A Torre Negra (The Black Tower, 2017) de Nikolaj Arcel
Assumidamente a condensação de nada menos que a série de oito publicações de Stephen King, A Torre Negra (The Black Tower, 2017) de Nikolaj Arcel é uma obra cinematográfica que carece de qualidades.
Publicada entre 1982 e 2012, a saga literária de mesmo nome une fantasia, sci-fi western, e referências da cultura pop. Sua trama original, que tem até mesmo conexões/citações de outras obras do mesmo autor, conta a história de um pistoleiro e sua busca em direção a tal Torre Negra, cuja natureza é tanto física quanto metafórica, e que serve para equilibrar os mais diferentes mundos e universos existentes.
Na adaptação ao cinema, a palavra chave é condensar. Mas a ponto de ser apenas uma mistureba de gosto duvidoso, cenas de ação meia-boca, e um vilão risível.
A história é contada através da visão do menino Jake (Tom Taylor, OK), que aparentemente tem poderes ocultos, mas que é assombrado por sonhos com uma realidade paralela dominada por um Homem de Preto (Matthew McConaughey), que quer destruir A Torre Negra. Ao adentrar em outro mundo, o jovem encontra o Pistoleiro (Idris Elba), e descobre que juntos podem enfrentar aquele que quer destruir o equilíbrio do universo e dominar o mundo.
A adaptação, que já vinha sendo desenvolvida desde 2010 por Ron Howard (aqui produtor), é puro clichê, que não funciona a favor de seu fiapo de história, repletos de diálogos preguiçosos e com quase nenhum tipo de humor (salvam-se duas piadas de Idris Elba com a sua inadequação de tempo e espaço). E outra, você consegue mesmo acreditar em algum tipo de relação formada pelo garoto Jake e o Pistoleiro? Deu até sono só de lembrar.
Um dos roteiristas é Akiva Goldsman, Oscar de roteiro adaptado por Uma Mente Brilhante (2002), mas também de desastres como Batman & Robin (1997) e Transformers: O Último Cavaleiro (2017), que não resiste em tentar explicar demais tudo o que se passa em tela. Mesmo que seja incompreensível, mas de uma forma ruim.
São 95 minutos de uma narrativa desconexa, numa tentativa de fundir um novo mundo fantástico de aventura sci-fi, horror e western em uma pretensa nova série cinematográfica. Seu diretor, o mesmo do drama de época O Amante da Rainha (2012), parece bem perdido nessa trama hollywoodiana. Fica até evidente que sequências de ação – como quando o pai de Jake se transforma em um monstro qualquer ou o ataque do Homem de Preto ao pequeno vilarejo – são como pequenas historietas retiradas de vários contos em separado, apenas para inchar a trama com alguma aventura.
Para somar ao desastre, a montagem e trilha sonora não ajudam, ainda temos de perceber que sua fotografia, apesar de mundos distintos, não muda em quase nada de tonalidade, praticando um mesmo filtro (ou olhar), para aqueles diferentes universos. Sem esquecer de citar que, acompanhamos um confronto entre o bem e o mal que consegue ira bem além do vergonhoso.
E se, mesmo apesar do texto ruim, Idris Elba parece estar confortável no papel do heróis Pistoleiro, o mesmo não se pode dizer do vencedor do Oscar, Matthew McConaughey. É um vilão? Sim, mas a canastrice vai além da conta vilanesca em questão. Um papel para se esquecer, em um filme idem.
Informações especiais
Obras da saga literária de A Torre Negra, todos escritos por Stephen King, são: O Pistoleiro (1982) | A Escolha dos Três (1987) | As Terras Devastadas (1991) | Mago e Vidro (1997) | Lobos de Calla (2003) | Canção de Susannah (2004) | A Torre Negra (2004) | O Vento Pela Fechadura (2012).