Straight Outta Compton – A História do N.W.A. (Straight Outta Compton, 2015) de F. Gary Gray
Você pode não saber o que é o N.W.A. (um acrônimo de Niggaz Wit Attitudes – ou Negros com Atitude), mas a história de um dos principais nomes do gênero musical de gangsta rap foi o responsável pela massificação do rap não apenas nos EUA, mas ao redor do mundo.
E Straight Outta Compton – A História do N.W.A. (Straight Outta Compton, 2015) de F. Gary Gray reconta a origem do grupo, sua ascensão e quais caminhos cada um de seus membros tomaram.
A trama começa na Califórnia no final da década de 1980, quando cinco jovens (Dr. Dre, Eazy-E, Ice Cube, MC Ren e DJ Yella) usam suas experiências pessoais na produção de músicas honestas, rebeldes, diferentes e totalmente contra o sistema. Surge o N.W.A., que dá voz a uma geração e promove a explosão do gênero gangsta rap.
O contexto histórico é muito forte, e passa por momentos importantes da história recente americana, como os tumultos nas ruas de Los Angeles, em 1992. Houve saques em lojas, confronto com a polícia e muita revolta após a decisão da justiça, que inocentou quatro policiais que espancaram um motorista negro desarmado. Câmeras flagraram toda a agressão, conhecido como o Caso Rodney King.
Assim como as letras do grupo, o filme é um drama muito honesto, se tornando uma ótima surpresa. Não é apenas uma história de um grupo de rap, mas de um movimento musical que mudou a cultura americana. Jogou luz sobre os guetos de Los Angeles e deu voz aos negros, em sua maioria, oprimidos pela polícia.
No quesito musical, não existe meio termo. As letras são explícitas, e o dia a dia de Dr. Dre, Eazy-E, Ice Cube, MC Ren e DJ Yella – com violência, drogas, brigas de gangues, repressão da polícia, e até amizade e inimizades – viram letras. Uma das mais polêmicas é “Fuck the Police”, que causou até confronto com a própria corporação.
Apesar de ter 2h27 minutos, o ritmo da condução de F. Gary Gray (Uma Saída de Mestre, 2003; A Negociação, 1998) deixa o filme fluir com naturalidade. Sem tropeçar nos fatos, a rima toma conta da tela. A explosão do rap entre o grande público, como cada um escolheu trilhar o futuro, a “cobertura” da imprensa, e uma morte inesperada.
Entre as sequências há uma gravadora destruída, o surgimento de Snoopy Dog Doggy e Tupac Shakur, confronto pelos direitos autorais, “batalha de rap” entre artistas rivais, queda e mudança de gravadoras, momentos revoltantes proporcionados pela polícia e alguns momentos bem quentes nos bastidores das tours. Ao fim, imagens de arquivo completam a boa experiência.
Um elenco de nomes jovens oxigenam a produção de honestidade. Destaque para o trio central, O´Shea Jackson Jr. (que interpreta o próprio pai, Ice Cube, com semelhança notável), Corey Hawkins (o boa praça Dr. Dre) e Jason Mitchell (o problemático Eazy-E), que seguram bem a onda.
De bilheteria expressiva nos EUA (U$ 160,9 milhões de dólares), conquistou também uma nomeação ao Oscar de melhor roteiro original. Straight Outta Compton – A História do N.W.A. passou voando nos cinemas do Brasil, e com a chegada da obra em DVD e Blu-ray o público nacional tem nova chance de descobrir uma história (real) que merece ser descoberta. Nos extras, três especiais, “N.W.A.: as origens”, “Impacto” e “Como surgiu N.W.A.”.