Comportamento Suspeito (Disturbing Behavior, 1998) de David Nutter
Estamos de volta aos anos 90, naquele período do cinema americano pós-Pânico 1 e 2 (1996/1997), que gerou uma onda de produções que tinham como base o terror, mas com algumas variações interessantes.
O slasher sobreviva além do assassino Ghost Face em obras como Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997), Eu Ainda Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (1998), Lenda Urbana (1998), e o revival de Michael Myers (Halloween H20, 1998). A comédia de horror teve A Mão Assassina (1999) e uma nova face do Brinquedo Assassino em A Noiva de Chucky (1998). Outro personagem “voltou” para tentar aproveitar a febre, A Maldição de Carrie (1999), proveniente do universo de Stephen King.
Mas, antes mesmo da estreia do bem-sucedido Prova Final (1998 – outro lançamento Classicline), que ampliou o contexto de horror adolescente com a adição da ficção científica, tivemos um suspense que também envolvia em sua trama não só algo de SCI-FI, mas também um terror psicológico: Comportamento Suspeito (1998). Era a estreia na direção no Cinema para David Nutter, proveniente da TV (Arquivo X; Millennium; Dark Angel; Roswell; Smalville; Supernatural), e que venceria o EMMY por Game of Thrones.
No elenco um bom balanço entre um carismático quarteto de jovens – James Marsden pré X-Men (2000); Katie Holmes que faria em seguida Tentação Fatal (1999); Nick Stahl (O Homem Sem Face, 1993); e Ethan Embry (The Wonders, 1996) – e dois ótimos veteranos, Bruce Greenwood (Exótica, 1994; O Doce Amanhã, 1997) e William Sadler (Um Sonho de Liberdade, 1993; Duro de Matar II, 1990).
Na trama, um adolescente abalado muda-se com a família para uma cidadezinha do interior. Na escola, torna-se amigo de um desajustado e se interessa pela rebelde da turma, não sem antes descobrir que, por trás da perfeição de um grupo de jovens, se esconde um instinto sinistro e violento. Contar além disso é revelar demais, e pode estragar a experiência do espectador, mas pistas falsas, personagens esquisitos e uma trilha sonora tão cult quanto o próprio filme, deixam um gosto final que fica entre o esquisito e o interessante.
Como bem apontou o Marc Savlov no Austin Chronicle, é como se John Hughes (Curtindo A Vida Adoidado, O Clube dos Cinco) conhecesse Ira Levin (O Bebê de Rosemary) na mesma escola que estudasse Carrie, a estranha. Claro, com um clima de Arquivo X, meio paranoico e muito assustador.
Longe de ter sido um sucesso de bilheteria, como a maioria dos filmes noventistas citados acima, Comportamento Suspeito (1998) sofreu remontagens pós exibições-teste nos EUA, mas nada que se torne ainda mais curioso ao conferir suas cenas deletadas e o obscuro final original do diretor, presentes nesta edição, lançamento da Classicline com minha curadoria. Por fim, mais de 20 anos após a sua estreia, o filme de David Nutter acabou por se tornar uma obra a ser descoberta (e curtida sem culpa) em meio ao lote de suspense e terror dos anos 90.