A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011) de Phyllida Lloyd
Não sei se A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011) de Phyllida Lloyd, é um filme sobre a demência ou sobre a figura de Margaret Thatcher. Com uma visão extremamente feminista da história de uma das mulheres mais poderosas da política mundial recente, o drama peca por ter uma narrativa embolada, ser repetitivo e nada subjetivo. Vide as cenas com o salto alto no meio da multidão, o chapéu feminino do meio dos homens, a protagonista no centro da tribuna do parlamento ou a sua produção para se tornar a candidata ideal à Primeira Ministra.
Tudo lembra outra cinebio de sucesso, uma espécie de um quero ser O Discurso do Rei (2010)… Mas não é, nem de longe. As idas e vindas do tempo não ajudam e tampouco os flashbacks, que nunca foram tão tolos (quando, aos sussurros é dito que ela é filha de dono de mercearia) e até a menção romântica à O Rei e Eu é desenhada, previsível e recorrente.
Na tentativa de humanizá-la esquece-se a política, o olhar insiste em fazê-la conversar com seu marido (já morto), um personagem mal escrito, apagado e caricato (coitado do excelente Jim Broadbent, que se resume a fazer graça com o dia a dia, a sorrir amarelo dos mandos e desmandos de sua esposa). Quanto aos personagens de apoio, parece que não existem. São figuras sem rosto ante à Thatcher.
A Dama de Ferro só não é A Dama de Lata por causa da incomparável Meryl Streep. Com unhas, dentes (postiços), maquiagem e cabelo laqueado a diva detona nos discursos, brinca de atuar com seu sotaque inglês e passa por cima de tudo e todos em qualquer que seja a situação (ou confronto). Até na sua queda. Palmas para Streep e vaias para o filme demente de ruim. NOTA: 4,0
INFORMAÇÕES ESPECIAIS: da mesma diretora de Mamma Mia! (2008), A Dama de Ferro venceu o Globo de Ouro de melhor atriz-drama (Meryl Streep), o Oscar de melhor maquiagem, e deu novamente o Oscar de melhor atriz à Meryl Streep, seu terceiro. O primeiro foi como coadjuvante por Kramer Vs. Kramer (1979) e o segundo como melhor atriz por A Escolha de Sofia (1982).