Mário de Andrade, um dos principais nomes do Modernismo brasileiro, acaba de ter duas obras, Amar, verbo intransitivo e Macunaíma, adaptadas para quadrinhos pela Editora Ática. Os títulos compõem a série Clássicos Brasileiros em HQ, que completa 10 anos em 2017 com 13 títulos publicados.
“Amar, verbo intransitivo” foi publicado há exatos 90 anos, em 1927, e, agora na versão em quadrinhos, preserva o impacto original que causou na época – além da temática polêmica, o livro quebrava com as regras gramaticais vigentes. A adaptação da história foi feita pelo escritor Ivan Jaf, que tem mais de 60 livros publicados, e as ilustrações ficaram por conta do premiado artista gráfico Eloar Guazzelli.
O livro narra a história de Elza, contratada pelo industrial paulista Felisberto para educar os filhos segundo os costumes europeus, com aulas de piano e de alemão. Mas o real interesse dele ao levar a governanta para casa é que Elza cuide da iniciação sexual de Carlos, o primogênito. Dividida entre as aulas de amor e o desejo de receber o provento prometido para voltar para a Alemanha e se casar, Elza conquista as crianças ao mesmo tempo que causa estranheza em Laura, a mãe delas. Com seu comportamento austero, a governanta alemã revoluciona a rotina na casa dos Sousa Costa.
Já “Macunaíma” conta com roteiro e arte do artista Rodrigo Rosa. Criado originalmente pelo autor modernista, Macunaíma ganha agora novas formas e cores. Nesta adaptação do clássico modernista, o tom bem-humorado e fantástico da obra original é mantido, e a narrativa fragmentada e veloz leva o leitor a viajar em busca da muiraquitã perdida e de traços da identidade cultural brasileira.
Na história, em busca do amuleto, Macunaíma e seus irmãos saem em andança pelo Brasil e dão início a uma odisseia tupiniquim. Com linguagem popular, a obra traz uma representação original do caráter brasileiro com referências à ambiguidade da natureza humana.
Inspirado também na vanguarda europeia, o livro traz o popular e o erudito, o primitivo e o moderno, a cidade e o campo convivendo lado a lado. As cenas cinematográficas, a riqueza dos cenários, o humor, o tom fabular, tudo isso leva a acreditar que Macunaíma nasceu para ser quadrinizado. Ao final da HQ, o leitor encontra informações e curiosidades sobre a época em que a história se passa, além de um making of do roteiro e das ilustrações.
Fichas técnicas
Amar, verbo intransitivo (Preço de capa/sugerido: R$ 45,50) | Série: Clássicos Brasileiros em HQ | Arte: Guazzelli | Roteiro: Ivan Jaf | Adaptado do original de: Mário de Andrade | Segmento: Literatura juvenil | ISBN: 978-85-08-18137-7 | Páginas: 104 | Formato: 19 x 26 cm | Faixa etária/série sugerida: 8º, 9º anos e EM | Idade indicada: a partir de 13 anos.
Macunaíma (Preço de capa/sugerido: R$ 45,50) | Série: Clássicos Brasileiros em HQ | Roteiro e arte: Rodrigo Rosa | Adaptado do original de: Mário de Andrade | Segmento: Literatura juvenil | ISBN: 978-85-08-18139-1 | Páginas: 88 | Formato: 19 x 26 cm | Faixa etária/série sugerida: 8º, 9º anos e EM
Os autores – Amar, verbo intransitivo
Gaúcho radicado em São Paulo, GUAZZELLI é fã de quadrinhos desde cedo, por influência dos irmãos mais velhos, e passou de leitor a autor logo no começo da faculdade. Graduou-se em Educação Artística e Desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e fez mestrado na escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É quadrinista, professor de ilustração, ilustrador e diretor de arte para animações. Em mais de 25 anos de carreira, já ganhou prêmios em salões de humor e desenho e em festivais de cinema por algumas das suas dezenas de publicações, animações e curtas-metragens.
O carioca IVAN JAF é autor de mais de 60 livros, principalmente voltados para o público juvenil, várias peças teatrais e roteiros para o cinema. Como roteirista de HQs, começou sua carreira em 1979, na antiga editora Vecchi, criando histórias de terror em parceria com alguns dos mais consagrados desenhistas nacionais. Na década de 1990, com o renomado desenhista argentino Solano Lopes, publicou histórias de ficção científica e de terror na revista italiana Skorpio. Na coleção Clássicos Brasileiros em HQ, fez também outras adaptações, como A escrava Isaura, Memórias de um sargento de milícias e Dom Casmurro.
Os autores, Macunaíma
RODRIGO ROSA nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. É jornalista formado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) com mestrado em Edição Literária pela Universidade Autônoma de Barcelona. Já aos 14 anos atuava profissionalmente, publicando tiras de quadrinhos no jornal Oi! Menino Deus.
Com mais de 20 prêmios em salões de humor no Brasil e no exterior, é um dos desenhistas mais requisitados pelas editoras do país. Para a coleção Clássicos Brasileiros em HQ da editora Ática, assinou também as adaptações de Memórias de um sargento de milícias e Dom Casmurro e, pela editora Saraiva, publicou a HQ Labirinto, tendo contado com a parceria do roteirista Ivan Jaf em todos esses títulos.
MÁRIO DE ANDRADE nasceu em 9 de outubro de 1893, em São Paulo. Aos 18 anos iniciou seus estudos de piano no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Aos 24, usando o pseudônimo Mário Sobral, publicou seu primeiro livro de poemas, Há uma gota de sangue em cada poema. Foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, em 1922, ao lado de Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia. A publicação de Amar, verbo intransitivo, em 1927, chocou a burguesia paulistana pelo seu conteúdo ousado.
Os intelectuais não aprovaram o desrespeito presente na obra às regras gramaticais vigentes na época. Em 1928 publicou a obra Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Em 1936 criou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Vivendo no Rio de Janeiro, de 1938 a 1941, foi professor de Filosofia e História da Arte e trabalhou no Instituto Nacional do Livro. Exerceu cargos públicos, todos ligados à cultura, e foi pesquisador do folclore nacional. Morreu em 1945, em São Paulo.