Bernie – Quase um Anjo (Bernie, 2011) de Richard Linklater
O filme: numa pequena cidade do Texas, um agente funerário local, Bernie (Jack Black), inicia uma amizade com uma rica viúva (Shirley MacLaine). Sua vida muda quando ele decide mata-la, mas ao mesmo tempo cria a ilusão de que ela está viva.
Porque assistir: baseado numa incrível história real, extraído de um artigo jornalístico, a história de Bernie e Marjorie é recontada de forma semi-documental. O diretor deixa as coisas ainda mais curiosas ao intercalar entrevistas com pessoas reais da comunidade, com os atores que fazem os papéis dos protagonistas (Black, MacLaine e Matthew McConaughey).
Fugindo da sua interpretação padrão Jack Black, o comediante se entrega como o tenro e prestativo Bernie – que lhe valeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator (comédia ou musical).
A lady MacLaine também está ótima, como a fechada Marjorie, que aos poucos vai amolecendo, para depois se transformar numa tirana insuportável. McConaughey complementa bem o elenco como a personificação da lei.
Melhores momentos: as entrevistas reais, principalmente quando a cidade inteira defende Bernie, independente do que tenha feito. Muito bom.
Bernie, mesmo à beira da prisão, continua com sua função de incentivar o time de baseball infantil da cidade.
Durante os créditos finais há um encontro entre o verdadeiro Bernie e seu eu na tela, Jack Black.
Pontos fracos: não é exatamente um ponto fraco, mas apenas uma advertência. Não se deixe enganar pela chamada de comédia e um Jack Black sorridente na capa. De humor mesmo, aqui só tem o humor negro e nunca uma comédia rasgada. Portanto é um filme incomum, que pode causar estranheza aqueles que estão acostumados às fórmulas fáceis de comédia.
Na prateleira da sua casa: Richard Linklater é o mesmo diretor e roteirista de uma das trilogias mais cultuadas do cinema, Antes do Amanhecer (1995), Antes do Pôr-do-Sol (2004) e Antes da Meia-Noite (2013). Mas também já dirigiu Jack Black, num dos maiores sucessos comerciais de ambos, Escola de Rock (2003).
O diretor premiado nos entrega um filme fora dos padrões, com um texto meio documental, meio comédia dramática, que reconta uma história impressionante, mas real. Um subtexto que brinca com a máxima vivendo e aprendendo. Curioso e interessante, portanto recomendo demais.