Além dos melhores filmes do ano, o Clube Cinema também elegeu os piores filmes de 2013. E lembrando, a lista das obras mais fracas se baseia no mesmo princípio: escolher apenas os filmes que foram lançados comercialmente nos cinemas do Brasil – em cartaz de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2013, independente do ano de produção dos mesmos. Portanto, é comum conter produções com estreias atrasadas e/ou de anos anteriores.
O cinema nacional se destacou negativamente com nada menos que 10 filmes – agrupados em primeiro lugar – num tópico especial para si. Assim como outras continuações enlatadas, que encheram as telas do cinema de bobagem. Hollywood marca uma presença maciça, tanto com superproduções que fracassaram nas bilheterias, quanto os sucessos também.
Mas antes que reclamem, é importante lembrar que elaborar uma lista é algo muito pessoal e opinativo, e minhas justificativas para a indicação está explícita na postagem.
Confira a lista dos piores do ano, que contempla 24 filmes:
1. Comédias nacionais: da lista abaixo, seis figuram entre os maiores sucessos de público do ano, mas de qualidades artísticas inversamente proporcionais ao seus dígitos nas bilheterias.
Crô – O Filme; Se Puder…Dirija!; Casa da Mãe Joana 2; Até que a Sorte nos Separe 2; O Concurso; Odeio O Dia dos Namorados; Vai que Dá Certo; Meu Passado me Condena – O Filme; Minha Mãe é uma Peça – O Filme; Vendo ou Alugo.
São filmes indefensáveis, e alguns deles reles conjunto de esquetes humorísticos que poderiam ser exibidos como telefilmes ou programas de humor semanais na TV, sem composição necessária para ser considerado cinema em sua essência. Um conjunto de vergonha alheia, não-interpretações, misturado com piadas preconceituosas e histórias (ou a falta delas) que apelam para situações constrangedoras como base para o riso fácil e acerebrado. Lixo, lixo, lixo. Isso não é cinema.
2. A Hospedeira (The Host, 2013): numa Terra dominada por aliens, que usam os corpos dos humanos como hospedeiros e instauram uma sociedade insípida, inodora e incolor, há um insistente clima de romance adolescente, onde o amor puro e perfeito é a chave para a paz mundial. Uma breguice sem fim.
3. Oz, Mágico e Poderoso (Oz the Great and Powerful, 2013): a história da origem do mágico de Oz, em imagens, é uma aventura grandiosa, mas de forma estéril e sem tutano para criar uma fagulha sequer de sentimento. É uma colagem de indiferenças, sem emoção, tensão, sensibilidade, romance ou empolgação. O tédio ganha de longe e só é perturbado com algumas doses cômicas, quase sempre com um humor infantil em demasia.
4. O Cavaleiro Solitário (The Lone Ranger, 2013): insiste em dar ao índio Tonto (Johnny Depp) frases engraçadinhas (nada engraçadas, diga-se) e situações constrangedoras – o cocô de cavalo, alimentar o pássaro, por exemplo. A comédia de faroeste tira para todos os lados e não acerta quase nada. No fim é apenas longo, lento e chato.
5. RIPD – Agentes do Além (R.I.P.D., 2013): um sub MIB, onde uma dupla de agentes do Departamento Descanse em Paz, trabalha às escondidas na Terra para combater os perigos do além. Efeitos ruins, piadinhas infames e muito barulho para nada.
6. Para Maiores (Movie 43, 2013): um conjunto de esquetes – ou curtas, sobre a busca do Filme 43 num festival de baixarias impronunciáveis. Sem graça e vergonha alheia para grandes nomes no elenco.
7. Aposta Máxima (Runner Runner, 2013): com uma condução rasteira e interpretações canastronas do começo ao fim, é um thriller pasteurizado, de modo que em nenhum momento o espectador se sente diante de personagens ou situações reais.
8. Chamada de Emergência (The Call, 2013): um verdadeiro trote sobre uma atendente do 911 que se pretende resolver o crime de um serial killer e, ao mesmo tempo, ajustar as contas com o passado. De telefonista à agente do FBI em 90 minutos.
9. Alvo Duplo (Bullet to the Head, 2012): um verdadeiro tiro na cabeça (como o título original), a fita de ação mais sem ação do ano.
10. Continuações
Gente Grande 2 (Grow Ups 2, 2013): humor (muito) grosseiro e que faz constantemente uma pergunta aos seus protagonistas: quando será que vão crescer? A resposta é nunca, com piadas físicas e ‘lições de moral’ que envolvem bullying, vingança e o nojento “espirrotopum”!
Se Beber Não Case III (The Hangover Part III, 2013): esqueça todas as piadas que fez você se acabar de rir anteriormente. Nada de despedida de solteiro, bebedeiras, ressaca, nem amnésia ou de relembrar o que aconteceu na noite anterior. Com uma costura estrambólica, o ‘Bando de Lobos’ tentará encontrar Mr. Chow e devolver a grana de um mafioso barra pesada. Lixo sem graça e longe dos outros dois.
O Massacre da Serra-Elétrica 3D: A Lenda Continua (Texas Chainsaw 3D, 2013): após uma abertura que relembra os fatos dos filmes anteriores, começa mais uma produção sobre adolescentes estúpidos sendo mutilados um por um. Cenas de ação se limitam unicamente a mostrar o vilão correndo atrás dos jovens e matando sem nenhuma criatividade.
Todo Mundo em Pânico 5 (Scary Movie 5, 2013): continuação injustificável que força seu protagonista um coadjuvante do coadjuvante da série Scary Movie e usa como mote os filmes de terror Mama e a série de fitas de Atividade Paranormal, além de satirizar outros longas, sem sucesso.
Duro de Matar (5) – Um bom dia para morrer (A Good Day to Day Hard, 2013): uma trama rasteira, de reviravoltas injustificadas e cenas de ação exageradas. Parece uma fita de ação comum de locadora, fora do padrão Die Hard.
Menção Desonrosa
Sem Dor, Sem Ganho (Pain & Gain, 2013): o cardápio é farto. Além de esteroides anabolizantes, há sequestro, tortura, mutilação, fuga, assassinado, drogas, sexo, impotência sexual e malhação. Uma comédia de ação sem sutileza alguma, com duas horas e dez minutos de pura babaquice na tela.
*Daniel Herculano é jornalista e publicitário. Crítico de cinema formado em cursos de Ana Maria Bahiana (Uol/Globo de Ouro), Pablo Villaça (Cinema em Cena/OFCS), Ruy Gardnier (Casa Amarela/O Globo/Contracampo) e Joaquim Assis (Instituto Dragão do Mar/Roteirista).