Para Pedro Butcher, professor de Cinema da ESPM Rio, a vitória do filme falado em coreano é uma evidência da busca de Hollywood em se tornar menos americana. Mas o que acontece daqui para a frente?
O sul-coreano Parasita, dirigido por Bong Joon-ho (o mesmo de O Hospedeiro, Okja), fez história ontem ao se tornar o primeiro longa não falado em inglês a ganhar o Oscar de Melhor Filme.
Segundo Pedro Butcher, professor de Cinema da ESPM Rio, a vitória de Parasita — para além de seus evidentes méritos artísticos — é reflexo da recente postura da Academia de Cinema de Hollywood de buscar mais inclusão e representação na sua principal premiação. “Há uma pressão muito grande para que a Academia se modernize e fique mais conectada às transformações sociais”, diz Butcher. “Nesse sentido, o prêmio dado a Parasita é um marco. Mas é pensar em como será daqui para a frente. A categoria filme internacional só contempla cinco indicações. Na categoria melhor filme, são dez. Enquanto isso não mudar, filmes não falados em inglês permanecerão como nichos.”
Parasita, que também venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, conta a história de quatro membros de uma família sul-coreana com dificuldades financeiras que se infiltram de maneira articulada no cotidiano do clã Park, cujo padrão de vida é luxuoso. O roteiro traz os contrastes sociais, as dificuldades econômicas e as relações familiares no universo dos personagens.