Quatro amigos vão à Las Vegas para uma despedida de solteiro. Jogos, festa regada a álcool, drogas, mulheres, clubes de strip-tease e muita putaria. Na manhãs seguinte o quarto de hotel está detonado, tem um tigre no banheiro, um bebê abandonado na sala, um deles está casado com uma stripper, o noive some, Mike Tyson aparece, eles roubaram um carro da polícia e se envolvem com traficantes e um mafioso oriental. Mas não lembram de nada e a ressaca bate forte. Essa loucura aí é o resumo do primeiro e surpreendente Se Beber, Não Case! (2009), a hilariante comédia vencedora do Globo de Ouro de melhor filme.
Sucesso estrondoso de bilheteria, uma continuação foi inevitável. Pegue o mesmo mote e transfira a festa de despedida de solteiro para Bangcoc, na Tailândia. O exagero corre solto em situações absurdas que vão muito além do embaraço escatológico, do possível e impossível. Acrescente cenas fortes e ultrajantes, que vão além do gratuito (uma das mais leves é um nu frontal). Se Beber, Não Case! Parte II (2011) contém simulação de sexo, mais álcool e drogas, mais criminosos, monges, travesti, mais strippers e um macaco fumante e tarado. Uma ressaca ainda maior, que gerou outro tremendo sucesso comercial. Mas com desgastes visíveis.
Vendido como o capítulo final, “Se Beber, Não Case! Parte III” (The Hangover Part III, 2013) do mesmo Todd Phillips, reúne o elenco original para uma trama completamente diferente dos capítulos anteriores. Esqueça todas as piadas que fez você se acabar de rir dos outros filmes (principalmente no primeiro), esqueça.
Você não verá despedida de solteiro, bebedeiras, nada de ressaca, não haverá amnésia ou de relembrar o que aconteceu na noite anterior. Tudo que você vai ver é o ‘Bando de Lobos’ (Bradley Cooper, Zack Galifianakis, Ed Helms e Justin Bartha) tentando encontrar Mr. Chow e devolver a grana de um mafioso (John Goodman) barra pesada.
A história faz uma costura estrambólica desde o primeiro filme, envolvendo o traficante que vendeu os tranquilizantes que deixou todo mundo chapado, claro, Mr. Chow (Ken Jeong), um sequestro, ouro, a morte de uma girafa e a possível internação de Alan (Galifianakis). Resultado de zero diversão, trama forçada e super exploração nas tiradas de Alan e Mr. Chow (ambos sem sucesso).
O que diabos aconteceu com o ‘Bando de Lobos’? Antes fosse uma repetição dos anteriores – sem o fator surpresa, claro – com o casamento de Alan como ponto de partida (a cena ‘entre-créditos’), a dita comédia prefere apostar numa trama praticamente de ação (capenga) e sem nenhum brilho. Bradley Cooper e Ed Helms se arrastam na tela enquanto John Goodman brinca de ser vilão.
Heather Graham (ex-stripper agora casada com um médico) acrescenta alguma doçura e Melissa McCarthy (a dona da loja de penhores) tem o seu momento em uma cena quase romântica. E o que poderia ser um bom diálogo, o reencontro de Alan com o ex-bebê ‘Carlos’ é mal aproveitado, não gerando nenhum sorriso amarelo.
Falar do ‘Bando de Lobos’ é como falar de amigos meus, mas “Se Beber, Não Case! Parte III” é pior que ressaca moral. Imperdoável de tão ruim. De cara, vai direto para a lista dos piores filmes do ano. E fim.