Um Tal Eduardo (Un Tal Eduardo, Uruguai, 2018) de Aldo Garay
Você sabe quem foi Eduardo Franco? Você já ouviu falar do grupo muscial Los Iracundos? Para as duas perguntas a minha resposta é não.
Mas com a ajuda dos fãs de Eduardo Franco, o documentarista Aldo Garay presta homenagem ao principal cantor e compositor popular do Uruguai. Criador da banda Los Iracundos, ele faleceu aos 43 anos, em 1989, e sempre foi uma espécie de Beatles uruguaios, só que completamente cafonas.
E é essa a essência do documentário. A banda é brega até o talo, e a viagem é acompanhar a paixão dos fãs por seu líder, que são capazes de promoverem festas de aniversário como se ele estivesse vivo, levar seus discos para todos os lugares consigo – e registrar o momento -, preparar homenagens, placas, bandeiras, e deixar sua tumba como se fora um altar… Formar bandas covers, ter programas de rádio semanais em sua memória, reproduzir uma estátua em tamanho real, e dar-lhe um lugar especial em uma praça, e muitas outras loucuras.
Além dos fãs, há um pouco da família – sua esposa, filha e filho (mesmo que apenas por uma gravação antiga) -, amigos (um deles mantém uma sala de casa totalmente dedicada como um museu), e até o barbeiro que coratava seu cabelo, em Paysandú, pequena cidade do Uruguai.
E ao focar em um ídolo morto, a abordagem do diretor mira em passagem do tempo, e as lembranças de quem ficou por aqui. E é divertido exatamente pelo tom kitsch que sempre foi peculiar a banda, tudo transportado e abraçado no documentário, e com extrema leveza.
Um Tal Eduardo (Un Tal Eduardo, Uruguai, 2018) | Direção e roteiro: Aldo Garay | Idiomas: Espanhol | Color: Color | 85 minutos | Documentário | O filme participa da Mostra Competitiva Latino-Americana do 20º BAFICI.
*O crítico viajou à convite do Buenos Aires International Festival of Independent Cinema – BAFICI, e compõe o Júri FIPRESCI na Mostra Competitiva Latino-Americana.