R.I.P.D. Agentes do Além (R.I.P.D., 2013) de Robert Schwentke
Por Thiago Sampaio*
O filme: Nick Walker (Ryan Reynolds), um policial que morre em serviço. Porém, sua alma é enviada para o Departamento Descanse em Paz, uma espécie de agência que trabalha às escondidas na Terra. Devido à sua experiência, Nick logo é enviado de volta à Terra para trabalhar ao lado do veterano Roy Pulsipher (Jeff Bridges) para caçar os mortos que se recusam a fazer a migração.
A fita é uma mistura de ficção e comédia,sobre dois agentes – um é velho e ranzinza, o outro, é um jovem novato – que trabalham em uma organização ultra-secreta e lutam contra criaturas de outro mundo. Algo como um sub-MIB.
Porque assistir: é o mesmo diretor dos bons Plano de Voo (2005), Te Amarei Para Sempre (2009) e Red – Aposentados e Perigosos (2010) e baseado na Graphic Novel de Peter Lenkov.
No elenco um quarteto de rostos conhecidos. Ryan Reynolds (de Lanterna Verde e a voz de Turbo na animação), Jeff Bridges (de Tron – O Legado), Mary-Louise Parker (de Red – Aposentados e Perigosos) e Kevin Bacon (indicado ao Globo de Ouro de coadjuvante por O Rio Selvagem).
Se por um lado Ryan Reynolds se encontra no seu tradicional piloto automático, o ótimo Jeff Bridges ainda salva um pouco o filme de um fracasso geral. Com um sotaque caipira ao encarnar um ex-delegado do Velho Oeste, o veterano diverte como uma auto-paródia do seu personagem em Bravura Indômita (2010).
A história é algo como quer ser MIB – Homens de Preto e promete muita ação, comédia e efeitos especiais.
Melhores momentos: as tiradas cômicas e brutas de Jeff Bridges, que parece estar se divertindo no meio de tamanha bobagem.
A produção até acerta no interessante conceito de os agentes “mortos-vivos” aparecerem para os humanos com uma fisionomia completamente diferente. Mas mesmo assim, a “obra” insiste em mostrar inúmeras vezes o personagem de Reynolds como um velhinho chinês e o de Bridges como uma mulher gostosa, a fim de arrancar risos do espectador.
Pontos fracos: o filme prometia, mas na verdade é um desastre. A semelhança com MIB – Homens de Preto (1997) não é apenas óbvia, como chega ser gritante. O diretor Robert Schwentke copia de maneira descarada a condução de Barry Sonnenfeld, desde os créditos inicias, com uma música animadinha e uma cena de ação introdutória. Em geral, ele se resume durante os 96 minutos a tirar qualquer esforço mental do espectador para entretê-lo com piadinhas e movimentação.
Kevin Bacon, por sua vez, exagera na canastrice para viver um vilão nada atrativo, enquanto Mary-Louise Parker poderia ser facilmente substituída por qualquer desconhecida.
Na prateleira da sua casa: mas em um longa-metragem do estilo, espera-se pelo menos cenas de ação eficientes e bons efeitos especiais, certo? Errado! O que vemos aqui são bonecos claramente digitais, piorados com um efeito 3D que em nada acrescenta.
*Thiago Sampaio é jornalista e blogueiro do Tribuna do Ceará (Cena Cultural)