Desde o dia 27/11, e que seguiu até o último dia 3/12, ocorreu o 31° Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema em Fortaleza, em caráter híbrido (presencial/online). Minha agenda presencial começou na última segunda-feira (29), continuou na última quinta (2) e finalizei na sexta-feira (data de encerramento do festival, dia 3 de dezembro). Pois é, essa trata-se da minha cobertura pessoal de tudo que conseguir assistir no festival.
Eu fui presencialmente na segunda-feira (29/11), quinta-feira (2/12) e sexta-feira (3/12, data de encerramento do festival), e essa trata-se da minha cobertura pessoal de tudo que conseguir assistir no festival.
Sobre a Mostra Competitiva Olhar do Ceará de Curta-metragem, que disponibilizou 17 curtas, no canal do oficial do festival no Youtube, nós já temos o veredito, e os comentários já estão disponíveis no site.
Essa é a terceira parte da minha cobertura pessoal do 31° Festival Cine Ceará. Nessa última parte irei falar dos vencedores e do encerramento do festival com o longa: O Marinheiros das Montanhas de Karim Aïnouz (Exibição Especial).
Para acompanhar a primeira parte da minha cobertura, clique aqui.
Para acompanhar a parte dois da minha cobertura, clique aqui.
Mas antes, mesmo já sabendo os vencedores, irei fazer os comentários, na minha humilde opinião, deveria ganhar os prêmios e o meu ranking da Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem.
Pontes Criativas:
“Eu sou as cores, você é a praça” de Paulo Ribeiro e Anio Tales Carin (Fortaleza)
‘Eu não sou daqui” de Leandro Olímpio (Vencedor de Santos)
Prêmio Água e Resistência:
“Jeanstopia” de Gabriel Viggo e Murilo da Paz
Mostra Olhar do Ceará:
Meu preferido entre os curtas-metragens: “Curva Sinuosa” de Andréia Pires
Longa-metragem: Por apenas ter assistido “Transversais” no 29° Festival MixBrasil. Não sou capaz de opinar sobre essa categoria.
Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem:
Meus dois curtas favoritos foram: “Chão de Fábrica” de Nina Kopko e “Ato” de Bárbara Paz.
obs. Por ter ido somente segunda e quinta presencialmente para o Festival. Não pude acompanhar corretamente os curtas da competição.
Meu Ranking da Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem:
1) A Praia do Fim do Mundo. 2) 5 Casas. 3) Bosco. 4) Perfume de Gardênias. 5) Fortaleza Hotel. 6) Vacío.
Vencedores do 31° Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema:
Mostra Paralelas:
Pontes Criativas: Eu sou as cores, você é a praça de Paulo Ribeiro e Anio Tales Carin (Vencedor de Fortaleza)
“Eu não sou daqui” de Leandro Olímpio (Vencedor de Santos)
Prêmio Água e Resistência:
“Jeanstopia” de Gabriel Viggo e Murilo da Paz
Mostra Olhar do Ceará: Troféu Mucuripe
Curta-metragem: “Sebastiana” de Cláudio Martins. Que também venceu o Prêmio Unifor.
obs. Sebastiana estava entre os meus favoritos da Mostra.
Longa-metragem: “Minas Urbanas” de Natália Gondim
Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem:
Prêmio da Crítica da ABRACCINE: “O Durião Proibido de Txai Ferraz
Prêmio do Jurí: Troféu Mucuripe
Roteiro: “Sideral” de Carlos Segundo
Direção: “O Resto” de Pedro Gonçalves
Troféu Samburá:
Direção: “Como Respirar Fora d’Água” de Júlia Fávero e Victoria Negreiros.
obs. Excelente curta que tive o prazer de assistir no Festival MixBrasil.
Melhor Curta: “Sideral” de Carlos Segundo
Melhor Curta-Metragem da Mostra:
“Chão de Fábrica” de Nina Kopko. Que também ganhou o Prêmio Canal Brasil Curtas.
Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem:
Melhor Atuação:
Masculina: Vanderlei Bernardino. Fortaleza Hotel
Feminina: Clebia Souza. Fortaleza Hotel
Melhor Fotografia: Petrus Carriry. A Praia do Fim do Mundo
Melhor Direção de Arte: Sergio Silveira. A Praia do Fim do Mundo
Melhor Som: Emil Klotzsh. 5 Casas
Melhor Trilha Sonora Original: Giorgio Ferreiro e Rodolfo Mong. Bosco
Melhor Montagem: Guillermo Madeiro. Bosco
Melhor Roteiro: Bruno Gularte Barreto e Vicente Moreno.
