Quando a liberdade parece mais uma prisão. Esse é o mote do potente CORPO DELITO, do diretor cearense Pedro Rocha, e que está em cartaz no Cinema do Dragão, em Fortaleza, e a partir desta quinta-feira (14) nos cinemas de Aracati (Cinema Aracati 2), Limoreiro do Norte (Cinema Francisco Lucena 2) e Quixadá (Cinema Bom Vizinho).
No longa, Ivan (Ivan Silva), de 30 anos, acaba de sair da cadeia depois de cumprir uma pena de oito anos. De volta ao convívio da esposa, Gleice (Gleiciane Gomes), e a filha, Glenda, ele ganha a chance de retomar a sua rotina aos poucos, já que está em regime de liberdade condicional e sendo vigiado através da tornozeleira eletrônica, que o proibe de ter uma vida noturna e de fazer trajetos não autorizados pela justiça.
À medida que o tempo passa, Ivan se incomada cada vez mais com a liberdade limitada e oscila constantemente entre o dever de ficar em casa e o desejo de ganhar as ruas. As lembranças da juventude aventureira ganham ainda mais força com a presença de Neto, um jovem de 18 anos que leva a mesma vida que de Ivan, antes do seu encarceiramento. Nas horas vagas, os dois curtem a semiliberdade de Ivan fumando maconha, ouvindo rap e assistindo a filmes de ação na TV. Ivan ainda é atraído pelas festas e pelas aventuras da cidade, mas depois de oito anos preso, ele também já sabe que violar a lei tem um preço alto.
– CORPO DELITO é um filme híbrido, que se vale tanto de recursos do documentário observacional quanto do roteiro de ficção.
O conflito e a tensão dramática do filme conduzem essa experiência aos moldes da ficção, enquanto a irregularidade de tal curva lembra ao espectador de que ele está diante de uma matéria estranha, frequentemente aquém do que se espera de uma ficção propriamente dita. A estética adotada tenta potencializar a experiência de encontro do espectador com o protagonista – um homem com um passado criminoso sobre quem todos formularão opiniões e julgamentos, ao mesmo tempo em que descobrirão que o desconhecem profundamente – explica o diretor.
Sobre o diretor:
Pedro Rocha nasceu em 1985, em Fortaleza, no Ceará. Depois de uma carreira de seis anos como jornalista cultural, passou a atuar na área da produção audiovisual. De 2012 a 2015, participou do coletivo de mídia livre Nigéria, com o qual produziu, dirigiu e montou curtas e longas-metragens sobre direitos humanos no Brasil.