Frost/Nixon (Idem, 2008) de Ron Howard
O filme: a trama começa em 1974 e mostra uma América que parecia não acreditar mais em sua política. O escândalo de Watergate forçara a renúncia de Richard Nixon (Frank Langella) e a Guerra do Vietnã ainda não havia cicatrizado. Seu vice Gerald Ford, que assumiria logo após, o perdoaria pelo abuso do poder e outros crimes políticos.
Por três anos, Nixon manteve-se quieto, calado. Mas David Frost (Michael Sheen), apresentador de TV inglês, ousou desafiá-lo numa entrevista com possíveis revelações bombásticas.
Porque assistir: são três atos. 1. O contexto histórico, e seus protagonistas. Tudo bem redondo e intercalado por depoimentos dos personagens, com um pé na realidade. Destrincha todo o tortuoso caminho da tal entrevista que definiu rumos opostos para David Frost e Richard Nixon.
2. A preparação e o levantamento dos custos da entrevista (inacreditáveis U$ 600 mil – para a época!). Entra a dupla de jornalistas investigativos James Relton Jr (Sam Rockwell) e Bob Zelnick (Oliver Platt).
3. A parte final é a entrevista em si, que fora dividida em quatro sessões.
Melhores momentos: no início das entrevistas, Nixon praticamente devora Frost. Tão cego de vaidade, inicialmente Frost bóia nas mãos de Nixon. A interação entre Frank Langella e Michael Sheen, é a de caça e o caçador, e move muito bem sua última parte, com o tom histórico funcionando. E como Nixon fala em dado momento: não haverá dois vencedores nessa entrevista, ao fim apenas um irá ganhá-la.
Pontos fracos: estamos numa obra de Ron Howard, não podemos deixar de pressentir que uma pequena reviravolta pode mudar o seu final, acrescentando algo de bonzinho na trama. Esse é o pequeno problema que resvala o longa.
Na prateleira da sua casa: a obra integra o hall de filmes que retratam bem tanto as questões e interesses políticos, passando pelos bastidores do poder, chegando até o político em si, aqui no caso do controverso e polêmico Richard Nixon.
O drama concorreu ao Oscar de melhor filme, diretor, ator (Frank Langella), roteiro adaptado e edição. Foi indicado indicado também ao Globo de Ouro de melhor filme (drama), diretor, ator (drama), roteiro e trilha sonora.
Ron Howard venceu o Oscar de melhor filme e direção por Uma Mente Brilhante (2001), dirigiu também O Preço de um Resgate (1996) e Rush – No Limite da Emoção (2013).