A Caixa (The Box, 2009) de Richard Kelly
O filme: um desconhecido (Frank Langella, sem uma metade do rosto, desperdiçando todo seu talento) deixa uma caixa para uma professora (Cameron Diaz). Mas com proposta. Ela tem 24 horas para decidir se aperta ou não um botão contido na caixa.
Caso aperte há duas conseqüências. Uma, ela ganha um milhão de dólares. A segunda, uma pessoa que ela não conhece vai morrer. Mediante essa experiência com humanos, tipos estranhos e situações curiosas (mas sem respostas) se acumulam.
Porque assistir: o contexto histórico é interessante. Era 1976, e o clima de paranoia dominava os americanos. Seu visual é até interessante, cheio de cores mortas e estampas repetidas.
Cameron Diaz não compromete com a pequena variação entre olhos tensos, olhares tristes e um pé manco no meio, enquanto James Marsden entra bem na loucura e só.
Melhores momentos: como suspense dramático é capaz de deixar o público aflito com uma provação (e escolha) final, enquanto a trilha martela no tom grave. Mas o dilema, regida pela tensão, dura pouco e se perde.
Pontos fracos: consegue prender alguma atenção, mas falha em não transformá-la em sentimento algum enquanto a teoria da conspiração se complica cada vez mais. Existe uma infinidade de buracos que se abrem durante as quase duas horas de projeção que provoca apenas a sensação de uma caixa vazia.
E aí reside a maior falha de Richard Kelly, de enganar o público ao desviar sua atenção com suas bizarrices para não chegar a lugar nenhum. Nem mesmo quando o suposto vilão comprova a capacidade (cruel) do seu experimento. E mais, possui efeitos visuais capengas e meio.
Na prateleira da sua casa: só se você gostar de ser enganado. Uma obra de pretensão ‘quero ser David Lynch’, sem sucesso.