Querência (2019) de Helvético Martins Jr.
Escrito e Dirigido por Helvético Martins Jr. (Girimunho), Querência (2020) é mais um dos seus filmes que explora o sertão de Minas Gerais, de forma quase documental e extremamente melancólica. Do trauma ao sonho, vemos o ressurgimento da vontade de viver de um homem.
Marcelo (Marcelo di Souza) é um vaqueiro no sertão de Minas Gerais que passou recentemente pelo trauma: Em uma noite sua fazenda sofreu um grande assalto, onde várias cabeças de bois foram roubadas. Deprimido e impactado pelo incidente, pouco a pouco, com ajuda de amigos, ele vai se reerguendo e segue em busca de seu sonho: Se tornar um narrador de rodeios.
Em quase uma não trama, o longa se desenvolve de maneira cadenciada. O diretor filma de maneira contemplativa a vida de Marcelo reforçando o sentimento de tristeza e solidão. A fazenda vazia em contraste com planos abertos, reforça a psique do protagonista. A beleza do sertão de Minas fotografada por Arauco Hernandez Holz, é um forte contraste ao humor de Marcelo.
Silêncio que também reforça a melancolia, vai aos poucos recebendo rivais quando Marcelo parte em busca do seu sonho. Com ajuda de amigos, ele vai deixando a fazenda de lado para se preparar e torna-se um narrador de rodeios.
Assim, a trama quase inexistente de apenas seguir o trauma de Marcelo ganha novas cores. Helvético transforma a narrativa em um animo que nem o protagonista esperava. Como narrador de rodeios, Marcelo se transforma e finalmente acha seu propósito. Além de ganhar personalidade e nas suas apresentações fazer uma crítica da sua antiga condição de vida.
É interessante frisar que, diferente de muitos longas de rodeios, aqui o momento é como uma festa, e com extravagancia. O rodeio se torna mais uma realização desse sonho em história depois de um grande trauma. O resultado de Querência é positivo, e, ao explorar a melancolia humana de dentro para fora, ele encontra um “sonho realizado” com seu protagonista.