Documentário poético-investigativo que busca entender essa palavra-sentimento, SAUDADE terá sessão especial no Cinema do Dragão nesta quinta-feira (22), às 19h30. Aliás, só o fato de se tratar de uma palavra sem equivalente exato em outras línguas, o tema já confere originalidade à língua portuguesa, e já justificaria se debruçar cinematograficamente sobre o tema.
Antes mesmo do trovadorismo medieval e de Camões, o professor Durval Muniz, estudioso do tema, nos garante no filme que a saudade seria uma condição ontológica do homem. Uma questão metafísica, muito mais ampla do que se imagina, pois nós humanos seríamos originalmente seres saudosos porque fomos expulsos do paraíso.
Nas palavras de seu diretor, “é um filme que procura instigar, desconcertar, mostrando variações e contradições acerca do tema, inclusive com definições inusitadas, sensações e vivências”. Foram realizadas mais de 300 horas de material de gravação, com depoimentos de artistas, escritores, atores, poetas, músicos, cineastas, escritores, historiadores, arquitetos, coreógrafos, pessoas comuns e até um astronauta. Participam Arnaldo Antunes, Milton Hatoum, Deborah Colker, Adriana Falcão, Bráulio Tavares, Mayra Andrade, José Celso Martinez, Durval Muniz, Grada Kilomba, Karim Aïnouz, Nguxi dos Santos, Antonio Marinho, Arrigo Barnabé, entre outros.
“Não é um sentimento pacificador”, afirma o escritor Milton Hatoum, que fala ainda (com propriedade) da origem árabe da palavra “saudade”.
Editado por Vânia Debs, o filme faz uma viagem que se conecta com seu tema, intercalando falas com cenas poéticas de espetáculos de dança, peça de teatro, instalações de museu, bailes, o cotidiano citadino e a poderosa natureza.
Todas as cenas e falas de SAUDADE — gravadas no Brasil, Angola, Alemanha e Portugal — são inéditas. A direção de fotografia traz a sensibilidade de Pedro Sotero. A produção executiva é de Bárbara Cunha, da 99 Produções. Distribuição da Lira Filmes, de Juliana e Lee Swain. A trilha sonora é eclética e também sai do lugar comum: vai de Mayra Andrade a Otto, de Dalva de Oliveira a Marina Melo.
O documentário é o quinto filme de Paulo Caldas, depois de Baile Perfumado (1996), com Lírio Ferreira; Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas (2000), com Marcelo Luna; Deserto Feliz (2007); e País do Desejo (2011). “Vi o que me pareceu o melhor filme do Paulo, e confesso que ainda estou digerindo”, salientou o crítico Luiz Carlos Merten, do Estadão. Esse é o sentimento de SAUDADE. Um filme feito cuidadosamente para tocar as pessoas.
SAUDADE já passou pelos circuitos de cinema de São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. E agora chega a Fortaleza, no Cinema do Dragão. Eleito como o melhor documentário no Festival de Cinema de Língua Portuguesa — FESTIN 2018, em Portugal, o projeto SAUDADE ainda contempla uma série de TV com oito episódios, que será exibida em breve no canal Arte1.