Lançamento da coleção Alligator vem com o primeiro Alligator: O Jacaré Gigante (Alligator, 1980) de Lewis Teague e o segundo, Alligator II: A Mutação (Alligator: The Mutation, 1991) de John Hess, ambos numa edição digipack dupla, com dois cards e uma luva exclusiva em uma edição de colecionador
O cineasta americano Lewis Teague (08/03/1938~) faz o tipo do diretor operário padrão. Extremamente eficiente, estagiou com o diretor Sydney Pollack (Oscar por “Entre Dois Amores”, 1985) na Universal Television, e foi gerente de produção no documentário clássico “Woodstock – 3 Dias de Paz, Amor e Música” (1970). Trabalhou para o lendário produtor de Filmes B, Roger Corman (“Piranha”, 1978) ao longo da década de 1970; de diretor de segunda unidade em “Corrida da Morte – Ano 2000” (1975), “Trovões e Relâmpagos” (1977) e “Avalanche” (1978); a montador de “Galo de Briga” (1974), e “Loucura da Mamãe” (1975) de Jonathan Demme. Mas em 1980 teve uma grande responsabilidade, ao assumir como diretor de segunda unidade no clássico e épico da Segunda Guerra Mundial, “Agonia e Glória” (1980) de Samuel Fuller.
Nesse mesmo ano, o diretor assinaria o cult trash, Alligator: O Jacaré Gigante (Alligator, 1980). Produção que bebe na fonte dos filmes de monstros, e que aposta valendo no absurdo tão absurdo, que tudo se torna uma grande e sangrenta diversão. Há momentos de ranger os dentes, mas também aqueles que você simplesmente não acredita no que está acontecendo. Na trama, acompanhamos uma família voltando da Flórida para Chicago trazendo um filhote de jacaré. Para se livrar do réptil, ele simplesmente joga o filhote na privada. Mas o animal sobrevive nos esgotos, alimentando-se de lixo radioativo, tornando-se um monstro gigantesco e assassino. É isso mesmo, prepare-se para muita sangue e gritaria. Se no clássico trash, “Piranha” (1978) de Joe Dante (outro lançamento Classicline), tanto a história original quanto o roteiro final era assinado pelo cineasta John Sayles, aqui em Alligator (1980), ele carimba o roteiro final da produção. O mesmo Sayles já foi indicado ao Oscar de roteiro original duas vezes (“Lone Star”, 1996; e “Tudo Pela Vida”, 1992), e concorreu à Palma de Ouro em Cannes com “Limbo” (1999).
Além do bom trabalho em Alligator (1980) – indicado ao Grande Prêmio no Festival de Filmes Fantásticos Avoriaz –, Lewis Teague dirigiu duas elogiadas adaptações de Stephen King. O aterrorizante “Cujo” (1983), e uma surpreendente antologia, “Olhos de Gato” (1985), outro lançamento Classicline. Foi o responsável pela divertida sequência de “Tudo por uma Esmeralda” (1984), batizado de “A Jóia do Nilo” (1985), brincou com os clichês do filme de ação em “Comando Imbatível” (1990), e lançou uma descolada ficção-científica futurista, “Aliança Mortal” (1991). E mesmo com o sucesso de Alligator, ele preferiu não voltar para a sequência.
Parece até um remake, mas Alligator II: A Mutação (Alligator II: The Mutation, 1991) é mesmo uma continuação, e muito mais trash que o original. O frescor oitentista já tinha sumido, então o esquema aqui é extrapolar todas as convenções da barbaridade, abraçando toda a podreira que um horror de monstro pode produzir. E quando outro jacaré está a solta, agora em um lago, sua alimentação a base de resíduos tóxicos, despejados através de um esgoto que vem direto de uma grande corporação, o faz passar por essa tal mutação. Agora é hora do novo jacaré gigante devorar os moradores da região, com direito a pedaço de gente, sangue e muita gritaria. A continuação é assinada pelo mesmo diretor de “O Limite do Terror” (1988), que também é produtor de “A Outra História Americana” (1998).