O filme: internado num sanatório, Nick Carraway (Tobey Maguire) além de alcólatra, carrega um passado que lhe aflige o juízo. Toda trabalhada numa narrativa escorada no flashback, a história é recontada aos olhos de Nick.
Anos 20 e Carraway chega à Nova York. Nos arredores da cidade aluga um chalé e se prepara para trabalhar como corretor da bolsa de valores. Seus dias variam entre visitar a suntuosa propriedade da prima Daisy (Carey Mulligan), casada com o ricaço Tom (Joel Edgerton), e observar as festas intermináveis do seu misterioso vizinho, conhecido como ‘O Grande Gatsby’ (Leonardo DiCaprio)
Ao receber o convite para um grande evento na mansão vizinha, Nick não imagina que, na verdade, essa amizade tem uma finalidade: Gatsby, o novo rico, sonha em retomar seu antigo relacionamento amoroso com Daisy.
Porque assistir: Baz Luhrmann é um diretor de excessos, principalmente visuais. Especializado em opulência, fartura de movimentos em cena e um tom kitsh (ou assumidamente brega) em sua narrativa, a careira do diretor australiano é marcado por mais acertos que erros.
O diretor e roteirista já conseguiu fazer desse tom brega um elemento naturalmente engraçado (Vem Dançar Comigo, 1992), impressionantemente moderno (Romeu + Julieta, 1996) e até chique (Moulin Rouge, 2001), indicado ao Oscar de melhor filme. A (super)produção – Austrália (2008) foi seu único equívoco completo. Ao criar um novelão australiano, enfiou na mesma sacola uma comédia brega, um western frouxo, um romance apático, misticismo, drama e guerra. O resultado não poderia ter sido pior.
Já O Grande Gatsby (2013), a quarta adaptação do livro de F. Scott Fitzgerald, é uma nova visão para um romance clássico. E em 3D. Cheio de cores, ritmo, sons e muita ousadia. O resultado é um belo filme.
Melhores momentos: uma obra de encher os olhos, de opulência visual arrasadora, mas também consegue investir em seu principal foco, o romance. Uma dos melhores momentos é quando embrulha o casal Daisy e Gatsby entre rosas e tardes de animação. Até lá muito mistério acerca do protagonista, algumas viagens musicais (e dá-lhe jazz), casos de traição e muita ostentação.
Leonardo DiCaprio brilha ao personificar Gatsby, com um total domínio de um personagem absorvido pelo desespero de se fazer notar pela sociedade. Apenas para saciar seu desejo maior: o de reascender a paixão de cinco anos atrás. Ah, o amor…
Pontos fracos: o efeito 3D tenta se impregnar na orgia visual, em cada virada da trama, em cada movimento da câmera vibrante de Baz Luhrmann. Sim, tenta, pois o efeito só funciona mesmo durante as festas meio carnavalescas, meio espetaculares de Gatsby. Claro, absorvidas pelo excesso, caricaturas e grandiosidade. Esse é o seu mundo. O efeito 3D faz com que o público participe das festas, com uma sensação de profundidade. Já na maior parte do filme é indiferente.
Tobey Maguire é o deslumbrado-mor da história. Um louco (?) que vive do passado recente e ao revivê-lo nos entrega apenas um ser abobalhado.
Na prateleira da sua casa: nem notei sua duração (duas horas e 22 minutos), pois as imagens impressionam e embrulham um drama social que convence e um romance que flerta com o amor verdadeiro.
Uma produção envolvente, com atuação precisa de Leonardo DiCaprio, a beleza doce de Carey Mulligan e a mau caratismo de Joel Edgerton, numa bela tragédia filmada com ardor por Baz Luhrman. Ponha seu traje de gala e sinta-se convidado para a festa, pois o espetáculo vai começar.
Extras: