Careteiro, exagerado, cara de borracha. Chamem Jim Carrey como quiserem, mas o ator canadense é um gênio. Não um mero comediante – que lhe deu dinheiro, fama e o estrelato em Hollywood, mas também um grande artista. Vindo dos shows de stand-up, passando pela TV americana (Living Colour) até chegar aos cinemas – em pontas esquecíveis, Carrey está volta aos holofotes com Debi & Loíde 2 (Dumb & Dumber To, 2014), quase vinte anos depois do primeiro.
Após o ápice nos anos 90 em comédias que valorizavam sua auto-performance magnetizante, Jim Carrey mostrou ao mundo que sabia atuar em dramas e dramédias de altíssimo nível. Com diretores gabaritados (como Frank Darabont, Michael Gondry, Milos Forman e Peter Weir) e um material incrível, conseguiu ser reconhecido por parte da crítica, vencendo dois Globos de Ouro (melhor ator-drama por O Show de Truman; e melhor ator-comédia/musical por O Mundo de Andy) e sendo indicado em outras quatro ocasiões. Oscar? Nem uma indicação, apesar de dois de seus filmes (O Show de Truman e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças) serem indicados em categorias importantes.
O Tribuna do Ceará listou seus principais filmes, dividindo entre as melhores comédias, suas melhores atuações e piores filmes.
Debi & Loíde (Dumb & Dumber, 1994) dos Irmãos Farrelly
A comédia em que o comediante explodiu de uma vez. Quando Lloyd/Loíde (Jim carrey) leva até o aeroporto Mary Swanson (Lauren Holly), acredita que ela perdeu uma mala. Na verdade ela “esqueceu” no saguão, com o dinheiro para pagar o resgate do marido. Mas antes que os sequestradores peguem a valise, Loíde a recupera. De posse da mala, Loíde convence o seu amigo Harry/Débi (Jeff Daniels) a ir até Aspen para devolvê-la. Cenas antológicas: diarreia, língua presa no frio, troca do furgão pela motoneta, os amigos se arrumando para a festa, e claro, o ônibus cheio de mulheres de biquínis. Bilheteria mundial: U$ 247,3 milhões.
O Máskara (The Mask, 1994) de Chuck Russell
Jim Carrey conquistou sua primeira indicação ao Globo de Ouro de melhor ator (comédia/musical) no papel de Stanley Ipikiss, um pacato bancário que encontra uma máscara misteriosa. Com ela, vai realizar seus mais loucos desejos, incluindo se vingar da sua senhoria, de mecânicos safados, do seu chefe e dono do banco, e claro, dançar e conquistar a garota mais bonita da cidade (Cameron Diaz, em sua estreia), envolvida com a máfia local. Aliado a efeitos especiais sensacionais e números musicais vibrantes, Jim Carrey conquista mais uma vez o público, e até a crítica. Bilheteria mundial: U$ 351,6 milhões.
O Mentiroso (Liar, Liar, 1997) de Tom Shadyac
Fletcher Reede (Jim Carrey) é um advogado com grande propensão a mentir e se vê em uma situação delicada quando Max Reede (Justin Cooper), seu filho, ao soprar as velas do bolo pede que seu pai não minta por um dia. O desejo é atendido, impedindo Fletcher de falar qualquer tipo de mentira, logo no dia de um julgamento que pode lhe dar sociedade na firma. Dentro ou fora do script, Jim Carrey faz qualquer um se acabar de rir como o pai afetuoso, mas mentiroso compulsivo. Pelo papel recebeu sua segunda nomeação ao Globo de Ouro (melhor ator comédia/musical). Bilheteria mundial: U$ 302,7 milhões.
