Na Estrada (On The Road, 2012) de Walter Salles
Hoje quem escreve a crítica é um fã do livro “Na Estrada”, de Jack Keruac, adaptado para o cinema e dirigido pelo brasileiro Walter Salles, obra que será analisada. Eu mesmo não conseguiria escrever com o mesmo peso e amor que ele tem pelo livro. O publicitário e professor universitário Claúdio Sena é admito fã e curioso sobre o “beatnik way of life”. E, desde já, pede desculpas aos que, como Kerouac, possam vir a repudiar a classificação de beat generation e suas variações.
“Digamos que você nunca tenha ouvido falar no livro On the Road/Na Estrada, que não conheça Sal Paradise, Dean Moriarty, Carlo Marx e Bull Lee, muito menos, Kerouac, Cassady, Ginbsberg e Burroughs. Que beat não signifique nada além de mais um verbete gringo. Mesmo sem nenhuma referência, é bem provável que o filme de Walter Salles cause em você o mesmo choque/estranhamento/identificação/descoberta que o livro causou em milhões de leitores.
Não há como assistir Na Estrada (On the Road, 2012) e passar ileso. O diretor Walter Salles acertou. Acertou no roteiro, na representação do tempo e do espaço, na trilha sonora, na narrativa – por vezes arrastada, por vezes frenética, como a escrita de Kerouac – e na composição dos personagens.
Ok, mas para aqueles que conhecem o livro e acompanham (acompanhavam?) a beat generation?
Para nós, claro, por mais que compreendamos a existência do livro e do filme como obras independentes, nossa mente nos conduz a uma inevitável comparação ou validação de tudo que imaginamos à primeira leitura. Mesmo assim a obra como filme se sustenta.
Não sofremos decepção nenhuma, o que vez por outra acontece quando assistimos adaptações de livros para o cinema. Pelo contrário, somos surpreendidos por um longa que faz jus ao livro no qual foi inspirado. Claro, acelera em alguns momentos e também pisa no freio. Vai além do que imaginamos (eu, pelo menos) em algumas cenas sufocantes de sex and drugs sections. Mas há bons intervalos para respirar e pensar na vida, como Sal gostava de fazer.
Enfim, que tenha lido o livro ou não, empreenda a viagem. Embarque Na Estrada de Kerouac e de Walter Sales e não volte do mesmo jeito que foi.”
NOTA: 9,0
*Claudio Sena (siga no Twitter @claudiosena) é Especialista em Teorias da Comunicação e da Imagem (UFC) e Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade do Porto, em Portugal. Seu site é www.claudiosena.com.br e seu contato é contato@claudiosena.com.br