“L.O.C.A. – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor” (2021) por Claudia Jouvin
Estreia dia 15 de agosto, de forma exclusiva, no streaming e no canal Telecine (selo Telecine Première), o segundo longa-metragem de Claudia Jouvin (“Um Homem Só”). “L.O.C.A. – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor”. Produzido (Carla Jabor – “Aos Teus Olhos” e “Boas Sorte”), dirigido e roteirizado (Jouvin) e protagonizado por mulheres. Contando as aventuras e histórias pertencentes ao universo feminino para discutir romances vividos por elas e suas supostas loucuras.
A trama começa com Manuela (Mariana Ximenes), que depois de ter sido deixada no bairro que não conhecia pelo seu então ficante Carlos (Fábio Assunção), conhece Elena (Débora Lamm) depois de uma situação um tanto estranha: Eles assistem um ônibus pegar fogo. Cuidando dos ferimentos de Elena, Manu fala um pouco do seu relacionamento, então já nova amiga lhe dá um panfleto das reuniões da L.O.C.A: Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor.
Manuela trabalha na revista Celine, que fala do universo feminino. E após insistir e discutir com seu chefe, Estevão (Otávio Muller), que inclusive acha que entende mais de mulheres do que todas que trabalham na redação da revista. Ela vai à reunião da L.O.C.A, para escrever uma matéria. Lá além de rever Elena, ela faz amizade com Rebeca (Roberta Rodrigues) e conhece outras mulheres que vivem relacionamentos tóxicos e estão em busca de paz de espírito.
O filme é uma comédia acima da média que acerta nos temas que trata. Uma reflexão sobre relacionamentos tóxicos e a suposta loucura das mulheres. Uma bela sacada coloca a sigla L.O.C.A., fazendo alusão à palavra louca. Uma das coisas que a realizadora Claudia Jouvin trata é de falar das loucuras do universo feminino (Louca é um termo utilizado por homens para muitas vezes referenciar mulheres que não se adequam ou fazem o que eles pensam e querem). Aqui se trata mais sobre coragem do que propriamente algum tipo de distúrbio histérico.
Outros temas debatidos são o embate entre: Como as mulheres são representadas na sociedade. Vs. O que elas realmente desejam ser e querem ser vistas; a busca pelo amor (que é uma obrigação imposta a elas); e claro, o machismo.
Estevão sempre faz comentários machistas e como dito acha que entende do universo feminino dos que as mulheres que trabalham na redação da revista com ele. Carlos, é um professor universitário (que faz poesia erótica) que nunca assumiu seu relacionamento com Manuela. Jorge (Erico Brás), vive um romance com Rebeca, mas vive traindo e Edson (Luiz Miranda), marido de Elena, bem, dos três relacionamentos é o que têm mais surpresas. O único relacionamento saudável do longa é entre a irma de Manu, Joana (Valentina Bandeira) e seu esposo Otávio (Victor Lamoglia)
A fotografia de Rodrigo Monte é bem dinâmica, apesar de uma decupagem clássica. A direção de arte de Kiti Duarte e os figurinos de Marina Franco, utilizam paletas de cores quentes (Vermelho, amarelo, rosa e às vezes roxo), para simbolizar o universo feminino, enquanto os homens têm cores mais sóbrias. A Trilha Sonora usa um Tecnobrega, Funk (para representar Rebeca) e pop atual (fazendo alusão aos ritmos de Pabllo Vittar).
O terceiro ato marca novas reviravoltas e revelações, fazendo as três amigas buscarem vingança. E nesse momento que filme quase trai o que propõe, pois as vinganças são sim atos de loucura. Porém, eles se mostram necessários, tanto para finalizar o arco de aprendizagem e desenvolvimentos das personagens e suas redenções. No final, o longa alcança, mesmo que por alguns clichês, seus objetivos de fazer essas mulheres que acompanhamos buscarem relacionamentos saudáveis e se amarem como são.
“L.O.C.A. – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor” é uma comédia que explora muito bem o universo feminino. Um acerto nas temáticas discutidas e nas personagens que buscam ser mulheres em busca relacionamentos saudáveis e paz de espírito.