Todo Poderoso (Bruce Almighty, 2003) de Tom Shadyac
Na maior bilheteria de sua carreira, Jim Carrey virou Deus! Bruce Nolan (Jim Carrey) é um jornalista que tem um bom emprego na TV e uma bela namorada, Grace (Jennifer Aniston). Num acesso de fúria ele começa a xingar e questionar Deus e seu modo de fazer tudo funcionar, o que faz com que ele próprio (Morgan Freeman) resolva descer à Terra como um homem comum e lhe entregar o poder de comandar o planeta da forma como desejar durante um dia. Esqueça a continuação. Bilheteria mundial: U$ 484,6 milhões.
As Loucuras de Dick & Jane (Fun with Dick and Jane, 2005) de Dean Parisot
Refilmagem de Adivinhe quem Vem para Roubar (1977). Dick (Jim Carrey) e Jane (Téa Leoni) formam um casal que vive confortavelmente, até ser demitido. As dívidas se acumulam cada vez mais, deixando-os sem condições de manter qualquer tipo de qualidade de vida. Para tentar manter um certo padrão, eles decidem realizar pequenos roubos. Após um início cheio de problemas, eles se vêem diante do golpe que pode deixá-los milionários. Bilheteria mundial: U$ 202 milhões.
O Grinch (How the Grinch Stole Christmas, 2000) de Ron Howard
Em tom de fantasia, Jim Carrey estrela a adaptação do livro de Dr. Seuss, pelas mãos do diretor oscarizado Ron Howard (Uma Mente Brilhante). Na história, um Grinch (Jim Carrey, indicado ao Globo de Ouro de melhor ator comédia/musical) que odeia o Natal, resolve criar um plano para impedir que os habitantes da pequena cidade de Quemlândia possam comemorar a data festiva. Assim, na véspera do grande dia, o Grinch resolve invadir as casas das pessoas e furtivamente roubar delas tudo o que esteja relacionado ao Natal. Só que suas descobertas o levam a ter sentimentos, algum até então intacto em seu ser. Bilheteria mundial: U$ 345,1 milhões.
Eu, Eu Mesmo & Irene (Me, Myself & Irene, 2000) dos Irmãos Farrelly
Comédia das mais rasgadas e desbocadas do comediante. Charlie (Jim Carrey) faz parte da força policial de Rhode Island há 17 anos. Trabalhador, honesto, pai de três filhos (que provavelmente não são dele) e sempre disposto a ajudar, Charlie é amado por todos a sua volta. Mas tem um problema: sofre da Síndrome de Dupla Personalidade e se deixar de tomar seus remédios, sua segunda personalidade, Harry, vem tona. Harry é o seu oposto: beberrão, agressivo e grosso com todos. Até que ambos conhecem e se apaixonam por Irene Waters (Renée Zellweger). Bilheteria mundial: U$ 149,3 milhões.
Ace Ventura: Um Detetive Diferente (Ace Ventura: Pet Detective, 1993) de Tom Shadyac
Sua estreia como protagonista de cinema foi bem criticado pelo estilo peculiar e excesso de flexibilidade corporal, mas traz o comediante como um showman incrível, ao encarnar o tal detetive de animais. Seus movimentos são bizarros, mas suas gags visuais funcionam demais. A história é rasa, e apresenta Ace Ventura (Jim Carrey) como um detetive especializado em desvendar crimes envolvendo animais. O desaparecimento de um golfinho, mascote da equipe de futebol americano Miami Dolphins, aparentemente sequestrado, torna-se seu primeiro grande caso. Bilheteria mundial: U$ 107,2 milhões.
O Pentelho (The Cable Guy, 1996) de Ben Stiller
Após romper com sua namorada, Steven (Matthew Broderick) consegue um novo apartamento e oferece 50 dólares ao instalador de tv a cabo (Jim Carrey) para que instale canais de graça. Deste momento em diante o “cara do cabo” acredita que se tornou seu melhor amigo e provoca uma série de transtornos na sua vida pessoal e profissional. Quando a fita saiu, o público do comediante se frustrou com o resultado, vendido e confundido pelo público como uma comédia rasgada comum, mas não era. O filme se concentra em um humor negro em alto grau, piadas sujas e conteúdo até psicológico. Bilheteria mundial: U$ 102,8 milhões.
