Plano de Fuga (Get the Gringo, 2012) de Adrian Grunberg
Escrita, produzida e estrelada por Mel Gibson, Plano de Fuga (Get the Gringo, 2012) o faz reviver os seus melhores momentos no cinema. Mas não espere um produto americano de prateleira, uma fita de ação pasteurizada. E talvez por isso seja muito, mas muito bom. O resultado é um western policial. Pode? E porque não?
No deserto, próximo a fronteira entre EUA e México ocorre uma perseguição entre polícia e assaltantes, de jorrar sangue na tela e deixar todo mundo tenso com suas possíveis soluções. E essa abertura asfixiante denuncia o que veremos na próxima hora e meia de projeção. Se prepare para muita violência, tiroteios elaborados, palavrões e um tom politicamente incorreto, sem concessões.
Tudo reflexo de sua trama, suja, tensa e muito bem estruturada que coloca Gibson como um fugitivo da polícia sem nome e digitais, que ao atravessar a fronteira do México na marra é empurrado para uma bizarra penitenciária mexicana (El Pueblito). Lá encontra uma organização local e trama, além do tal plano de fuga, uma instigante cadeia de acontecimentos e vingança. E mais, com 4 milhões de dólares em jogo.
De fotografia quente e extremamente estourada, a película de estreia do diretor Adrian Grunberg, um pouco do cru e sujo de O Troco (1999), algo do western vingador de O Cavaleiro Solitário (1982), alguma ação de A Rocha (1996), mas com quase zero de heroísmo. Aqui não há um país para ser salvo ou a honra em questão. Sem mocinha bonitinha ou garotinho bobinho. Muito pelo contrário, o ótimo Kevin Hernandez constrói uma persona atormentada pelo destino que o reserva. A questão maior reside em sobreviver, é matar ou morrer. Assim como Plano de Fuga, é assistir ou perder. Bang!
NOTA: 8,0
INFORMAÇÕES ESPECIAIS:
O diretor Adrian Grunberg trabalhou como diretor de segunda unidade e primeiro assistente de diretor com nomes como: John Sayles (Homens Armados, 1997), Alex de la Iglesia (Perdita Durango, 1997), Alejandro González Iñárritu (Amores Brutos, 2000), Steven Soderbergh (Traffic, 2000), Andrew Davis (Efeito Colateral, 2002), Julie Taymor (Frida, 2002), Peter Weir (Mestre dos Mares, 2003), Tony Scott (Chamas da Vingança, 2004), Sam Mendes (Soldado Anônimo, 2005), Martin Campbell (A Lenda do Zorro, 2005 e O Fim da Escuridão, 2010), Jim Jamursch (Os Limites do Controle, 2009), Oliver Stone (Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme, 2010) e até do próprio Mel Gibson (Apocalypto, 2006); A trilha incidental é do brasileiro Antônio Pinto, o mesmo de Menino Maluquinho – O Filme e Menino Maluquinho 2 – A Aventura (1994; 1998), Central do Brasil (1998), O Primeiro Dia (1998), Abril Despedaçado (2001), Cidade de Deus (2002), Cidade dos Homens (2007), À Deriva (2009), Lula – O Filho do Brasil (2009) e VIPs (2010). No exterior trabalhou em O Senhor das Armas (2005), Um Astro em Minha Vida (2006), A Estranha Perfeita (2007), O Amor nos Tempos do Cólera (2007) e Senna (2010);
Crítica publicada originalmente no O Povo Online/Jornal O Povo, em 23/05/2012.