Averno/Inferno (Averno, Bolívia/Uruguai, 2018) de Marcos Loayza
Vamos acompanhar uma história em um mundo da fantasia na noite da cidade boliviana de La Paz… Nela, o jovem engraxate Tupah (Paolo Vargas, zero carisma) se lança em uma jornada frenética em busca de seu tio Jacinto, perdido em Averno.
No cinema fantástico sempre há espaço para o exagero. Cavaleiros ressuscitados, bruxas do bem, poções mágicas, professores que desvendam maldições, negociação da alma, jantares divinos, anjos que falam, estátuas que ganham vida, ressureição dos mortos, portas que dão entrada à outros mundos, o mal que vira bem, palavas chave capazes de mudar seu destino, missão divina, e até confronto consigo mesmo… Pois tudo isso, e algo mais consta em Averno, de Marcos Loayza.
A cada missão, os perigos do submundo vão aumentando, o mito e a realidade se fundem no que parece ser um infinito de acontecimentos do imaginário andino. É como se nessta noite, La Paz se transformasse numa espécia de Oz, em meio à lendas urbanas, personagens bizarros, mitologias andinas, indígenas e até amazônicas.
A ideia do diretor e roteirista é ótima. A realização, nem tanto.
Mesmo com tantas lendas e causos típicos bolivianos, a co-produção da Bolívia como Uruguai é um desastre. Mas acredito que talvez por isso. O filme abarca tudo, mas não é (quase) nada. É coisa demais acontecendo, muitas vezes sem sentido algum. E o pior, muito, mas muito mal interpretado. Consigo perceber que é necessário uma certo tom de caricatura até – acho que o único personagem que passa bem essa sensação é o diabo, ao tentar comprar a alma do jovem protagonista -, mas as encenações não convencem. Nem por um momento.
No final, cabe até a frase clássica, “de boas intenções, o inferno está cheio”.
Averno/Inferno (Averno, Bolívia/Uruguai, 2018) de Marcos Loayza | Idioma: Espanhol | 87 minutos | Fantasia | Elenco: Paolo Vargas, Alejandro Marañon, Freddy Chipana, Luigi Antezana, Bernardo Rosado | O filme participa da Mostra Competitiva Latino-Americana do 20º BAFICI.
*O crítico viajou à convite do Buenos Aires International Festival of Independent Cinema – BAFICI, e compõe o Júri FIPRESCI na Mostra Competitiva Latino-Americana.