Sim, Senhor (Yes Man, 2008) de Peyton Reed
Após o convite de um amigo, Carl (Jim Carrey) decide ir em um culto de auto-ajuda, que tem por base dizer sim a qualquer coisa. Ao seguir este preceito, a vida de Carl começa a mudar, fazendo com que seja promovido e conheça Allison (Zooey Deschanel), por quem se apaixona. Mas no caso, o problema é que o excesso pode também cansar.
O Show de Truman, O Show da Vida (The Truman Show, 1998) de Peter Weir
Truman (Jim Carrey) é um pacato vendedor de seguros que leva um vida simples com sua esposa Meryl (Laura Linney). Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele descobre que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional, 24 horas por dia, 7 dias por semana, desde que nasceu. Uma obra-prima, indicada ao Oscar de melhor direção, coadjuvante (Ed Harris) e roteiro original. Jim Carrey foi esquecido pela Academia, mas ganhou o Globo de Ouro de melhor ator-drama. Bilheteria mundial: U$ 264,1 milhões.
Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004) de Michael Gondry
Para se aplaudir de pé e repensar a vida. Joel (Jim Carrey) é um homem magoado por sua namorada tê-lo deletado – literalmente – de sua memória. Inconformado, resolve retribuir na mesma moeda e procura passar pela mesma experiência. No decorrer da operação, ele percebe que, na verdade, ele não quer excluir Clementine de sua vida, e sim manter bem viva em sua memória os momentos em que estiveram felizes. Fita concorreu ao Oscar de melhor roteiro original e melhor atriz (Kate Winslet), mas esqueceu (de novo) a primorosa atuação de Carrey, indicado ao Globo de Ouro de melhor ator-drama. Bilheteria mundial: U$ 72,3 milhões.
O Mundo de Andy (Man on the Moon, 1999) de Milos Forman
Seu segundo (e consecutivo) Globo de Ouro (melhor ator comédia/musical) veio com a cinebiografia de Andy Kaufman (Jim Carrey). Considerado o mais excêntrico, inovador e enigmático comediante de seu tempo, foi um mestre em provocar o público, mas podia gerar gargalhadas, um silêncio sepulcral, lágrimas ou até mesmo brigas, o que lhe valeu a fama de gênio da comédia americana. Uma dramédia senacional e instigante, do mesmo diretor oscarizado por Um Estranho no Ninho (1975) e Amadeus (1984). Bilheteria mundial: U$ 47,4 milhões.
Cine Majestic (The Majestic, 2001) de Frank Darabont
Em plena década de 50, Peter Appleton (Jim Carrey) é um jovem e ambicioso roteirista de cinema que se torna, por engano, alvo do macarthismo. Após perder o emprego, sofre um acidente e, sem memória, é resgatado numa pequena cidade do interior da Califórnia. Lá acaba sendo confundido com Luke Trimble, o filho do dono da sala de cinema local, que desapareceu em meio a 2ª Guerra Mundial. Ao assumir sua identidade, redescobre a magia do cinema e o amor. Uma ode de amor ao cinema, belíssimo. Bilheteria mundial: U$ 37,3 milhões.
O Golpista do Ano (I Love You Phillip Morris, 2009) de Glen Ficarra & John Requa
Steven Russell (Jim Carrey) é um policial texano que decide assumir sua homossexualidade. Para manter uma seu alto padrão de vida passa a realizar diversas trapaças e fraudes. Ao ser preso, Steven é levado a uma penitenciária estadual. Lá conhece Phillip Morris (Ewan McGregor), seu companheiro de cela, por quem se apaixona. A partir de então Steven passa a fugir e ser preso diversas vezes, sempre agindo em nome de seu amor. Filme corajoso, com tema difícil e até hoje a menor bilheteria do astro. Bilheteria mundial: U$ 20,7 milhões.