O 5º Santos Film Fest – Festival Internacional de Cinema de Santos acontecerá entre 23 de junho e 1º de julho com programação gratuita em diversos espaços da cidade. Um dos temas destacados pelo festival nesta edição serão os “25 Anos da Retomada do Cinema Brasileiro”. O ator, diretor e produtor Paulo Betti será homenageado com o troféu Luciano Quirino (nome do ator santista com mais de 30 anos de carreira que é padrinho do evento) tendo em vista sua larga contribuição para o cinema nacional.
INSCRIÇÕES DE FILMES
Já estão abertas as inscrições de filmes para o festival. Serão aceitos curtas e longas-metragens de todos os gêneros, ficção ou documentário, finalizados entre 1º de agosto de 2019 e 20 de março de 2020, desde que sejam inéditos em festivais no município. O regulamento completo está disponível em www.santosfilmfest.com/regulamento. Não é cobrada taxa de inscrição. Os filmes poderão ser selecionados tanto para as mostras competitivas (que concede o Troféu Toninho Campos para as melhores obras escolhidas pelo júri e pelo voto popular), bem como das Mostras Humanidades, que reúne obras sobre cidadania, Histórias Santistas, que narrem personagens ou instituições marcantes e verídicas de Santos, Rock, Surfe, LGBTQ e sobre Saúde Mental.
CIRO PESSOA
O documentário “Quem é Ciro Pessoa?”, dirigido por Wladimyr Cruz (dos filmes “Os Portais Do Inferno Se Abrem: A História do Vulcano”, “Woodstock, Mais Que Uma Loja”, “Uma Nova Onda De Liberdade: A História do Madame Satã” entre outros), .assim como o próprio título questiona, vem apresentar quem é este artista. Membro fundador dos Titãs e do Cabine C e autor de diversos hits do rock brasileiro como “Sonífera Ilha”, “Toda Cor”, “Homem Primata”, “Inundação de Amor”, em parcerias com roqueiros de destaque da época. Com depoimentos de amigos, familiares e músicos, o filme chega explorando em linguagem documental e surrealista todo o trabalho do músico, acompanhado de um segundo lançamento, um disco de greatest hits onde Ciro e sua atual banda, a Flying Chair, regravam algumas de suas principais composições.
O lançamento do filme e álbum acontecerá no Santos Film Fest: a banda tocará a trilha sonora do longa enquanto ele é projetado na telona do cinema. O disco e o filme juntos, sincronizados, criam um terceiro produto, uma experiência audiovisual igual ao mito que diz que o filme “Mágico De Oz” e o álbum “Dark Side Of The Moon” do Pink Floyd “sincam” em som e imagem.
A MORENINHA
“A Moreninha” completa em 2020 50 anos de seu lançamento. O filme dirigido por Glauco Mirko Laurelli, com roteiro baseado no famoso romance homônimo de Joaquim Manuel de Macedo é exemplar raro no cinema nacional: trata-se de um musical e o primeiro longa-metragem que tem Sonia Braga como protagonista. Mantendo seu objetivo de preservar e resgatar a memória do cinema brasileiro, o Santos Film Fest fará uma sessão especial desta obra cultuada e pouco revista. A sessão contará com introdução do crítico Waldemar Lopes, especialista na carreira da atriz. Glauco, que faleceu em 2013, deixou uma carta com Waldemar autorizando a exibição de seu filme. No elenco, “A Moreninha” conta também com David Cardoso, Nildon Condé e Cláudia Mello.
“O amado clássico do autor é considerado um pioneiro – a primeira obra do romantismo brasileiro -, um sucesso que cativou enorme número de leitores na época. Macedo o escreveu aos 24 anos, ao se formar em medicina em 1844. A história é sobre quatro estudantes de medicina, que vão passar um fim de semana na ilha de Paquetá. Um deles, Felipe, aposta com seu amigo Augusto, um namorador inconstante, que este não sairá da ilha sem se apaixonar por uma das lindas moças que a habitam. Se perder a aposta, Augusto deverá escrever um romance sobre sua derrota. Detalhe: Felipe libera Augusto para galantear suas primas, mas não sua irmã, a meiga e travessa Carolina, a Moreninha. Mas como resistir a seus encantos? O filme capta essa romântica atmosfera do livro, com suas intrigas amorosas, desejo e lendas, retratando os interessantes costumes da sociedade da época com pinceladas de humor. Interessantemente, o script do longa apresenta diálogos que por vezes rimam e toma certas liberdades, com anacronismos que divertem”, escreveu Waldemar Lopes em texto sobre o filme publicado no site CineZen Cultural. Link: http://cinezencultural.com.br/site/2013/12/24/a-moreninha-lembramos-do-classico-musical-dirigido-por-glauco-mirko-laurelli/.
“Glauco trabalhou com outros grandes do cinema, como Luis Sérgio Person, Mazzaropi, Anselmo Duarte e com os maiores atores do Brasil, de A à Z. Sua vida se confunde com a própria história do cinema e teatro brasileiros. Um gentleman que, com muita modéstia, considera-se um ‘artesão do cinema’. Com sua produtora, a Lauper Filmes (junção de seu sobrenome LAUrelli e de seu sócio, Luis Sérgio PERson), e o apoio da TV Cultura e da CBS do Brasil, Glauco deu a partida no projeto. Escreveu o roteiro inspirado nos musicais americanos, já que as canções originais de Petráglia eram de fato muito lindas. Alguns atores da peça foram aproveitados, mas Glauco não podia usar Marília, excelente, mas já madura para a personagem. Foi quando Glauco ficou deslumbrado com uma adolescente de grande carisma que brilhava no grande sucesso musical, “Hair”, no teatro Bela Vista. Glauco contou que decidiu apostar naquele rosto jovem, pouco conhecido do grande público, e ignorou alguns pedidos de dar o papel a uma atriz da Globo”, ressalta o crítico.
“Com a exibição de ‘A Moreninha” e as exposições pretendemos manter nosso foco de resgate e celebração do cinema brasileiro. Nas edições anteriores tivemos sessões especiais de ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’, uma exposição em homenagem à Sonia Braga, a homenagem ao grande crítico Rubens Ewald Filho com exposição reunindo seu acervo pessoal e lançamento de livreto biográfico, e o livro do próprio Waldemar sobre grandes interpretações do nosso cinema”, destaca André Azenha, diretor geral do SFF.
Mostra Centenários
O Santos Film Fest também exibirá filmes de grandes artistas que fariam 100 anos em 2020, com destaque para o italiano Federico Fellini.
25 anos da Retomada do Cinema Brasileiro em Mostra Retrospectiva e Exposição
Entre os temas que serão abordados do festival, estão os 25 anos da Retomada do Cinema Brasileiro, iniciada em 1995 com “Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil”, de Carla Camurati. O auge da crise do cinema nacional ocorreu no início dos anos 90, quando a Embrafilme foi extinta pelo governo federal. A situação só começou a melhorar em 1993, quando foi criada a Lei do Audiovisual, que promovia novos investimentos do mesmo. Dois anos depois, apareceram as primeiras produções nacionais de peso”, explica o diretor do festival André Azenha. Será realizada uma mostra paralela com filmes de destaque desse período, bem como uma exposição narrando os principais momentos, filmes e realizadores desses 25 anos. “Mais que relembrarmos esses 25 anos de conquistas e dificuldades do nosso cinema, vamos mostrar ao público quão importante é nossa produção, que gera empregos, reflete nossa cultura, nossa história e leva o Brasil mundo afora”, afirma Azenha.
Exposições
Outra característica recorrente do Santos Film Fest é difundir o cinema em atividades diversificadas além das exibições cinematográficas. Todas as edições têm, ao menos, duas exposições. E em 2020 não será diferente.
Uma das exposições será sobre a Retomada do Cinema Brasileiro. Outra será sobre a História dos Cinemas Santistas, com imagens, reproduções de jornais da época e textos informativos sobre a trajetória das salas de cinema na região, especialmente a Cinelândia e o Roxy, cinema que sobreviveu ao advento dos multiplex e se mantém firme e forte há 85 anos.
A tradicional Virada Cinematográfica voltará a ocorrer na Cinemateca de Santos e, em breve, serão divulgados os homenageados.
Toda a programação será gratuita.