O Passageiro (The Commuter, 2018) de Jaume Collet-Serra
Mais recente entrada na antologia não-oficial de filmes de ação para paizões estrelados por Liam Neeson, O Passageiro (The Commuter, 2018) de Jaume Collet-Serra, trás o ator no clássico papel do homem comum no lugar e hora errados a la John McClane/Duro de Matar, desta vez em um trem suburbano.
Michael MacCauley (Liam Neeson), ex-policial aposentado que acabou de ser demitido do emprego de vendedor de seguros de mais 10 anos, é abordado por uma mulher misteriosa (Vera Farmiga) durante sua viagem rotineira de volta para casa e desafiado a encontrar um passageiro que pode ou não ser alvo de uma conspiração assassina, ganhando, em troca, 100 mil dólares.
Assim como em Expresso do Amanhã/Snowpiercer (2013), O Passageiro é uma fábula moral sobre luta de classes e elites corporativas opressoras, disfarçada de blockbuster de ação em um ambiente restrito. Neeson – que fez uma carreira ao desafiar as palavras imortais de Danny Glover em Máquina Mortífera (1987) sobre os limites do trabalho policial na terceira idade – continua encarnando um anti-herói sessentão com já consagrada naturalidade, enquanto o diretor Jaume Collet-Serra (do bem sucedido Águas Rasas, 2016) demonstra segurança e paciência em um primeiro ato quase inteiramente dedicado a estabelecer os personagens.
O filme decola uma vez dentro do trem, e a coisa toda funciona como um thriller de ação descompromissado enquanto a trama é percorrida num ritmo acelerado. Mas aí a história chega a uma parada literal no terceiro ato e todos os furos da conspiração central vêm à tona. Os filmes de Collet-Serra são thrillers bruscos (e quatro deles são com Liam Neeson fazendo praticamente a mesma coisa), auto-contidos e levemente absurdos que estão acima da média dos blockbusters hollywoodianos, mas mesmo ele não consegue impedir esse roteiro de descarrilar.