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Nada de pompa ou tom épicos clássicos. O que assistimos em Gladiador II (Gladiator, II, 2024) de Ridley Scott é uma releitura mais apelativa da aventura original, vencedora do Oscar de melhor filme em 2001. Nada de uma massa clássica ou um vinho caro, apesar do alto custo de produção, elenco que varia entre os ascendente e o estelar, mas estamos diante de uma bem azeitada pizza, meia mussarela, meio calabresa. Sem muito espaço para errar, o filme convence na maior parte do tempo, e no fim, sacia a fome do público por diversão.
Mas temos de falar um pouco sobre os desafios de produzir uma continuação cinematográfica de um filme clássico, e não somente isso, mas também levando em consideração que mais de duas décadas separam os dois filmes. Diante de um desafio complexo para Ridley Scott, uma das maiores dificuldades é manter a essência do original, sem parecer uma cópia. Por isso a continuação deve respeitar a história, os personagens e o tom do filme original, ao mesmo tempo em que oferece algo novo e interessante, e até consegue, por muitas vezes fazendo referências do original para a nova história.
Para isso, tenta constantemente se reconectar com o seu público, ao mesmo tempo em que procura conquistar quem ainda não viu o primeiro filme, explicando ou trazendo a história para o filme atual. O público de hoje certamente possui uma perspectiva diferente daquela do público do filme original, portanto o apelo para a ação, acaba ficando maior do que a própria emoção. E apesar do alto valor investido, essa continuação vai bem, mas não consegue superar as expectativas do filme original. Ao integrar novos personagens e histórias, Gladiador II ganha muito ao introduzir novos personagens e histórias, principalmente o vilão construído por Denzel Washington.
Ridley Scott, vindo do sucesso de bilheteria de Napoleão (2023), reedita a parceria com o roteirista David Scarpa, que se apóia bastante em revisitar a história original, até mesmo para que o público tente entender a trama como algo grandiosa, apesar de não atingir os mesmos níveis da tão bem-sucedida parte I. Ao mesmo tempo em que procura desenvolver uma história nova ao falar novamente de vingança, ou seja, fiel ao espírito do filme original, mas de abordagem cuidadosa e nem sempre tão criativa. De negativo, as performances dos imperadores
Melhores momentos
Diante da jornada de Lucius (Paul Mescal, indicado ao Oscar por sua atuação em Aftersun, 2022) e sua luta pela justiça (ou seria vingança?), elenco aqui as melhores sequências da aventura que une drama e ação, sempre focando no épico.
A Batalha Inicial no Coliseu : Lucius (Paul Mescal) e outros gladiadores enfrentam babuínos mutantes, exagerado, mas funciona; A Revolta dos gladiadores no Coliseu: é um momento que evoca o tom épico e poderoso do original, tentando costurar o momento como uma luta pela liberdade e justiça; O Discurso de Lucius: é praticamente o clímax do filme, ao refletir os ideais de seu avô, Marco Aurélio ele tenta inspirar o público a sentir a história como uma forma de livrar o Império da tirania e da corrupção; O Confronto entre Lucius e Macrinus (Denzel Washington) é de arrepiar, onde Macrinus revela sua filosofia de que “a violência é a língua universal”.