Gran Torino (Idem, 2008) de Clint Eastwood
O filme: Clint Eastwood interpreta (com fúria) o duro na queda Walt Kowalski, que decide ensinar boas maneiras (no seu estilo) a um jovem asiático que tenta roubar seu carro, um divino Gran Torino 1972.
Porque assistir: Eastwood é um diretor consagrado. Já venceu duas vezes o Oscar de melhor filme e direção (Os Imperdoáveis, 1992; Menina de Ouro; 2004) e assina obras de grande técnica e emoção, como J. Edgar (2011), Cartas de Iwo Jima (2006), Sobre Meninos e Lobos (2003), Um Mundo Perfeito (1993), As Pontes de Madison (1995), Coração de Caçador (1990) e Bird (1988).
Mesmo beirando a caricatura de velho ranzinza, mas com suas razões (recém-viúvo, ex-militar na Guerra da Coréia, amargurado pela família de faz de conta que não criou, ou pela invasão de imigrantes – principalmente asiáticos – em seu bairro e a insistência de um padre novato com suas conversas e sermões enfadonhos), Eastwood está memorável.
Melhores momentos: sua atuação espetacular inclui poderosos jogos de olhar, ações subjetivas (como atirar com o dedo), composto de uma raiva sem igual, doído por dentro e uma fortaleza por fora, que o fazem rosnar e grunhir mais que o próprio cachorro e disparar frases irônicas como “Posso quebrar teu pescoço e ir dormir para sonhar com anjinhos.” Soberbo!
Eastwood foi indicado ao Globo de Ouro pela canção original (e tema) ao lado de Kyle Eastwood, Michael Stevens e Jamie Cullum que também a interpreta. Uma música para ser apreciada nos créditos finais.
Pontos fracos: Christopher Carley está apagado como o padre Janovich, um personagem por sinal chatíssimo! A família do veterano também não colabora, se afogando por inteiro num rio de clichês e com suas visíveis afetações; E a porção asiática não acompanha o pique de Eastwood.
Na prateleira da sua casa: a lição que aprendemos com o personagem de Eastwood é impagável. O respeito e a dignidade convergem num caminho único para a redenção dos próprios atos.
Mas Gran Torino é, sobretudo, Clint Eastwood e sua marra indefectível! E assistir a uma grande obra como essa, é uma forma de saudar a vida e obra do ator e diretor americano. Em jornada dupla (à frente e por trás das câmeras), é de seus melhores trabalhos no cinema.