O sucesso do cinema de continuações e remakes

A história se repete, assim como a arte. Com filmes, videogames e até livros sendo inundados com sequências, remakes e spinoffs, o público nos últimos anos parece abraçar a familiaridade com a novidade. E os estúdios celebram as apostas cada vez mais certas e menos ousadas.

Embora 2020 marque o início de um novo ano, a tendência de 2019 de continuações e refilmagens de filmes permanecerá. Com 2019 terminou com o lançamento do nono filme da saga de Star Wars (o antigo Guerra nas Estrelas) – e quase todos os spinoffs estão garantidos -, além da sétima adaptação cinematográfica de Adoráveis Mulheres (livro Little Women de Louisa May Alcott – com seis indicações ao Oscar, incluindo melhor filme), a década terminou com histórias familiares e queridas.

Nos próximos meses, filmes como “Mulan”, “Um Lugar Silencioso – Parte II” e “Bad Boys Para Sempre” são apenas algumas continuações ou remakes a serem lançados em 2020.

Embora algumas pessoas possam se cansar com inúmeras recauchutagens da mesma história, essas recriações atraem tanto os estúdios quanto os telespectadores, recontando e expandindo histórias e personagens amados.

Financeiramente, essa tendência dificilmente é um risco. Oito dos 10 filmes com maior bilheteria de 2019 foram remakes ou sequências de franquias existentes, enquanto os dois restantes – “Capitã Marvel” e “Coringa” – foram novidades do popular Universo Cinematográfico da Marvel e do Universo Estendido da DC. O último inclusive, surpreendeu meio mundo ao faturar mais de 1 bilhão, ganhar o Leão de Ouro em Veneza (melhor filme), e ser o filme com mais indicações ao Oscar esse ano, com 11 – incluindo melhor filme e melhor ator para o favorito da categoria, Joaquim Phoenix.

Claramente, remakes e sequências fazem sentido do ponto de vista financeiro, mas os números das bilheterias não explicam completamente por que os espectadores se entusiasmam tanto ao revisitar mundos conhecidos.

O sucesso por trás das sequências é bastante fácil de explicar, mesmo além das finanças. Quando um filme constrói um mundo fascinante com personagens atraentes, o público naturalmente almeja mais. Os super-heróis são ótimos para contar histórias, oferecendo mundos expansivos e uma infinidade de personagens.

Cada super-herói tem um poder único que se presta a uma história distinta, que pode ser ainda mais amplificada ao interagir com outros heróis. Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame) é atualmente o filme de maior bilheteria de todos os tempos, um recorde anteriormente detido por “Avatar” (2009), por quase 10 anos.

Por exemplo, “Toy Story 4” explora o conflito de Woody entre viver para ele ou Bonnie, seu dono. Mesmo que muitos pensassem que a história de Woody havia terminado em “Toy Story 3”, a quarta parte reintroduziu Bo Peep, reacendendo velhos relacionamentos enquanto percorria novos campos da história. Os espectadores já estão familiarizados com esses personagens, portanto, pode-se gastar mais tempo desenvolvendo novas histórias e aventuras. As sequências fornecem uma camada extra de narrativa nos filmes, oferecendo várias opções para expandir os personagens e seus mundos.

O remake de “O Rei Leão” arrecadou mais de US$ 1,6 bilhão internacionalmente. Pode parecer desconcertante o porquê de tais filmes flagrantemente não originais serem tão bem-sucedidos, mas os refilmagens de filmes são simplesmente o produto da nostalgia e já têm uma boa história para contar.

Apesar de serem vistos como um passe livre de sucesso de bilheteria, sequências e remakes (ou reimaginações, como já foram renomeados) estão sujeitos a tanto escrutínio quanto qualquer outro filme. Por menos original que seja uma história, um filme bem elaborado e sincero sempre será um bom filme.