‘Jobs’ é uma biografia sonolenta
“Você não pode conectar os pontos olhando adiante, você só pode conectá-los olhando para trás. Então, você tem que confiar que os pontos vão se conectar de alguma forma no seu futuro. Você tem que confiar em alguma coisa: seu Deus, destino, vida, carma, seja o que for” (Steve Jobs).
Steve Jobs, reconhecidamente, foi uma das mentes mais importantes de todos os tempos. Da sua mente surgiram criações que mudou a forma como as pessoas pensam a diversão e a comunicação. O mundo da tecnologia pode ser até ser observado como pré-Jobs e pós Jobs. Indiscutivelmente um gênio no que fazia.
Computador era coisa de empresa, e dele surgiu a revolução de que cada casa poderia ter o seu próprio computador doméstico. Depois, cada um poderia ter o seu computador pessoal. Seu celular virou Iphone, e escutar música virou sinônimo de Ipod. Seus discursos, sempre atrelados à sua vida pessoal e profissional, são exemplos de perseverança e muita luta.
Mas, infelizmente, o que poderia ser a tradução de uma vida incrível no cinema, Jobs (jOBS, 2013) de Joshua Michael Stern, resulta numa biografia videoclipada. Seu texto e condução transforma seus discursos inspiradores em momentos vazios, e, apesar de uma recriação visual espantosa, apresenta uma atuação descompassada e apática de Ashton Kutcher, comediante tentando fazer drama. Não consegue enganar ninguém com aquele sorrisinho de ‘sabe tudo’ e umas falas de convencimento que, na real, não convence.
História
A trama parte do seu discurso de lançamento do Ipod, em 2001, para depois retomar o momento em que Steve Jobs estava na faculdade – que abandonou – para ser uma dos maiores empreendedores (e dos mais criativos) ao criar a Apple.
Fica como um registro curioso ao acompanhar o extremo perfeccionismo do retratado e seu temperamento difícil. Seus produtos não poderiam ter falhas no acabamento, tampouco nenhum parafuso poderia ficar à mostra, entre outros detalhes.
Roteiro
O roteiro do drama, do estreante Matt Whitley, dá sinais visíveis de falta de tutano – diferente do seu biografado – numa edição que picota suas ações com a adição de muitas músicas (pop) emoldurando os fatos. Com isso sua trama fica frouxa e provoca uma falta de interesse. Mas o que mais impressiona são as semelhanças visuais das pessoas envolvidas, que para quem não conhece, é demonstrada nos créditos finais. E a tentativa de Ashton Kutcher de ser um ator dramático ficou apenas na tentativa mesmo.
O filme
Steve Jobs revolucionou o mundo da tecnologia? Indubitavelmente, porém a vida do homem por trás da criação do computador pessoal, do Ipad, do Iphone e do Ipad, que fundou a Pixar – entre outros feitos – se transformou num filme fadado ao esquecimento. Se seus produtos são ditos livres de vírus em geral e de outras pragas tecnológicas, sua cinebiografia está infectada com o alto teor de sonolência.
Muito melhor rever o filme para TV, Piratas da Informática – Piratas do Vale do Sicílio (Pirates of Silion Valley, 1999), que aborda a criação tanto a da Apple quanto da Microsoft.