A cerimônia de entrega do Oscar de 2015 consagrou a criatividade de Birdman – ou a Inesperada Virtude da Ignorância (Birdman, 2014) de Alejandro González Iñarritu, com quatro estatuetas: melhor filme, diretor, roteiro original e fotografia. Mas a festa da Academia também reservou surpresas, discursos politizados, revelações, homenagens e alguma depressão. Quer saber de tudo? Então, o Tribuna do Ceará pontuou 15 detalhes do Oscar que talvez tenha passado despercebido para quem viu a festa noite adentro, e que resumem bem a noite de premiação.
1. Com três horas e dez minutos de cerimônia, Neil Patrick Harris estreou como apresentador em 2015. Começou bem com um número musical que citava muitos dos indicados e trouxe as participações de Anna Kendrick e Jack Black. Mas, ao emendar uma série de piadas infames (e muitas bem ruins), não foi aprovado. Só se salvou com uma homenagem à Birdman e Whiplash, ao desfilar de cuecas pelos bastidores até o palco.
2. Melanie Griffith e Dakota Johnson foram juntas ao Oscar 15 anos depois. Perguntada se ela tinha assistido o filme da filha (Cinquenta Tons de Cinza), Griffith assumiu que não e a filha falou que “apesar do conteúdo impróprio, ela poderia ver”.
3. “Everything is Awesome” do filme Uma Aventura Lego, é uma das piores, senão a pior música que já ouvi em uma cerimônia de Oscar. Ainda bem que perdeu.
4. Por falar em canção original. A interpretação de “Glory” (Common e John Legend) emocionou a plateia. Após a execução da música de Selma: Uma Luta Pela Igualdade, muitos choravam na plateia. O intérprete de Martin Luther King e preterido na corrida para melhor ator, David Oyelowo era um dos mais emocionados. E a música venceu o prêmio.
5. Ao vencer o prêmio de melhor atriz coadjuvante por Boyhood, Patrícia Arquette pediu igualdade salarial entre as mulheres e homens nos EUA. Meryl Streep – que concorria com ela – aplaudiu e urrou com as palavras da colega.
6. Steve Carell (indicado ao prêmio de melhor ator, Foxcatcher), Emma Stone (nomeada por Birdman, atriz coadjuvante) e Oprah Winfrey (produtora indicada por Selma) levaram um Oscar para casa. Mas feito de Lego.
7. Diferente do Tapete Vermelho, Lady Gaga apareceu fantasiada de gente normal no palco, para homenagear os 50 anos de A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965). Cantou bem e ainda teve ao final a benção da própria “noviça”, Julie Andrews.
8. Diretor de Ida (Polônia), vencedor do Oscar de filme estrangeiro, Pawel Pawlikoski esticou o discurso para muito mais além dos 45 segundos de limite. A plateia aplaudiu em ritmo de “já deu”.
9. Os agradecimentos dos vencedores em geral, sempre tinham palavras carinhosas aos respectivos maridos ou esposas. E o diretor de transmissão captou quase todos os citados. Até a viúva do “Sniper Americano” apareceu quando a fita levou o prêmio de melhor som.
10. O independente (e excelente) Whiplash – Em Busca da Perfeição surpreendeu ao vencer três estatuetas. J. K. Simmons era barbada como coadjuvante, mas montagem e edição de som elevaram o fator surpresa.
11. John Travolta entre os mais estranhos. Além do (risível) visível implante de cabelo, o eterno astro de Os Embalos de Sábado à Noite (1977) desfilou um estilo duvidoso com um cordão meio funkeiro fazendo as vezes de uma gravata. Oscar de boneco de cera para ele. Assustador.
12. A Academia reconheceu três talentos com o Oscar Honorário e um como prêmio humanitário.
Mestre da animação, o cineasta japonês Hayao Miyazaki, vencedor do Oscar por A Viagem de Chiriro (2001), e indicado por O Castelo Animado (2004) e Vidas ao Vento (2013), já anunciou sua aposentadoria aos 74 anos.
Atriz de clássicos como Depois do Vendaval (1952), De Ilusão Também se Vive (1947), Como Era Verde o Meu Vale (1941) e O Corcunda de Notre Dame (1939), Maureen O´Hara nunca havia sido sequer indicada. Venceu agora aos 95 anos.
Cineasta francês, Jean-Claude Carrière se notabilizou por seus roteiros indicados ao Oscar por filmes de Luis Buñel, Esse Obscuro Objeto do Desejo (1977) e O Discreto Charme da Burguesia (1972), venceu o Oscar honorário aos 84 anos.
Cantor de sucesso e também ator (A Cor da Fúria; Kansas City; Bobby), Harry Belafonte levou o prêmio humanitário aos 71 anos.
13. Oscar “da depressão”, contou com dois discursos que citavam casos de suicídio. Melhor doc-curta, quando uma das diretoras vencedoras – “Crisis Hotline: Veterans Press 1” – dedicou o prêmio ao filho, que havia se suicidado). Graham Moore, autor do roteiro adaptado por O Jogo da Imitação, revelou que, em uma época em só recebia “não” e morava de favor na casa de um amigo, pensou seriamente em se matar.
14. Os dois vencedores do Oscar de atuação, venceram com papéis que apresentavam doenças sérias.
Eddie Redmayne venceu por A Teoria de Tudo, no qual seu personagem (real, Stephen Hawking) sofre de uma doença degenerativa, a esclerose lateral amiotrófica.
Julianne Moore venceu como uma professora que descobre que está com o mal de Alzheimer de forma precoce, aos 50 anos. E emocionou com o discurso que levantou a bandeira para mais pesquisas para a doença.
Por falar em Alzheimer, uma canção nomeada, “I’m Not Gonna Miss You”, do documentário biográfico Glen Campbell: I’ll Be Me, é de autoria do próprio Glen Campbell, que a escreveu ao descobrir a doença e dedicada à sua família.
15. A relação do número de prêmios por filme ficou assim: