Robocop (Robocop, 2014) de José Padilha
O filme: 2028. Robôs e drones não tripulados são usados para garantir a segurança mundo afora, exceto nos Estados Unidos, que não possui legislação para inserir androides no combate ao crime.
Criadora das máquinas, a empresa OmniCorp quer reverter esse cenário e busca conquistar a população ao criar um robô que tenha consciência humana. O escolhido para a experiência é o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman), que sofre um atentado e está entre a vida e a morte.
Porque assistir: por ser o remake de um clássico (Robocop, 1987), ultraviolento, já causa interesse. O diretor brasileiro José Padilha – o mesmo de Tropa de Elite 1 e 2 (2007; 2010) insere uma visão particular sobre a obra original, com uma atualização interessante que inclui ação de video-game, o o poder do capitalismo e da mídia.
Um elenco respeitável impulsiona o teor de bom produto para a obra. Abbie Cornish (Sucker Punck – Mundo Surreal) é a esposa do policial meio homem/meio máquina, Michael Keaton (o Batman de 1989) é o presidente da OmniCorp, o responsável pelo marketing é Jay Baruchel (dos filmes de Judd Apatow, como Ligeiramente Grávidos) o chefe do treinamento de campo é Jackie Earle Haley (Watchmen – O Filme) e principalmente o criador do Robocop, Gary Oldman (Drácula de Bram Stocker).
Melhores momentos: Samuel L. Jackson (Django Livre e Pulp Fiction) tem três aparições, todas incríveis. A primeira abre o filme – que também surpreende pela ação em Teerã; a segunda quando brinca de debate na TV ao vivo – com uma cortada genial; e a terceira, num monólogo que fecha a fita;
O treinamento do Robocop é bacana e por vezes quase um jogo em 1ª pessoa; a sua primeira aparição pública, quando finalmente entra em ação; e a mais impressionante demonstração de quão frágil é o ser humano Alex Murphy (Joel Kinnaman) dentro do robótico Robocop.
Pontos fracos: claro que comparações com o original são inevitáveis e a fita perde um pouco de potência quando se trata da violência. Na verdade na falta de sangue, de mostrar a degradação humana, como em 87 foi bem explorado.
Na prateleira da sua casa: Padilha venceu o Urso de Ouro em Berlim (Tropa de Elite, 2007) e estreia no mercado hollywoodiano com um produto bem feito e que diverte. Não chega a gerar uma grande discussão política, mas cutuca bem o lobby pesado das grandes indústrias, produtos feitos na base do marketing e no possível poder de manipulação da mídia. E Joel Kinnaman (da série de TV ‘The Killing, e de Millennium – Os homens que não amavam as mulheres) cumpre bem o seu papel de homem perplexo frente à uma condição de meio homem/meio máquina.
O Blu-ray contém extras interessantes: cenas excluídas, anúncios de produtos OmniCorp, um especial ‘Robocop: criado para o século 21’, e trailers. Além do remake, a Fox Home Entertainment (MGM/Sony) também lança um box com a coleção completa de Robocop, contendo a trilogia original (1987; 1990; 1993) + refilmagem de 2014.