O Esquadrão Suicida (2021) de James Gunn
Esquadrão Suicida (2016) de David Ayer, era um filme com potencial. Warner/DC via a possibilidade de criar seus Guardiões da Galáxia: reunir vários personagens desconhecidos pelo grande público (porém, aqui anti-heróis) e criar uma franquia de sucesso assim como a Marvel. Bem, depois de muitos problemas internos e divergências criativas da Warner, o que foi ao cinema foi uma colcha de retalhos, um dos piores longas de 2016.
James Gunn, criador dos guardiões (que tiveram dois filmes), passou por mal bocados: foi expulso do MCU por twetts antigos que remetiam a pedofilia. Foi contratado para a Warner (para criação do filme dessa crítica), e retornou a Marvel, depois de muitos debates se devia retornar para fechar a trilogia dos Guardiões da Galáxia.
Bem, como diz o ditado: “nada melhor que o tempo para sarar as feridas”. O Novo longa de Gunn (dirigido e roteirizado por eles), O Esquadrão Suicida, em uma redenção para o diretor e o DCEU (sim, eu sei sobre o SnyderCut). Aqui (sem nenhum medo de parecer exagerado), temos o melhor longa, tanto feito realizador, tanto pelo estúdio, desde de Batman: O Cavaleiro das Trevas de 2008.
O longa tem a estrutura clássica das histórias do Esquadrão: Presos em penitenciária de força máxima, supervilões fazem de tudo para diminuir as penas dos seus crimes, até mesmo integrar uma força de combate super secreta chamada Força Tarefa X ou Esquadrão Suicida. Em missões, como nome citado, suicidas. A partir daqui, é a trama original do filme: Qual seria a missão? Invadir a ilha de Couto Maltês. Uma antiga ditadura que sofreu o golpe de estado recentemente. Porém, um mal maior se encontra na região e nas mãos erradas, pode ter consequências mundiais. E aqui, que esquadrão entrar.
O filme é a maior reunião de vilões/anti-heróis de longa baseado em quadrinhos. Não vou citar todos pois são muitos. E como pode ter ficado subentendido, muitos morrem na missão e não citarei nem suas habilidades, para manter a surpresa. Aqui temos: Bloodsport/Sanguinário (Idris Elba); Arlequina (mais uma vez vivida por Margot Robbie); Savant (Michael Rooker); Capitão Boomerang (Jai Courtney); O Pacificador (John Cena); Tubarão-Rei/Nanaue (Sylvester Stallone); Caça-Ratos (Daniela Melchior); Bolinha (David Dastmalchian); Coronel Rick Flag (Joel Kinnaman), o único não vilão e que vai na missão e muitos outros. Todos comandados por Amanda Waller (Viola Davis), que também como Robbie reprisa o papel, mas aqui fazendo uma comandante com mais pulso mais firme e sem escrúpulos para conseguir o que quer. E também a participação da brasileira Alice Braga fazendo o papel de Sol Soria, uma combatente revolucionária que quer libertar Couto Maltês.
Logo no começo da película o tom é estabelecido. James Gunn não poupa esforços em ser engraçado, sarcástico, sem noção e principalmente hiper violento. Desde a preparação da missão até a chegada na ilha onde a um combate sangrento. O diretor vai nos enchendo de comentários brincalhões que terminam em uma luta desesperadora (elementos que estão presentes em todo o longa em diversos momentos). Fora a habilidade do realizador em criar ótimas cenas de ação, ele utiliza a excelente edição de Fred Raskin e Chistian Wagner, para criar cenas em paralelo que estão acontecendo ao mesmo tempo e principalmente voltar alguns minutos na narrativa, para mostrar o que outros personagens estavam fazendo enquanto outros estavam em ação. O segundo recurso narrativo é mais perigoso, mas funciona muito bem.
A ilha é comandada por inúmeros ditadores que fazem papel caricatos. Logo percebemos que apesar de eles serem um perigo, o maior está à espera. Isso nos leva a outro personagem: Pensador (Peter Capaldi), que tem um papel fundamental na trama, tanto na ilha como na missão.
E são com essas tramas e subtramas que Gunn vai nos conduzindo no filme que está sempre em uma crescente. No terceiro ato, muita coisa se revela, inclusive o real perigo da história. Justamente nesse momento que os até então vilões se transformam em heróis para salvar o dia, mesmo que para isso desobedeça Waller (que como nos quadrinhos e no longa de 2016, implanta um chip em cada supervisão, para caso desobediência, ela explode suas cabeças). Mas a atitude não muda as características dos personagens, pelo contrário, até as reforçam.
O Esquadrão Suicida é um grande filme. Não têm medo de ser e utilizar elementos dos quadrinhos para criar uma narrativa que beira a insanidade (de forma positiva, é claro). Sem dúvida, entrará no panteão dos grandes longas da Warner/DC e em uma das melhores adaptações baseadas em HQs já feitas do Cinema.