Maria Madalena (Mary Magdalene, 2018) de Garth Davis
Esqueça a prostituta. Com vocês, Maria Madalena, a apóstola. E o filme Maria Madalena (Mary Magdalene, 2018) de Garth Davis, é exatemente sobre isso.
Na trama, em busca de uma nova maneira de viver, contrariando a sociedade, sua família tradicional e o machismo de alguns apóstolos, Maria Madalena (Rooney Mara) junta-se a Jesus de Nazaré (Joaquin Phoenix) em sua missão de propagar a fé.
Recentemente abraçada pela própria Igreja Católica, a personagem aqui não tem um resquício sequer de ser uma prostituta, imposta a ela por séculos. Sua história (reescrita pela História) à coloca como a única mulher que andou entre os apóstolos de Jesus Cristo como uma de suas mais dedicadas seguidoras. Também não há romance algum entre os dois, apesar de alguns olhares beirarem o flerte.
Com a mudança de foco, Maria Madalena, o drama, pode pegar de surpresa o público não-católico, pelo fato dela ser tão enraizada como uma figura sempre controversa, polêmica até, no plano histórico da igreja católica e do catolicismo.
Mas o filme não chega a ser surpreendente por isso. É bem quadradinho na verdade, e luta para atingir os não iniciados ou não interessados no tema. Já para o seu público-alco, a história é um deleite, com direito a grandes sequências de pregação.
Longe da fantasia, é construído todo em tom de realismo, mas carece, e muito, de emoção. E olha que o diretor Garth Davis (o mesmo do indicado ao Oscar, Lion: Uma Jornada para Casa, 2016) tenta, e até força, viu?
Os constantes planos fechados em seus protagonistas tentam puxar ao máximo alguma fagulha emotiva. E ter um ótimo Joaquin Phoenix – um Jesus-hippie-sofredor – ajuda, e uma dedicada Rooney Mara, que procura crer em si mesmo e na história contada, também. Mas no fim, não arrepia.
Para completar, Chiwetel Eijofor (indicado ao Oscar por 12 Anos de Escravidão) bate o ponto como Pedro, um dos apóstolos na história bíblica, e Tahar Rahim (O Profeta), como Judas, no elenco de apoio.