CORA, dirigido por Gustavo Rosa de Moura e Matias Mariani acaba de ganhar trailer oficial. O filme que fará sua estreia mundial no Festival do Rio, no qual participa da competição de longas da Première Brasil 2021, é uma coprodução entre Brasil e Dinamarca e estreia nos cinemas no dia 23 de dezembro, com distribuição da Pandora Filmes.
Sinopse: 2064. Cora, uma dinamarquesa, encontra um documentário inacabado no qual Benjamim, seu pai brasileiro, tentava investigar, 50 anos antes, a história dos próprios pais dele: Teo, que morreu louco quando ele ainda era criança, e Elenir, uma mulher misteriosa de quem ele mal ouviu falar. Em sua investigação, Benjamin descobre que ambos fazem parte de um complexo quebra-cabeça familiar, cheio de traumas e tabus, no qual ele começa a se ver como uma das peças principais. O material presente no documentário de Benjamim é organizado e comentado por sua filha, na tentativa dela de compreender o passado perdido de sua família.
Qual o limite da representação do real? Qual a linha que divide o documentário da encenação? CORA, primeiro longa dirigido pelos premiados cineastas Gustavo Rosa de Moura (“Canção de Volta”, “Cildo”) e Matias Mariani (“Cidade Pássaro”, “A vida privada dos hipopótamos”), levanta essas e outras discussões a partir de uma relação com o romance “Antonio”, da escritora Beatriz Bracher, publicado em 2010.
Nos letreiros finais, CORA é creditado como “um filme resposta a Antonio”, romance publicado em 2010, e finalista dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti e que foi escrito por Beatriz Bracher, mãe do diretor Matias Mariani. Curiosamente, ao ler o livro, Mariani o classificou como “inadaptável”, mas Rosa de Moura já cogitava fazer no formato que combinava documentário e ficção, e juntos resolveram encarar o desafio de adaptar a obra. “No princípio, achávamos que se tratava de uma adaptação no estrito senso, como qualquer outra. Ao longo do processo, porém, o filme foi se distanciando do livro. E foi a própria Beatriz Bracher, no caso minha mãe, que, quando assistiu um primeiro corte do filme, sugeriu essa formulação de filme-resposta, pois achou que o filme propunha uma reação ao que o livro narra, e não propriamente a sua simples transposição para outra mídia. Nós logo gostamos dessa ideia e isso passou a nortear o final da edição do filme, tornando-o de fato uma resposta ao livro”, conta Mariani.
Apesar de se passar no futuro, CORA tem muito a dizer sobre e para o Brasil de hoje. “Infelizmente, o futuro que imaginamos parece estar mais próximo do que nunca. Um Brasil lamacento, em decomposição e fechado ao mundo exterior era, quando começamos o projeto, algo já em formação mas ainda distante. De repente, em poucos anos, foram tantos retrocessos e absurdos, e a situação do país (e do mundo) piorou tanto, que a realidade que pensamos pro filme se aproximou de nós. Cora propõe uma reflexão sobre o papel das famílias da elite paulistana nesta decomposição, e o quanto que pessoas ditas esclarecidas quando confrontadas com a nossa terrível desigualdade e com nossas heranças escravocratas escolheram não fazer nada – o que não deixa de ser, em si, uma escolha”, concluem.
Ficha Técnica
Direção e Roteiro: Gustavo Rosa de Moura, Matias Mariani
Produção: Gustavo Rosa de Moura
Coprodução: Tatiana Leite, Valeria Richter
Elenco: Vera Valdez, Fabio Marques Miguez, Sylvio Ziber, Andre Whoong, Charlote Munk
Desenho de som: Peter Albrechtsen
Edição: Alexandre Wahrhaftig, Bernardo Barcellos e Luísa Marques
Edição Final: Alexandre Wahrhaftig
Pós-produção: Bruno Rezende
Gênero: drama
País: Brasil, Dinamarca
Ano: 2021
Duração: 81 min.