Minha Irmã (2021) de Stéphanie Chuat, Véronique Reymond]
Represente da Suíça para concorrer a uma vaga ao Oscar 2021 na categoria de melhor filme internacional, o longa vai além de drama ao contar a jornada de dois irmãos na luta contra o câncer. Aqui o conflito é potencializado para deterioração de qualquer relação social ou simbólica, seja ela familiar ou dos sonhos.
Lisa (Nina Hoss) desistiu de suas ambições como dramaturga em Berlim e se mudou para a Suíça com os filhos e o marido Martin (Jens Albinus), que dirige uma escola internacional de artes. No entanto, quando a leucemia de seu irmão gêmeo Sven (Lars Eidinger) começa a causar estragos em sua saúde, ela decide que deve cuidar do seu irmão e voltar as suas raízes, gerando em consequências significativas no seu relacionamento com quem convive.
Dirigido e roteirizado por Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, o drama tem o fio condutor da relação familiar Irmã-Irmão. Lisa e Sven são mais do que gêmeos, são a complementação de um com o outro. A leucemia é um trágico conflito que os une novamente, e só assim percebem que um sem outro não pode existir.
Mas a grande intenção das realizadoras é mostrar a deterioração das relações humanas. Assim como o câncer faz com Sven, as relações intimas e familiarizares construídas ao redor da protagonista Lisa vão a consumindo, levando uma espiral dramática pessimista.
Os relacionamentos vão se destruindo pouco a pouco. Sejam eles concretos ou simbólicos. Martin e Lisa, apesar de ser um bom casal, não conseguem se comunicar no futuro em comum que querem seguir. Os sonhos de voltar um dia a Berlim e se reconciliar como dramaturga vão se esvaindo na mão da protagonista e os sonhos de Sven ao voltar aos palcos vão se destruindo junto com ele.
O longa tem força no seu texto e nas atuações. Pouco a pouco vão em uma espiral de destruição juntos com os personagens. A única coisa que segura justamente a esperança, enquanto vemos o mundo afundar, é o bonito relacionamento dos dois irmãos, que lutam com todas as forças para estarem juntos e realizarem os sonhos um dos outros. Mesmo que muitas vezes sem sucesso. Se nesse drama pessimista na luta contra uma doença difícil, o que nos toca é como a leucemia fica em segundo plano e o real conflito passa a ser as consequências dos acontecimentos. Minha Irmã é drama pesado, intimo, que foca nas relações humanas, enquanto a união fraternal de dois irmãos que se unem na adversidade é ponto de esperança que cada um pode dar a outro.