
Depois do estrondoso sucesso da adaptação do teatro para a TV com “Minha Mãe é uma Peça – O Filme”, em 2013, uma continuação com a desbocada Dona Hermínia (Paulo Gustavo) na tela grande era uma questão de tempo. Três anos depois, cá estamos com as novas ‘aventuras’ daquela que pode ser a mãe de qualquer um. E (descaradamente) é como se fosse uma fórmula mesmo. Paulo Gustavo + improvisação + teatralização + linguagem de TV – cinema = Minha Mãe é uma Peça 2 – O Filme (Idem, 2016).
A típica comédia nacional é dirigido por César Rodrigues, e traz de volta o tema de proteção excessiva materna, e a difícil relação com os filhos, Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier). Com o sucesso na TV de Dona Hermínia, a condição financeira melhorou sensivelmente, mas seus problemas familiares não. A mãezona agora terá de lidar com algumas mudanças, que inclui uma viagem à São Paulo, a possibilidade da mudança “das crianças”, a chegada do neto, a visita da irmã Lucia Helena (Patricya Travassos), que mora há anos em Nova York, a escolha da profissão de Marcelina e até a sexualidade de Juliano.
Mas vamos agora desmembrar sua equação quase cinematográfica.
Os holofotes permanecem no histrionismo do comediante Paulo Gustavo (exatamente como escrevi em 2013), que não cansa de fazer gracinhas na base de muito improviso. E mesmo com uma teatralização excessiva das sequências, até acerta aqui e ali.
A trama – previsível e totalmente apoiada no carisma desbocado do protagonista, que não por acaso é co-roteirista – segue fatiada em esquetes e de linguagem televisiva. Com tantas pontas soltas, o roteiro é um buraco com suas histórias que seguem em paralelo, reflexo de uma montagem tosca (sem conexão até entre personagens) e de lances melodramáticos terríveis (agravado por uma trilha pior que em novela mexicana).

Entre tantos furos, onde quase nenhuma cinema é praticado, há pontos que merecem algumas linhas. Apesar do clima fake, as tiradas com os temas/convidados do programa de TV da Hermínia conseguem se destacar no texto. A sequência do apartamento da companhia de teatro em SP é engraçada, e, sim Paulo Gustavo. Ele que – baseado em sua própria mãe – criou e personalizou Dona Hermínia de uma forma que você nem lembra que tem um comediante por baixo de tudo aquilo ali. Ok, ainda não é cinema, mas melhorou alguma coisa.
