Planeta dos Macacos – A Origem (Rise of The Planet of The Apes, 2011) de Rupert Wyatt
O filme: um cientista (James Franco) testa um vírus que poderá curar o mal de Alzenheimer em macacos. Sua maior motivação é o pai (John Lithgow), mestre em música que sofre do mal.
Após um acidente no laboratório tem a pesquisa suspensa, e para não sacrificar um filhote órfão, adota o macaco César (Andy Serkis). Mas sua herança genética (modificada) eclode na capacidade de aprendizado e em suas habilidades quase humanas. Mas depois de ser levado à um abrigo de macacos, César mira a revolução.
Porque assistir: o livro de Pierre Boulle, La Planète des Singes, publicado em 1964 deu origem ao clássico de 1968, O Planeta dos Macacos, estrelado por Charlton Heston. Com o sucesso vieram quatro continuações, uma série de TV, revista em quadrinhos (pela Marvel) e série de desenho animado – todos nos anos 70. Em 2001, a Fox tentou reanimar a franquia com uma refilmagem (irregular) comandada por Tim Burton. O visual, um arraso, comum para o realizador, mas a fita tem um desenvolvimento apressado e um final incompreensível.
Dez anos depois, a Fox refez o caminho da origem sugestionado pelo livro, e dá reinício total a série. O número zero é uma aventura de ficção tensa, bem construída (mesmo com clichês animais X humanos) e traz um espetacular misto de interpretação/efeitos especiais/expressões de Andy Serkis, como o macaco César.
Melhores momentos: no aspecto dramático o roteiro constrói muito bem a relação entre o núcleo familiar e César, o verdadeiro protagonista da obra. Todo o sentimento do mundo está nos seus olhos, e são transmitidos com extrema perfeição.
Palmas de pé para o ator Andy Serkis e a Weta Digital, responsável pela transposição dos efeitos. E na luta entre animais e humanos, fica difícil não torcer pelo anti-herói César, que luta por liberdade num mundo povoado de poucos seres humanos de verdade, muita ganância (personificado pelo dono da empresa que promovem as pesquisas), maus tratos (na pele do tratador malvado de Tom Felton) e o descaso (o administrador do abrigo feito por Brian Cox de Red: Aposentados e Perigosos).
Pontos fracos: os clichês surgem aqui e ali, mas o senso de revolução para a liberdade, de ter direitos, ser alguém e de se sentir humano, mesmo como um animal, são exaltados. A veterinária e interesse romântico de Franco, Freida Pinto, é o ponto mais fraco e quase passa em branco de tanta apatia.
Na prateleira da sua casa: John Lighgow está ótimo e James Franco (indicado ao Oscar por 127 Horas) não compromete, e compensam o lado humano da obra.
A bela produção vai além dos efeitos de captura de movimentos. A ágil direção de Wyatt, que por vezes movimenta a câmera como os símios balançam nas árvores, nos coloca dentro da ação e até nos sensibiliza em lances dramáticos.
A montagem se destaca com as elipses de tempo (em especial o fantástico crescimento de César), trilha sonora hipnotizante (do ótimo Patrick Doyle) – e que chega com gosto no terço final do longa, exatamente quando há a necessidade de intensificar as sequências de ação. E consegue.
Há também as referências ao clássico de 68 (César brinca com uma miniatura da Estátua da Liberdade, e a macaca chamada Zira, entre outros), mas não são apenas os olhos dos símios que são brilhantes, e também a obra ‘A Origem’ é, com sua mínima pretensão, com resultado preciso. Sim, o macaco está certo. E você, vai perder?