Robin William (1951/2014) se foi. A eterna criança de Hollywood foi para o céu. Sempre o considerei um grande ator. Saiu dos palcos e da TV como comediante nato. Revolucionou as dublagens em animações quando criou o Gênio da Lâmpada em Aladdin (1992), da Disney. Ganhou um Globo de Ouro especial por sua criação de voz. Voltou a dublar em 2006 e 2009 em Happy Feet 1 e 2, também com destaque.
Após sua estreia controversa na adaptação do desenho animado Popeye (1980) de Robert Altman, entre seus melhores filmes está o esquecido O Mundo Segundo Garp (1982) de George Roy Hill. Lutou em muitas obras para ganhar respeito da Academia como ator sério. Se repetiu até.
Foi o “’Doutor” em Tempo de Despertar (1990)– incrível, Voltar a Morrer (1991, Kenneth Branagh) – maravilhoso, Nove Meses (1995)– comedinha, Flubber – Uma Invenção Desmiolada (1997)– infantilóide, Gênio Indomável (1997, De Gus Van Sant), Amor Além da Vida (1998)– densamente triste e bonito, e Patch Adams – O Amor é Contagioso (1998). Particularmente nem gosto do lacrimoso Patch Adams, sucesso absoluto de público, mas de tom açucarado, maniqueísta em demasia, perfeitinho demais ao adaptar uma história real que poderia ser mais… Real. Na tecla repetição de persona, Williams também foi inúmeras vezes a criança que nunca cresceu em Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991, de Steven Spielberg), A Revolta dos Brinquedos (1992, de Barry Levinson), Jumanji (1995), Jack (1996, de Francis Ford Coppola) e O Homem Bicentenário (1999).
Seus melhores papéis variam entre filmes dramáticos e comédias rasgadas. Seu melhor filme vem acompanhado da sua melhor performance: Sociedade dos Poetas Mortos (1989) de Peter Weir. “O Captain! My Captain!” Foi a sua segunda indicação ao Oscar de melhor ator e que poderia ter levado a estatueta na pele do professor de inglês que desafia um colégio ortodoxo. Emocionante é pouco.
A primeira foi com a comédia Bom Dia Vietnã (1987), uma crítica bem humorada de Barry Levinson em que o ator faz um DJ servindo na tropa americana em meio ao marcante conflito da Ásia. A tentativa seguinte de consagração com a crítica foi outro grande filme: O Pescador de Ilusões (1991) de Terry Gillian. Williams aparece como um “louco” que vive na rua e busca do Santo Graal em plena Nova York dos anos 90. Mas o seu passado está a ligado à um DJ (Jeff Bridges) que provocou uma tragédia tempos atrás.
Em 1994 arriscou uma comédia meio Tootsie (1982) e deu certo. No divertidíssimo Uma Babá Quase Perfeita (1993) ele ganhou não apenas o Globo de Ouro de melhor ator (comédia ou musical), mas também o público ao redor do mundo. Um enorme sucesso de bilheteria, e merecido para tamanho talento. No entanto, o reconhecimento da Academia só chegou em 1997, num papel menor e com características contidas: Gênio Indomável, em que ele é a voz da razão e consciência para Matt Damon. Oscar de ator coadjuvante para ele.
15 melhores filmes e Robin Williams:
Após o reconhecimento, Robin Williams passou para uma fase bem estranha, variando entre filmes densos e estranhos, com pífias tentativas hollywoodianas de sucesso, que lhe renderam filmes patéticos. Entre os esquisitos estão os bons Insônia (2002) de Christopher Nolan, e Retratos de uma Obsessão (2002) de Mark Romanek.
O restante é uma mescla de obras incomuns ou apenas fracas – Morra, Smoch, Morra (2002); Violação de Privacidade (2004); Segredos da Noite (2006). Entre os produtos Made in Hollywood ruins as comédias Férias no Trailer (2006), Licença para Casar (2007), Surpresa em Dobro (2009) e O Casamento do Ano (2013). Nos (bobos) sucessos Uma Noite no Museu 1 e 2 (2006; 2009) fez pontas e assim sua carreira cinematográfica seria uma constante até o fim. O terceira estreia no Natal de 2014 e outros quatros filmes ainda estão por vir.
Independente do que vier, a imagem que ficará marcado para sempre é do professor sendo homenageado por seus alunos em Sociedade dos Poetas Mortos. Que tal subir nas mesas para homenageá-lo? “O Captain! My Captain!”