconhecidos. A premiação contou com as presenças de Allan Deberton, Petrus Cariry, Barbara Paz, Marcélia Cartaxo, Zezita Matos, Jorge Bolani, João Miguel, Regis Myrupu, Anne Celestino Mota e Bárbara Cariry.
O filme mais premiado do ano, no entanto, foi Pacarrete, de Allan Deberton. Campeão de indicações – um total de 15 – se saiu vitorioso em sete categorias. As vitórias mais esperadas eram as de atuação: Marcélia Cartaxo foi a Melhor Atriz do ano (é a terceira vitória dela, que tinha ganho antes como coadjuvante por Madame Satã, em 2003, e por A História da Eternidade, em 2016), enquanto que João Miguel e Zezita Matos foram os melhores coadjuvantes da última temporada. Ele estava em sua nona indicação, e contava também com duas vitórias prévias: por Cinema, Aspirinas e Urubus, em 2006, e por Estômago, em 2007, ambas como protagonista. Já Zezita concorria ao Guarani pela segunda vez, e teve aqui sua primeira vitória.
Deberton foi responsável por duas conquistas do filme: Melhor Elenco, que coordenou ao lado de Icaro Costa-Paio e Christian Duurvoort, e Roteiro Original, escrito em conjunto com André Araújo, Natália Maia e Samuel Brasileiro. Pacarrete foi escolhido ainda como Melhor Figurino, para o trabalho de Chris Garrido, que fora premiada antes por Tatuagem, em 2014, e como Direção de Arte, para Rodrigo Frota (primeira indicação).
Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou (Melhor Documentário em Longa-metragem e Montagem) e Todos os Mortos (Melhor Maquiagem e Efeitos Visuais) foram premiados em duas categorias, enquanto que O Barco ganhou como Melhor Roteiro Adaptado. Fatos inéditos desse ano foi que, pela primeira vez, houve um empate: a categoria de Melhor Ator apontou Irandhir Santos (nona indicação e quinta vitória), por Fim de Festa (premiado também como Melhor Trilha Sonora), e o uruguaio Jorge Bolani (primeira indicação e vitória), por Aos Olhos de Ernesto. Esta foi a primeira vez que um intérprete estrangeiro é premiado no Guarani. Foi também a primeira vez de um ator de origem indígena – Regis Myrupu, de A Febre, escolhido como Revelação Masculina – e de uma atriz trans – Anne Celestino Mota, apontada como Revelação Feminina por Alice Júnior.
A veterana Laura Cardoso foi homenageada com o Guarani Honorário, pelo conjunto de sua carreira de mais de sessenta anos, estando ao lado de outros nomes celebrados em anos anteriores, como Tônia Carrero, Ruth de Souza, Antonio Pitanga, Paulo José, Helena Ignez e Leonardo Villar. O Melhor Filme Estrangeiro foi Retrato de uma Jovem em Chamas, de Céline Sciamma, da França, enquanto que Mãtãnãg: A Encantada (Melhor Animação), República (Ficção) e A Morte Branca do Feiticeiro Negro (Documentário) foram os três curtas-metragens ressaltados nessa temporada. Mais de cinco dezenas de críticos de cinema especializados, a maioria membros da ABRACCINE, ACCIRS, ACCRJ e ACECCINE, fizeram parte do processo de votação. Confira a seguir a relação completa com todos os vencedores do 26o Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro:
FILME DO ANO: Sertânia, produção de Barbara Cariry
DOCUMENTÁRIO EM LONGA-METRAGEM: Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou, produção de Myra Babenco e Barbara Paz
DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM: A Morte Branca do Feiticeiro Negro, de Rodrigo Ribeiro
FICÇÃO EM CURTA-METRAGEM: República, de Grace Passô
ANIMAÇÃO: Mãtãnãg: A Encantada, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho
FILME ESTRANGEIRO: Retrato de uma Jovem em Chamas, de Céline Sciamma (FRANÇA)
DIREÇÃO: Geraldo Sarno, por Sertânia
ATRIZ: Marcélia Cartaxo, por Pacarrete
ATOR: Irandhir Santos, por Fim de Festa, e Jorge Bolani, por Aos Olhos de Ernesto
ATRIZ COADJUVANTE: Zezita Matos, por Pacarrete
ATOR COADJUVANTE: João Miguel, por Pacarrete
REVELAÇÃO FEMININA: Anne Celestino Mota, por Alice Júnior
REVELAÇÃO MASCULINA: Regis Myrupu, por A Febre
ELENCO: Allan Deberton, Igor Costa-Paio e Christian Duurvoort, por Pacarrete
DIREÇÃO DE ARTE: Rodrigo Frota, por Pacarrete
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Miguel Vassy, por Sertânia
EFEITOS VISUAIS: Jean Sebastien Leroux, por Todos os Mortos
FIGURINO: Chris Garrido, por Pacarrete
MAQUIAGEM: Vanessa Barone Pina, por Todos os Mortos
MONTAGEM: Cao Guimarães e Barbara Paz, por Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou
ROTEIRO ADAPTADO: Petrus Cariry, Rosemberg Cariry e Firmino Holanda, por O Barco
ROTEIRO ORIGINAL: Allan Deberton, André Araújo, Natália Maia e Samuel Brasileiro, por Pacarrete
SOM: Toninho Muricy, por Sertânia
TRILHA SONORA: DJ Dolores, por Fim de Festa
GUARANI HONORÁRIO: Laura Cardoso
O Prêmio Guarani do Cinema Brasileiro é a maior e mais ampla premiação da crítica especializada no cinema nacional. A iniciativa é do site Papo de Cinema (www.papodecinema.com.br), e Daniel Herculano, editor do Clube Cinema, foi um dos votantes da premiação.