Analista da CIA, que que se torna agente de campo pelas circunstâncias arriscadas da missão, Jack Ryan é um personagem que saiu das páginas do escrito Tom Clancy direto para o cinema. Antes interpretado por Alec Baldwin, Harrison Ford e Ben Affleck em quatro filmes diferentes, em Operação Sombra: Jack Ryan (Shadow Recruit: Jack Ryan, 2014) a franquia renasce para recontar sua origem.
Chris Pine encarna o herói na fita dirigida por Kenneth Branagh, também vilão da trama. O retorno, que centra forças em sua primeira missão, é muito bem resolvido num thriller que conta no elenco com Keira Knightley e Kevin Costner.
Jack Ryan (Chris Pine) está infiltrado numa agência financeira, e, ao farejar negociatas escusas vindo de um cliente da Rússia (Kenneth Branagh), seu mentor (Kevin Costner) o envia para Moscou. Ao descobrir que a jogada envolve um ato terrorista que culminará na desestabilização da economia americana, Jack Ryan aciona a CIA.
Roteiro e direção
A ação se situa a partir do atentado às torres gêmeas de 2001 e traz o medo para fatos recentes, ao mesmo tempo que acende os brios patrióticos do protagonista. O roteiro, assinado pelo estreante Adam Cozard e finalizado pelo tarimbado David Koepp (de Jurassic Park – 1993; Missão: Impossível – 1996; e O Quarto do Pânico – 2002), é o 1º da franquia Jack Ryan a não ser baseado em nenhum livro de Tom Clancy. E, apesar de haver apenas um sopro de Guerra Fria no ar – afinal o vilão é Russo, o analista da CIA continua fiel às suas origens. A inteligência vem à frente da ação, e seus relatórios e estudos sobre o inimigo mais uma vez são sustentáculos essenciais da trama.
O thriller não é exatamente uma fita de ação – não há uma correria ininterrupta, mas suas sequências aceleram muito bem. E conforme a trama afunila, a ação ganha a companhia envolvente da tensão, que cresce também. E, após uma superprodução cheia de efeitos como Thor (2011), Kenneth Branagh prova que dentro de um coração shakespeariano também bate um coração louco por espionagem, ao melhor estilo Missão: Impossível.
Chris Pine/Keira Knightley
Sempre essencial como um apoio moral do personagem em outros filmes (principalmente em Jogos Patrióticos e Perigo Real e Imediato, ambos com Harrison Ford), o ponto baixo vai para o envolvimento mais do que necessário de sua noiva (Keira Knightley, ok, ok), especificamente na ação. Após estrelar com sucesso os dois novos Star Trek (2009 e 2013) na pele de um ícone da ficção (Capitão Kirk), Chris Pine segura a onda ao entrar em ação pela primeira vez como Jack Ryan.
Kenneth Branagh/Kevin Costner
Kevin Costner, cogitado como o 1º Jack Ryan em 1990, cumpre a função de ensinar o caminho tortuoso de matar, mas com o objetivo da missão. “Melhor que as mãos tremam depois que durante”, discorre Costner para seu agente após matar sua primeira vítima. Muito bem apresentado como um vilão impiedoso – Kenneth Branagh faz um vilão que escuta ópera, é fã de Napoleão Bonaparte e age violentamente por suas próprias motivações.
IMAX
A cópia em IMAX enaltece as sequências de ação. O acidente de helicóptero, a chegada no apartamento em Moscou (corredor vermelho, atenção perigo eminente na tela), a fuga de um prédio, seguido de um resgate, além, é claro do terço final, somos colocados dentro da ação. Uma experiência maior no cinema, e ainda melhor em IMAX.
Tom Clancy
Em 1984 Tom Clancy (1947~2013) surgiu para o mundo literário com uma obra que bebia da Guerra Fria. A trama Caçada ao Outubro Vermelho centrava num capitão russo de um tecnológico submarino que planejava desertar. Mas para contornar a situação eis que surge um analista da CIA, Jack Ryan, que tem de entrar em ação para resolver o problema.
Mace Neufeld – produtor veterano de A Profecia (1976) e Sem Saída (1987) – comprou os direitos de produção dos livros de Clancy, e até ali Jack Ryan já havia estado em outras quatro publicações.
Alec Baldwin
A primeira opção para ser Jack Ryan foi Kevin Costner, que, envolvido no trabalho à frente e atrás das câmeras em Dança com Lobos (1990), declinou. O escolhido, Alec Baldwin vestiu bem a pele do herói americano e teve Sean Conney como o antagonista. Adaptado ao cinema em 1990, Caçada ao Outubro Vermelho foi um sucesso. Hollywood enxergava ali a nova oportunidade de uma franquia.
Harrison Ford
Primeiro problema, pelo teatro, Alec Baldwin não voltaria para a continuação. Harrison Ford foi contratado e o protagonista envelheceu alguns anos. Muitos milhões de dólares depois vieram Jogos Patrióticos (1992) e Perigo Real e Imediato (1994). Pronto, a franquia ‘Jack Ryan’ estava nos trilhos, certo? Errado. A próxima adaptação, ‘A Soma de Todos os Medos’, era ação terrorista pura e Harrison Ford pediu para sair.
Ben Affleck
O projeto ficou estancado na Paramount por algum tempo e, mirando um público mais jovem, a solução foi rejuvenescer Jack Ryan. Eis que surge Ben Affleck na revitalização do personagem. Apesar da trama do livro se passar numa época posterior a de Perigo Real e Imediato, o cinema tratou de fazer uma adaptação na série em A Soma de Todos os Medos (2002).
Franquia
“Confia em mim” pede o herói a sua noiva, mas é senha para o público também confiar que dali podem sair outros bons filmes com a chancela Jack Ryan de ação cerebral e diversão garantida.