Punhos da Vingança (Crazy Fist, 2021) de Qing Guo
A China está entre os países que produzem filmes no mundo (juntamente com Índia, Nigéria, Estados Unidos e Japão). Além disso, o país é um grande celeiro de artistas marciais que se tornaram atores, que inclusive, tiveram e ainda têm uma grande carreira internacional, como por exemplo Jackie Chan, Jet Li, Donnie Yen e o lendário Bruce Lee, que tem dupla nacionalidade: Sino-Americano.
Uma indústria de cinema e audiovisual tão rica produz inúmeras obras por ano. E como diz o ditado: “Quantidade, nem sempre é qualidade”. E infelizmente esse dito popular se aplica no filme de Qing Guo (seu longa estreia, onde também é roteirista), Punhos de Vingança (Crazy Fist). Uma película com boas ideias, mas que se perde em um amontoado de clichês.
O filme já pode ser adquirido nas plataformas: Now, Lookie, Vivo Play, Google Play, Microsoft e Itunes. E pode ser adquirido para aluguel e compra, nas versões dubladas ou legendadas (com o áudio original).
A trama começa com Shang Hai (Guo Qing), lutador de artes marciais que luta em torneio chamado “Tigre Voador”, mas depois de vencer 10 lutas e estabelecer um recorde de vitórias, ele decide deixar a clandestinidade e assumir seu papel de CEO na empresa multimilionária da sua família: “Shangfeng”. Saltamos no tempo e vamos para um futuro próximo e conhecemos Mai Wen (Yoo Seung Jun, Coreano que mais conhecido na Ásia por ser um cantor), um policial que se infiltra na competição para adquirir provas contra Jessica (Zhu Gechengcheng), que usa o torneio de fachada para na verdade produzir e vender drogas.
Quando Wen chega ao mesmo número de vitórias de Hai. Ele enfrenta o famoso lutador A Wei (Ai Yisheng), irmão de Shang. Porém, durante a luta, Wei morre de forma misteriosa (sem que Mai Wen tenha acertado um último golpe). Shang Hai jura vingança pela morte de seu irmão, abandonando seu posto na empresa para lutar contra Wen. A partir daí, o longa de ação toma proporções conspiratórias que envolve a empresa “Shangfeng” e o torneio.
A película parece ser a mistura de um longa clássico e duas franquias do cinema ocidental. A referências bem claras ao filme O Grande Dragão Branco, de 1988 (estrelado por Jean-Claude Van Damme) e a série de filmes Velozes e Furiosos (quanto aos carrões e ao estilo de ação) e Mortal Kombat (em referência as batalhas e o ringue do torneio, que poderia facilmente ser um local de batalha para Scorpion e Sub-Zero). Mas sem a qualidade de nenhum dos citados, e olha que não sou fã de nenhum deles.
O diretor usa a ação de maneira hiper estilizada. Com excessos de slow motion, close-ups e planos detalhes e o uso de drones para planos de ambientação, porém sem muito critério, sendo usado em tanta demasia, que alguns momentos chega ser cômico. Porém, seu real problema mora em seu roteiro. A trama de ação e conspiração não casam tão bem e o realizador usa todos os clichês dos dois gêneros possíveis e imagináveis.
Os personagens são caricatos e alguns não têm peso nenhum na trama. A irmã de Shang Hai, Bao Na (MayaLau), interesse romântico de Mai Wen; parceiro policial de Wen, Wen Yuan (Shi Guanghui), que ajuda na investigação e serve de alívio cômico (entretanto em uma cena ele se traveste, gerando uma “piada” de extremo mal gosto); Kun Tao (Wang Kei), que é parceiro da Jéssica. Os demais personagens são tão sem propósito, que não vale a pena citá-los.
Porém, o maior desperdício é Gao Chi (Collin Chuo), que já interpretou papéis interessantes em grandes filmes como Matrix Reloaded e Matrix Revolutions (como Seraph). Além de já ter contracenado com Jackie Chan, Jet Li, Donnie Yen. Ele é mal aproveitado participando de apenas uma cena de ação em todo o longa. Uma pena, porque apesar de não ser um nome tão grande como os citados, poderia trazer mais peso para o elenco principal.
Punhos de Vingança é infelizmente um filme de genérico como vários produzidos ao longo do ano em todo mundo. O longa termina com um gancho para uma continuação. Eu (principalmente como crítico), não posso torcer contra que a película aconteça. Então, torço bastante para que Qing Cho consiga ser produzir algo melhor do que seu primeiro trabalho, que beira ao total desastre.