A Seleção (Admission, 2013) de Paul Weitz
O filme: Portia Nathan (Tina Fey) é funcionária padrão na área de admissão da faculdade de Princeton, EUA. Mas diante da oportunidade de uma grande promoção, tem sua vida completamente modificada com uma série de acontecimentos: seu namorado (Martin Sheen), que mora com ela há 10 dez anos, decide sair de casa; e, durante uma visita profissional numa escola alternativa conhece um interessante diretor escolar (Paul Rudd) e ex-colega de classe, que a apresenta também a Jeremiah Balakian (Nat Wolff), um garoto que pode ser seu filho, deixado em segredo para adoção durante a faculdade.
Acostumada a ter uma via completamente regrada e baseada em rotinas pré-estabelecidas, Portia assume ao mesmo tempo um risco profissional e pessoal, além de tenta resolver o problema de relacionamento que tem com sua mãe (solteira), Susannah (Lilly Tomlin).
Porque assistir: um bom filme, que apresenta uma personagem totalmente dentro de uma linha, e que a faz sair da caixa, ao virá-la ao avesso, de dentro para fora. Tina Fey da última cena é uma pessoa completamente diferente da primeira aparição, numa transformação completamente possível.
Paul Rudd, como o professor de ideias liberais e que tem um garoto adotado do continente africano, é uma máquina de carisma.
A veterana Lilly Tomlin traz teor crível a sua mãe vista como uma despachada e forte Susannah por fora, mas com um grande fantasma do passado a ser desvendado.
E o professor, dito mestre e inteligentíssimo, Martin Sheen, na verdade é um bobo manipulável, que completa bem o quadro de tipos do filme.
Melhores momentos: o romance entre Tina Fey e Paul Rudd é bonitinho e não “toma” o espaço inteiro do filme; e os momentos em que aparecem o personagem de Jeremiah Balakian, de composição interessante, e mais ainda, a mãe, Susannah;
O processo de seleção, no qual Tina Fey traz os candidatos de forma presente para seu julgamento, são bem colocados dentro da trama.
Pontos fracos: a comediante Tina Fey exercita sua veia dramática, mas aquém do seu talento como comediante – cheia de timming. Falta a fleuma dramática, onde até os nuances românticos aparecem de forma sutil. Talvez a mudança brusca no terço final do filme pese demais no tom do conjunto da obra.
Na prateleira da sua casa: a primeira vista, a adaptação do romance de Jean Hanff Korelitz pode parecer uma comédia boba ou uma comédia romântica previsível, mas não é nem uma coisa nem outra. Se trata de uma dramédia romântica – a boa mistura de drama, no caso familiar, com um pouco de comédia, e claro, algum romance, balanceado.
Paul Weitz estreou no cinema co-dirigindo (ao lado do irmão Chris Weitz) o sucesso adolescente American Pie – A Primeira Vez é Inesquecível (1999). A parceria continuou no remake O Céu pode Esperar (2001) e na adaptação literária de O Grande Garoto (2002).
De carreira solo com mais baixos do que altos: a simpática dramédia romântica Em Boa Companhia (2004), o irônico e mais ou menos Tudo Pela Fama (2006), o fraco Circo dos Horrores: O Aprendiz de Vampiro (2009), a continuação de sucesso popular Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família (2010) e o ok A Família Flynn (2012), Weitz vai se equilibrando entre o esquemão de Hollywood e filmes menores.