Melhor Direção: Alicia Cano Menoti. 5 Casas
Prêmio da Crítica ABRACCINE: A Praia do Fim do Mundo
Vencedor do Festival:
Melhor Longa: 5 Caras
Parabéns a todos os vencedores.
Solenidade do Encerramento do Festival: Durante a solenidade de encerramento do festival, o Governador do Ceará, Camilo Santana, assina uma lei para criação do Programa Ceará Filmes. Política pública para o fortalecimento do audiovisual Cearense. O Governador recebeu o Troféu Eusélio Oliveira, por ser um defensor da cultura em nosso país, principalmente nos tempos de pandemia da Covid-19.
Encerramento (Exibição Especial)
O Marinheiros das Montanhas: Documentário: 98min: Brasil. 2021
Direção: Karim Aïnouz
Classificação Indicativa: Não Consta.
Sinopse: “Marinheiro das Montanhas” é um diário de viagem filmado na primeira ida de Karim Aïnouz à Argélia, país em que seu pai nasceu. Entre registros da viagem, filmagens caseiras, fotografias de família, arquivos históricos e trechos de super-8, o longa opera uma costura fina entre a história de amor dos pais do diretor, a Guerra de Independência Argelina, memórias de infância e os contrastes entre Cabília (região montanhosa no norte da Argélia) e Fortaleza, cidade natal de Karim e de sua mãe, Iracema. Passado, presente e futuro se entrelaçam em uma singular travessia.
Comentário: O Marinheiros das Montanhas é o longa mais íntimo de Karim Aïnouz. Acompanhamos seu diário de viagem de Fortaleza, Argélia e Cabília (região montanhosa no norte da Argélia). Narrando toda sua trajetória, lembrando de Fortaleza, sua mãe: Iracema, sua relação com seu país, infância, presente e futuro.
Mas a pergunta que fica é: O que o diretor de fato está buscando? Nem ele ao certo sabe, e quando parece descobrir, perto do fim do longa, pouco importa para o espectador. O Marinheiros das Montanhas é o clássico dito popular: “O caminho é mais importante que as chegadas”.
Aïnouz, narra para si e para sua mãe (já falecida), toda a viagem. Iracema é o ponto inicial da viagem: Como ela se sentiu na ditadura militar, enquanto ela era uma alma tão livre? O que acharia da viagem do filho? Como foi sua separação com seu pai que foi para Argélia, que estava em uma revolução, enquanto no Brasil, começaria uma ditadura militar? Qual é o seu lugar no mundo? Todas essas perguntas são válidas, assim como não ter uma resposta exata é impossível.
Antes de começar um longa, uma palavra e com seu significado em vermelho aparece em tela: “Calentura”. Um tipo de febre causado pelo calor dos trópicos, que faziam muitos marinheiros delirar e jogar ao mar. E mesmo que Karim admita no final do longa, que esse sentimento ao retornar a Fortaleza, é o que ele sente, em nenhum momento do filme parece um delírio.
Aïnouz descobre em Cabília, parte de sua família e nos conta a história da região e da Argélia, como todo. Mesmo “em casa”, o sentimento de ser estrangeiro é constante. E no meio das montanhas, sempre “ao lado” de sua mãe, o diretor faz questionamentos pertinentes, sobre sua vida, que passa para o espectador.
Esteticamente o documentário em câmera na mão, tem um caráter muito experimental. Cortes rápidos, imagens de arquivo que mudam de cor, lembram aos filmes ensaios de Godard, em uma narrativa mais coesa do que o mestre francês. E as imagens micro e macroscópicas evocam Malick.
O Marinheiros das Montanhas é um documentário extremamente íntimo onde Karim Aïnouz nos convida a ir em sua viagem, através do passado, presente e futuro. Questões pertinentes guiam o longa, mas as respostas, nem o diretor ou espectador saberá (e precisa), responder todas.
E assim chega ao fim mais um Festival Cine Ceará. Obrigado a todos que acompanharam minha cobertura do Festival.
Até o 32° Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema.