Dito polêmico, o drama “O Mau Exemplo de Cameron Post”, (The Miseducation of Cameron Post, 2018) de Desiree Akhavan, é uma das opções mais interessantes e diferentes em cartaz nos cinemas essa semana.
O filme que fala sobre uma suposta “cura gay” nos EUA dos anos 90 – e que existe até hoje, acredite no absurdo, foi o vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance, além de outras 12 nomeações internacionais.
Na trama, a adolescente Cameron Post (Chloë Grace Moretz), que, apesar de perder os pais muito cedo, até então era considerada uma aluna comum e nunca fora relacionada à qualquer tipo de problema. Mas em sua noite de formatura, é pega beijando outra menina. Como castigo, é mandada para um centro de terapia de conversão que corrige adolescentes com atração por pessoas do mesmo gênero.
E dentro do contexto dramático, cá estamos nós de novo encarando a polêmica da suposta “cura gay”, fato rebatido constantemente pelo sentimento não apenas de Cameron, mas de outros dois jovens que ela se relaciona e cria um vínculo, Jane Fonda (Sasha Lane) e o índigena, Adam (Forrest Goodluck). O trio, por sinal, eleva muito a natureza crível do filme.
Em meio a tantas atividades estranhas no centro de terapia, o filme de Desiree Akhavan consegue uma costura sensível em trazer o sentimento de sua protagonista entre lembranças, sonhos e pensamentos.
Adaptada do livro homônimo de Emily M. Danfort, a obra encontra ainda na excelente Chloë Grace Moretz – quase sempre filmada de perto, para, de forma delicada mostrar como essa violência emocional à aflige – uma personagem sensível, e que conecta o espectador com suas angústias. O filme também aponta, após um ponto dramático limite, que a esperança é se cercar de amor e abraçar a diferença, ao invés de lutar contra ela.
E antes que eu me esqueça, um aviso muito importante. Se religião não cura nem doença que realmente existe e nos afeta de forma física, o que dirá algo que não é uma doença, como é tratado a homossexualidade aqui. Assista O Mau Exemplo de Cameron Post e abrace as diferenças como se não houvesse amanhã.