O MELHOR AMIGO, lançamento da Sessão Vitrine Petrobras chega aos cinemas de todo o Brasil em 13 de março. Com direção de Allan Deberton, cineasta do premiado “Pacarrete” (2019), o filme reitera o quão irresistíveis são as histórias de amor. Mas, para além de uma boa dose de sedução, descobertas e a tradicional ansiedade das novas paixões, o diretor cearense dá um passo além e narra a história do jovem Lucas (Vinicius Teixeira) a partir de verdadeiros hits das décadas de 80 e 90.
O resultado é uma divertida e vibrante comédia romântica musical, e de extremo bom gosto, que tem seus momentos cômicos, românticos (e porquê não, sensual?), e sim, muitos números musicais, o que não deixa de ser uma ousadia. E extremamente bem filmados e muito bem coreografados. Ponto para o sempre sensível cineasta Allan Deberton, que, até na graça consegue emocionar na adaptação do seu próprio curta homônimo, agora transformado em longa metragem.
Na pré-estreia de Fortaleza, conversei com o diretor, co-roteirista e co-produtor, Allan Deberton, Gretchen – com uma poderosa participação especial no longa – e seu esposo, o saxofonista Esdras de Souza.
ALLAN DEBERTON
Como você consegue olhar para trás e ver seu belo curta se transformar num longa tão cheio de vida?
Relembrar a carreira, lá do início, é refazer um longo caminho. Eu vou me emocionar (pausa). Olhar para O Melhor Amigo antes e O Melhor Amigo de agora é como reviver minha trajetória. Acredito que seja uma trajetória que representa muito esforço, confiança, dedicação, medo e segurança também, mas no final deu certo, né?
Eu relembrei o curta, pois eu conferi a estreia dele no cinema, no Cine Ceará 2013 e agora cá estamos para a pré-estréia do longa, certamente uma emoção. E eu sei que tem muito daquele Allan lá de trás, hoje.
Passei o dia inteiro pensando nessa exibição, e tu vem me emocionar agora, antes? Você tá fazendo eu chorar, por favor. Por favor. Como é que foi fazer o meu passado e ver agora? (Risos com emoção).
Fala um pouco do resultado final do projeto. Como é que você quer ver ele chegando nas pessoas?
Eu acho que houve um trânsito entre o momento em que o Curta foi feito, onde ele tinha um significado, um objetivo e tinha sido público. E agora, mais de 12 anos depois, o filme traz o Curta em sua essência, mas ao mesmo tempo ele o reinventa, se expande, ele aumenta o público, inclusive, por conta de sua proposta musical, de sua proposta reinventada. E nostálgica, para poder agradar, pelo menos a tentativa, o público da minha idade. Eu tenho 42 anos, mas também mantendo ali a idade da plateia original, que foi feito para um público jovem, onde essa história de descoberta, de amor e de reencontro, seja um estímulo para as pessoas buscarem sua auto realização.
Obviamente mesmo já imaginando algumas referências, quero que cite as suas maiores inspirações cinematográficas para O Melhor Amigo. Vejamos, é um filme que tem comédia romântica, mas também tem muito do musical, né?
Eu acho que tem de tudo um pouco, porque como apreciador do gênero, tanto no teatro como no cinema, a gente assiste tudo que aparece, que vem pela frente. Desde o cineasta frânces Jacques Demy, que foi uma referência muito forte já para “Pacarrete”, como os próprios filmes da Disney, e suas animações, o cinema norte-americano. Mas ao mesmo tempo, O Melhor Amigo é um filme brasileiro, ele tenta também ver onde é possível o diálogo com uma estética tropical que seja nossa própria, com as nossas cores vibrantes e as locações exuberantes, principalmente aqui no litoral cearaense, com destaque para Canoa Quebrada. Enfim, é um pouco de diversas referências, e muito me inspira o australiano “O Casamento de Muriel” (1994), que é uma obra que me emociona muito por conta da própria trajetória do diretor (P.J. Hogan, de “O Casamento do Meu Melhor Amigo” – 1997), foi um dos primeiros filmes dele, como o primeiro filme de uma grande atriz (a indicada ao Oscar, Toni Collette). Além disse, é cheio de personalidade, que passeia um pouco com esse gênero road movie, no qual também temos um pouco. Além, claro, de “Mamma Mia!” (2008), andam dizendo por aí que O Melhor Amigo é o “Mamma Mia!” do Nordeste, então talvez seja uma mistura de tudo isso.
GRETCHEN
Como foi que você recebeu esse convite do Allan? Você sabe que, claramente, ele pensou em você para esse momento de ápice no filme, numa participação mais que especial…
Soube que o Allan é muito meu fã. O projeto chegou por intermédio do meu empresário, e a hora que eu li o roteiro do filme, eu falei, eu PRECISO participar, não é ele quem me quer no filme, eu que quero estar nesse filme, não pensei duas vezes, eu só disse SIM! Fiz questão de fazer esse filme, pois acho super importante participar de um longa que conversa comum público tão diverso, e o que eu puder fazer para estar divulgando um trabalho como esse, claro, com certeza estarei presente.
Como foi para você voltar a fazer Cinema, depois de tantos anos? E logo pelas mãos de um diretor tão premiado, como o Allan Deberton…
Fora as participações especiais, na verdade eu fiz “Vamos Cantar Disco, Baby” (1979) com as minhas irmãs, As Melindrosas, e sem contar com o documentário “Gretchen Filme Estrada” (2010), demorei muitos anos a fazer Cinema. Então, na verdade, cinema de verdade, vou considerar como minha primeira vez, e sem dúvida, foi uma grande emoção.
Olha, se todo filme que eu for fazer, se for um diretor como o Allan, eu topo na hora. Ser dirigida por um diretor como ele, é um luxo! Então sempre que ele me chamar, farei sempre. É maravilhoso trabalhar com ele, sente o que a gente gosta, porquê independente do texto (que pe muito bom!), ele faz com que a gente se sinta à vontade. Eu só tenho a agradecer, então fica o meu muito obrigado ao Allan Deberton.
ESDRAS DE SOUZA
Como foi a experiência de participar de um filme, digamos assim, de conversa com todos os gêneros, raças, cores, formas e tudo de uma forma extremamente leve, colorida e divertida?
Foi uma honra muito grande, como esposo da Gretchen, participar desse filme. Foi incrível para mim, primeiro que eu sou um hétero livre, mas já fui machista e altamente homofóbico. Então, essa minha posição como hétero de mente aberta nesse filme, eu posso mostrar para muita gente que essa questão do preconceito é uma questão ultrapassada. A questão da diferença de gêneros não pode existir mais, até porque já foi feito uma longa caminhada por todas as pessoas que defendem a diversidade. É uma luta que jé deveria estar vencida, mas temos que torcer e lutar para que essa situação evolua cada vez mais, pois o amor é livre e de todos.